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KARA

Mudar de escola em meu último ano letivo estava longe de ser algo que eu desejei, para ser muito honesta, não dei um show porque sabia que era importante para carreira da minha mãe, mas isso não diminuia minha frustração. Eu estava tentando ser altruísta, bancar a boa filha e não reclamar, pelo menos não muito, já que eu era bem voltada a nunca ficar calada quando me sentia injustiçada. Começar naquela escola nova ia ser para mim um sacrifício. Nunca fiz o tipo sociável, e os amigos que tinha demorei para conseguir, ou seja, terminaria minha formação totalmente por minha conta, muito agradável.

O que eu não esperava era encontrar, logo no primeiro dia, alguém que me chamasse a atenção, mas encontrei, e ela era linda. Eu estava parada em frente ao quadro de avisos no corredor, esperava a hora de ir para a aula quando ela veio caminhando ao lado de um garoto alto, ela parecia bem distraída sem prestar atenção ao que o menino falava. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo frouxo, fios escapavam e caiam sobre seus olhos, que estavam cobertos por um óculos de grau no estilo Harry Potter, e quando ela ajeitou o óculos, seus olhos caíram sobre mim.

Senti um frio na barriga inexplicável, tive uma vontade insana de dar um jeito de ficar sozinha com ela. Não me levem a mal, mas eu não sou o tipo que demora muito para conseguir o que quero, ou nesse caso, quem quero. Seus olhos eram grandes e chamativos, uma covinha no queixo dava um ar de menina travessa, e a forma como ela me olhou me dizia que isso era exatamente o que era. Travessa. Seguia com o olhar até que desapareceu da minha vista, o cheiro de seu perfume ficou para trás e mais uma vez senti a necessidade de tê-la.

A minha satisfação foi imensa ao descobrir que estava na mesma turma que ela, resolvi observar para saber se a garota tinha alguma coisa com o rapaz que vivia andando atrás dela, mas aparentemente eram somente amigos, ótimo para mim. Nos dias que se passaram não deixei de notar que ela não tirava os olhos de mim, várias vezes fiz questão de ficar bem em seu campo de visão, para que ela pudesse olhar, e até retribui com sorrisos e piscadelas que a faziam corar até o último fio de cabelo. Além de linda, era tímida.

O que eu não esperava, era que uma outra garota fosse se interessar por mim, pelo menos não aquela garota em questão. Ela se aproximou, acariciou meu braço e ficou fazendo charme com o cabelo, fui pega completamente de surpresa, não gostava muito de ser abordada por meninas dessa forma, preferia ser eu a pessoa a tomar a atitude, mas ao que parece, para Renata era para eu ser uma espécie de nova aquisição, mas eu não estava interessada. Durante uma aula de física, ela saiu de seu lugar para sentar-se ao meu lado, seu perfume extremamente doce fazia minha rinite atacar, e aquela mania de ficar me tocando era absolutamente invasiva.

Olhei em direção a Ana, que já encarava Renata como se pudesse perfurá-la com os olhos, devo confessar que adorei saber que ela estava com ciúmes. Renata ignorava com maestria a voz irritante da professora, e por mais que eu tentasse focar na aula, a garota não desistia de tentar puxar assunto. Juro que estava prestes a mandá-la calar a porra da boca, mas não foi necessário. A professora anunciava um trabalho em trios, aos quais ela escolheria. Não me preocupei muito, só torci para que eu tivesse a sorte de cair com qualquer pessoa que não fosse Renata, mas como a vida não é um morango, acabei no mesmo grupo que ela, que batia palmas parecendo muito ridícula, a única parte boa era que Ana sofreria comigo. Voltei meus olhos para menina que eu queria, e abri um sorriso. Aquela era a minha chance.

- O que acha de nos reunirmos na sua casa? - Renata tornou a jogar o cabelo, fazendo com que seu perfume parecesse voar na minha cara, torci o nariz sentindo meu sorriso morrer.

- Temos de incluir Ana nessa decisão. - Foi a primeira vez que respondi a ela, que deu de ombros indiferente.

- Ana pode fazer o trabalho por si, - a mão inconveniente de Renata veio novamente em direção ao meu braço, e dessa vez impedi o contato. Respirei fundo.

- Se o trabalho é em trio, assim nós o faremos. - Ana estava de pé atrás da cadeira onde Renata estava sentada. Sua expressão era extremamente séria e eu não me senti nenhum pouco mal em achar aquilo muito sexy.

- Claro. - O sorriso que Renata abriu em resposta a Ana foi tão falso que me deu náusea, que garota desagradável. - Vamos, Ka?

