Sea, Blood and Wings

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Quando o crepúsculo cobria o céu o mar se agitava.

Suas ondas em uma tentativa falha de alcançar a lua cobiçada. Os astros morriam a cada instante, engolidos pela vastidão negra que assomava o céu noturno, porém, aquela enorme esfera prata cintilava.  Refletiu-se no mar, como se soubesse a beleza que tinha, fazendo com que as ondas enlouquecidas batessem na superfície. Agora o movimento do fluido era constante, tão agressivo e consternado que ele parecia estar com raiva.

Na espuma do mar, sangue quente jorrou da corrente. O puro líquido avermelhado se difundindo com a água cristalina, espalhando seu cheiro metálico pelo mar aberto.

O sal entrou pela ferida, porém, não era o sal da água.

Alguns vagalumes morriam dentre as árvores robustas que, rapidamente eram devorados pela estrondosa escuridão da noite. E como uma das maquiavélicas sombras que os galhos negros pintavam no chão, um veloz vulto gerou um redemoinho nas folhas pálidas. O vento soprou na margem do mar, e nas rochas sólidas um par de pés tocou a camada áspera. O luar desceu completamente e, no reflexo preciso, um par de asas aladas criou silhuetas no chão.

A lua brilhou no negro das asas.

Em uma lufada de ar que elas causaram, as águas tremeram, e o tom carmesim desapareceu na espuma branca.

Você veio. – Quando a água foi limpa, um verde opaco refletiu abaixo, e como areia, cabelos loiros foram soprados.

Você chamou. – A voz era rouca, mas aveludada, e confortava o mar tempestuoso. Seu reflexo brilhava como a lua, cabelo preto e olhos índigo fundidos ao azul de um céu limpo.

Pensei que os anjos eram ocupados. – A voz áspera zombou, mas havia uma profunda dor em seus lábios.

De fato. – O anjo veio em sua direção, sentando-se ao lado dele, fechando suas grandes asas. – Mas, você não está bem.

Eu estou bem. – O rapaz de olhos verdes ainda não estava olhando para os olhos absurdamente elétricos do anjo, mas podia sentir o olhar angelical dele caindo sobre ele.

Eu posso lhe sentir, Dean. Não há porque mentir. – As asas farfalharam com uma rajada de ar. O humano abaixou a cabeça. – O que aconteceu com você?

A mão calorosa de Castiel tocou o abdômen ensanguentado de Dean, liberando um breve suspiro de dor ao toque. Os olhos da entidade pairaram abaixo do rosto virado, uma profunda tristeza no meio de suas sobrancelhas.

Aconteceu de novo, certo? – Inconscientemente acariciou a ferida aberta no tórax alheio, fazendo-o fechar os olhos, retomando o ar.

Por que eu sou tão fraco? – Um ruído saiu de sua garganta. Consternação e cólera derramaram de suas palavras amargas. Ainda não olhava para Castiel, não conseguia olhar para Cas.

A expressão do anjo tornou-se dura, mas melancólica. Olhou a imensidão do mar, sentiu o movimento das ondas.

Você não é fraco, Dean.

— Não minta, anjo. – Fungou. – Eu... Eu não consegui cuidar dele, ele me deixou.

Cas o olhou novamente.

Sammy foi embora, Sammy me deixou.– Ele falou rapidamente para que as lágrimas não se confundissem com as palavras, e ele não queria chorar.

Não é sua culpa, Dean. Você cuidou do seu irmão da maneira mais pura e amorosa que já vi. Ele nunca te deixou, ele ainda te ama.

O loiro riu dolorosamente, tocando a abertura de seu estômago com desdém. – Papai está louco.

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