Após almoçarmos todos juntos à mesa, meu pai foi trabalhar. Durante todo o almoço eu senti o olhar de minha mãe pesar sobre mim, eu sabia que coisa não viria. Nós não trocamos uma palavra sequer, então, eu não fazia a mínima idéia se ela estava brava ou algo do tipo. Marina percebeu o clima um pouco pesado e chamou Sofia para arrumar suas coisas, assim logo poderíamos ir pra casa da Lauren.
E assim ficamos sozinhas na cozinha, eu estava retirando a mesa e colocando os pratos na pia, enquanto ela lavava. Eu estava ansiosa para a conversa que uma hora ou outra iria acontecer. Suspirei levemente e quando abri a boca para protestar o motivo de seus olhares, seu corpo virou e ela apoiou apenas uma mão na pia.
- Por que não me contou? - Encarei o chão e ergui meu olhar novamente.
- Por que não me contou? - Retruquei com o olhar sério. - Por que não me disse aquele dia no seu quarto? Se você tivesse me contado a verdade, eu iria te contar.
- As coisas não são simples assim, Camila. - Virou-se novamente e voltou a lavar a louça.
- Eu te digo a mesma coisa. Você acha que foi fácil pra mim? Eu passei 17 anos da minha vida acreditando em uma única coisa, eu passei 17 anos feliz, passei 17 anos reclamando de boca cheia e em 10 dias.. - Fechei os olhos e respirei fundo, tornando a abrir os olhos. - Apenas 10 dias, a minha vida virou de cabeça pra baixo.
- E eu passei 17 anos da minha vida remoendo a dor de ter perdido uma filha! Será que você não entende? - Arqueei minhas sobrancelhas e neguei com a cabeça, forçando um riso. - Você não tinha direito de me forçar a te contar uma coisa que eu iria levar pro meu túmulo.
- Eu tinha o direito de saber! - Exclamei e me arrependi de ter falado tão alto. - Eu descobri.. Nós duas descobrimos da pior forma possível. Você acha que isso foi justo comigo?
- E você acha que foi comigo? O modo que você me aparece com a minha filha que eu sempre achei que havia morrido, acha que foi justo? - Cruzei os braços e me encostei na pia, ficando lado a lado com minha mãe. - Eu não estou reclamando. Meu Deus, eu te agradeço por ter a encontrado. Mas você deveria ter me contado assim que voltou de viagem.
- E você deveria ter me contado que eu iria ter uma irmã.
- Que diferença isso iria fazer na sua vida, Camila? - Sua voz aumentou, eu estava nitidamente irritada com aquela conversa. - Você a traria de volta? Trocaria de lugar com ela? - Virei meu rosto lentamente, não acreditando no que eu tinha acabado de escutar. - Me desc..
- Não, eu não a traria de volta, e talvez diferente de como você espera, eu não conseguiria trocar de lugar mas eu TINHA DIREITO DE SABER! Eu poderi.. - Engoli o choro que estava por vir e me afastei. - Eu poderia deitar minha cabeça no travesseiro todas as noites e agradecer à Deus por estar viva, e pedir para que ele cuidasse da minha irmã.
- Camila.. Me desculpe, eu não quis dizer aquilo. - Continuei caminhando para trás e pressionei meus lábios. Eu não estava a reconhecendo mais.
- Mas disse. - Respirei o mais fundo que pude e neguei com a cabeça. - Eu não volto pra casa hoje.
Dei as costas e caminhei o mais rápido que pude em direção ao meu quarto. Eu não iria chorar, eu não iria. Entrei em meu quarto e bati a porta, soltei o ar de meus pulmões, engoli o choro mais uma vez.
Eu ainda não estava acreditando no que eu tinha acabado de escutar, eu não conseguia aceitar. Eu sabia que toda essa situação havia sido desgastante, tanto pra mim quanto pra ela, mas.. Eu não conseguia. Eu não sabia o que pensar naquele momento, muito menos o que fazer. Eu só precisava sair de casa, pelo menos hoje.
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Crossed Destinies
FanfictionCamila está chegando no auge da fama com seus 17 anos, juntamente com suas 4 amigas, Allyson, Normani, Dinah e Lauren. Uma garota como qualquer outra, com seus relacionamentos turbulentos como todos os adolescentes. Um de seus relacionamentos turbul...