Renata se levantou e estendeu a mão para mim. Intercalei meu olhar entre sua mão e seu rosto algumas vezes até entender que ela realmente esperava que eu acompanhasse como alguma espécie de cachorrinho. Levantei uma sobrancelha e cruzei os braços, quem aquela garota pensava que era?  A sala se esvaziava lentamente, e Renata manteve a mão estendida para mim por quase um minuto, e quando percebeu que eu não daria a patinha, seu rosto se fechou. O que era aquilo? Uma versão do interior de São Paulo das Patricinhas de Beverly Hills?

- Vamos esclarecer algumas coisas, Re. - Usei de todo deboche que tinha ao usar o apelido, levantando um dedo. - Primeiramente eu não gosto que me toquem sem minha permissão. Segundo, - levantei mais um dedo, - meu nome é Kara, e eu não aceito apelidos de quem eu não conheço. último, mas não menos importante; - levantei o terceiro dedo, - não vou ficar babando ovo para você só porque meia dúzia de idiotas concordam em te deixar agir como se fosse dona de alguma coisa aqui, então da área. - Abanei a mão em direção a porta, como se a enxotasse. A garota saiu batendo o pé, vermelha de raiva e só desviei o olhar dela quando Ana soltou uma risada ao meu lado.

- Eu não esperava por isso. - O riso em sua voz era de incredulidade. Deixei meus olhos pairarem sobre ela até vê-la corar, o que não demorou muito, sorri satisfeita.

- Pensou que eu cairia nos Encantos daquele projeto de megera? - Recolhi minha mochila e me aproximei de Ana que brincava nervosamente com a alça de sua bolsa. Me aproximei fazendo com que ela olhasse em meus olhos, ouvir quando prendeu a respiração e gostei disso. - Só me aproximo de pessoas que eu acho que podem agregar a minha vida, Ana.

Agora só restavam nós duas na sala, tínhamos cerca de 10 minutos para a próxima aula, e eu não tinha a menor intenção de sair dali sem antes testar todos os limites da menina a minha frente. Estendi a mão até seu cabelo, de longe não parecia, mas ele era cheio de dreads, combinava muito com seu rosto. Peguei uma mecha e coloquei atrás de sua orelha, Ana ainda estava corada, e eu quis muito mesmo tocar suas bochechas, mas não o fiz. Ao invés disso, . dei mais um passo em sua direção, chegando tão perto que apenas alguns centímetros separavam nossos corpos.

- Eu tenho permissão? - Ana perguntou com a voz baixa, seus olhos vidrados nos meus. Eu sorri de canto e como se não pudesse evitar, abaixou o olhar para minha boca. Com vontade de provocar, passei a língua sobre meus lábios, ela engoliu a seco e sua respiração engatou.

- Quer me tocar, Ana? - Levei meus dedos ao queixo dela, obrigando-a a voltar os olhos aos meus. - Ou prefere que eu te toque?

- Quero os dois. - Perdendo a paciência, Ana tentou me puxar em sua direção, mas eu desviei negando com a cabeça. A garota me encarou confusa e frustrada. Tornei a sorrir.

- Ainda não disse que podia, Aninha. - Soltei Seu queixo e dei um passo para trás, apanhando minha mochila. - Seja uma boa menina e tenha paciência. - Passei ao lado dela, que continuou parada ainda digerindo o que tinha acabado de acontecer. Silenciosamente me pus atrás dela, dessa vez apoiando minhas mãos em seu quadril, trazendo-a contra mim. Ouvi seu ofego surpreso, e meu corpo reagiu ao ter sua bunda colada a minha virilha, ela não era a única afetada. Subi a mão para afastar seus cabelos do pescoço e toquei aquela área com os lábios.

Ana fechou as mãos em punho, claramente huma tentativa de fazer o que eu pedi, mas tombou a cabeça para o lado me dando total liberdade para continuar tocando-a. O cheiro de sua pele me inebriava, minha vontade era de marcá-la, mordendo, lambendo e chupando, mas me ative a destribuir beijos molhados por todo pescoço dela. Minhas mãos prendiam-na mais apertado contra mim e a forma como ela sutilmente rebolava contra minha virilha estava me deixando no limite do controle. Tão gostoso, mas o local era muito inapropriado.

Suspirando por ter de me afastar, dei um último beijo e a soltei. Ana se virou em minha direção e seus olhos pegavam fogo. Se eu já não estivesse molhada, teria ficado naquela hora. A garota tímida tinha se escondido em algum outro lugar, e eu adorei aquilo. Ana deu um passo para perto, e aproximou o rosto perigosamente do meu. Olhou nos meus olhos, depois para minha boca, só para subir novamente o olhar. Maldita gostosa. Engoli a Seco e dessa vez foi ela quem sorriu.

- Não demore muito, Kara, prefiro não ter de me divertir sozinha.

-

Não ToqueOnde histórias criam vida. Descubra agora