Capitulo 4

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Algo estava acontecendo ao paciente.

Durante a última semana, Yerim tinha começado a notar uma consciência tímida nesses olhos vermelhos que não estavam lá antes, a brancura no olhar dele aparecia mais a cada dia.

E ela saberia. Ela não tinha feito mais do que estudá-lo desde seu estranho retorno, raramente se acomodando em seu próprio quarto, seu estúdio secreto, escondido escada abaixo. Até mesmo agora com Jungkook deitado na cama mais uma vez, dormindo, ela flutuava sobre o fim do colchão dele, enquanto continuando a vigília.

Quando ele tinha voltado, naquela primeira manhã esteve enfurecido, batendo a cabeça dele contra a parede como se quisesse apagar tudo o que estava dentro de sua mente. Gesso tinha nevado abaixo dele e grudado no seu rosto sangrento. Por sua vez, os irmãos tiveram que acorrentá-lo de novo, prendendo-o na cama. Dessa vez Jungkook tinha sido irrefreável, rogado e murmurando palavras estrangeiras na sua voz baixa e grossa.

Para ser justa, ela também deveria estar confusa. Num momento ela o estava assistindo correr, no próximo ela simplesmente tinha ouvido o rugido profano dele do andar superior.

Já não era Yeri a única aprisionada aqui. Aparentemente, bruxas de verdade tinham colocado um feitiço de limite em Elancourt. Contanto que Jungkook usasse essas correntes, ele não poderia cruzar a linha da propriedade. As correntes também faziam impossível para ele se teleportar ou riscar, como eles chamam.

Yeri não podia apontar o dedo exatamente para quando ela tinha sentido uma primeira mudança nele. Sempre que seus irmãos falavam com ele, Jungkook tinha murmurado coisas incoerentes e agora ela tinha começado a adquirir o sentimento de que ele era... coerente. Pelo menos com intermitência.

Às vezes parecia que ele estivesse tentando filtrar um milhão de pensamentos para falar um único, e isso era por que ele, dificilmente, falava normalmente. Em ocasiões, até mesmo o sotaque dele mudava....

Ele começou a se retorcer então, sua cabeça balançava, sem dúvida estava tendo um pesadelo horroroso. Jungkook, habitualmente, sofria com isso. Com as presas dele aparecendo afiadas em intervalos, se contorcendo, os músculos repuxando as correntes em sua pele. Ela fechou o rosto. Ela não gostava de ver aquilo.

Embora tudo sobre ele devesse repeli-la, ela se encontrou se esforçando para estar impassível. Ele tinha destruído parte da casa dela. Ele era um assassino. Ele continuou tendo flashes de agressão violenta. E ele era imundo. A face dele ainda estava coberta com lama, sangue e farelo de gesso, os cabelos dele enroscavam em grossos nós.

Marcas de queimadura radiavam em cima da pele dele e escureciam suas velhas roupas. Quando Namjoon tinha tentado limpar sua face carbonizada, Jungkook tinha fechado seus dentes muito rápido, Namjoon quase perdeu seus dedos. Yeri deveria odiar Jungkook. Assim por que ela se achava tão atraída por este macho grande, com seus terríveis sonhos?

Porque, como ela, ele soube o horror de ser assassinado? Ele poderia estar revivendo isto até hoje.

Seria Jungkook uma alma perdida a ser compadecida? Ou um homem merecedor de salvamento? Yeri nunca tinha sido muito interessada por homens que precisavam de socorro. Havia mulheres o bastante para eles

Naquele momento, ele acordou, os olhos ainda em branco. Arqueando o corpo, ele abriu a boca e afundou suas presas em seu próprio braço. Com as sobrancelhas franzidas, ele chupou lentamente como se fosse para se acalmar.

E o coração dela derreteu.

─ Merde. ─ ela sussurrou.

Quando ele deu um rosnado curto, irado contra o seu braço, ela relaxou ao lado dele na cama.

DARK NEEDS AT NIGHTS EDGEOnde histórias criam vida. Descubra agora