Conhecendo a verdade

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Minha mente trabalhava fortemente em tudo que a Marina havia despejado em cima de mim. Era como se eu não estivesse mais ali, sabe? Eu fui parar em outro lugar com suas palavras. E acredite, foi muita informação para uma Camila só. Por mais que eu tentasse assimilar outra filha aos meus pais sem ser Sofi, eu não conseguia. Ainda mais com um começo e fim tão trágico desse jeito. Minha cara deveria ser de total paisagem, sua voz ainda soava aos meus ouvidos, repetindo vagarosamente que eu tinha uma suposta irmã morta.

- Camila?! Você tá me ouvindo? - Pisquei rapidamente e encarei Marina à minha frente, com uma expressão eu diria, preocupada.

- Eu só.. Eu posso ver? - Coloquei o copo sobre a mesinha de centro e peguei o papel que foi oferecido à mim.

E realmente era verdade. Era uma certidão de óbito de uma criança chamada Karla Cabello Estrabao, que morreu no dia 3 de março de 1997, na mesma sala que eu havia nascido, com o mesmo médico, com os mesmos pais. Eu só não entendia. Quanto mais eu buscava entender, mais complicava. Talvez no final das contas a única pessoa que poderia me esclarecer toda essa história seria minha mãe.

- Como você conseguiu? - Sussurrei, temendo que o choro entalado em minha garganta viesse à tona.

- Não importa. Isso só está servindo pra complicar mais ainda a porra da história. -Larguei o papel em meu colo e segurei meus cabelos para o alto. - Não podemos fazer um teste de DNA?

- Claro que não, somos menores de idade. - Soltei o ar em meus pulmões e relaxei o corpo no encosto do sofá fofo. - A única pessoa que pode nos esclarecer a história é minha mãe.. ou nossa mãe.

- Tecnicamente eu estou morta? - Senti o sofá afundar ao meu lado.

- Tecnicamente sim. - Tampei meu rosto com minhas mãos e soltei um grito um pouco abafado. - Que droga!

- Você acha que.. Que.. Ela pode ter me abandonado e ter ficado só com você? - Me virei de uma vez para Marina e neguei com a cabeça.

- Não! Claro que não. Minha mãe ou nossa mãe jamais seria capaz de fazer isso. - Nossas vozes morreram naquele momento, e minha mente voltou a trabalhar em coisas que poderiam ter acontecido naquele dia 3. Será que minha mãe realmente seria capaz de dar uma filha à alguém e depois.. Nossa, não. - Mari, você já procurou saber sobre essa tal de Rute?

- Não.. Minha mãe me fez prometer que não procuraria saber. - A encarei de canto e a vi com o olhar baixo, encarando o papel em seu colo.

- Acho que é uma ótima hora de procurarmos saber sobre essa mulher e o que aconteceu no dia do nosso nascimento. - Coloquei minha mão em sua coxa e Marina me encarou com curiosidade.

- Você usou essa frase no plural..

- Sim, eu vou te ajudar. Eu ainda tenho 6 dias aqui, é bom aproveitarmos. - Me levantei e lhe estendi a mão. - Vamos.

- Pra onde? - Arqueei as sobrancelhas e ela estava certa, pra onde iriamos?

- Bom.. Primeiro, acho que devemos recolher informações sobre essa mulher. - Eu permanecia encarando a garota sentada no sofá, seu sorriso se abriu e ela caiu na gargalhada. - Do que está rindo?

- Eu posso conseguir tudo sentada no sofá da minha casa. Não tem necessidade de sair por aí sem rumo.- Fechei meus punhos e voltei a me sentar.

- Ok, tudo bem, Sra. Sabe tudo. Vamos logo.

Durante as duas primeiras horas foi extremamente difícil achar algo sobre essa mulher que registrou Marina como sua filha, eu perdi as contas de quantos nomes ela usou para conseguir informações. Aquela cena estava me lembrando Dean e Sam Winchester, o modo que eles inventavam profissões e nomes para obter informações, Marina fazia exatamente igual. Ela seguia no celular e eu no computador.

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