06_ Fumar maconha?

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Six Blake

— Você não consegue calar a sua boca? — Soltei nervosa com os braços cruzados.

A professora nos deixou sozinhas na sala, sentadas em uma mesa dupla.

Dava pra rolar um filme pornô direto.

— Se você tá tão incomodada com a minha boca, você deveria vir me calar. — Se virou para me encarar e eu cerrei a mandíbula.

Comecei a balançar a minha perna nervosamente e a Ocean me encarou com ódio.

— Foi assim que isso começou, você quer realmente fazer tudo de novo? — Questionou.

Essa garota é um demônio.

— E você não podia apenas ter me pedido pra parar naquele momento? Eu teria parado! Você não precisava ter me chutado com esse seu pé sujo. — Reclamei.

Eu não teria parado, na verdade, eu teria feito ainda mais.

Tudo pra irritar esse capeta.

— Ok, os meus métodos não foram os melhores, mas nem todo mundo consegue ser controlada e calma como você em todas as situações. Maconheira da porra. — Sussurrou a última parte com desgosto.

— Você deveria tentar. — Falei indiferente.

— Fumar maconha? — Me encarou desacreditada.

— Se acalmar. — Corrigi.

— Você poderia me ajudar com isso. — Mordeu o lábio inferior pra prender um sorriso.

— Vai pra casa do caralho, sua enviada do cão, poluída pra um cacete. — Me virei pra ela, o meu corpo todo fervendo na beira da irritação.

— Rostinho bonito. — Sussurrou, fingindo carinho. — Você tá vermelha.

— De raiva, boquinha suja e linda.

— Você não fica com raiva. — Lembrou. — Você é tipo aqueles maconheiros que engolem maconh-

— Eu espero que você engasgue com maconha.

— Para. — Mandou, o seu rosto se fechando, e eu franzi as sobrancelhas.

— O quê? — Indaguei.

— Para. — E então a sua mão agarrou a minha perna, apertando e pressionando contra a cadeira de madeira, impedindo que a mesma continuasse balançando.

Eu conseguia sentir as suas unhas cravarem na pele da minha coxa, mas o meu olhar estava fixo no dela, ignorando o quão quente a mão dela parecia e quão suave era.

O seu olhar era firme, demonstrando que aquilo não era nada além de uma ordem. Eu semicerrei os meus olhos cinza enquanto travava a mandíbula.

— Tira as suas patas da minha perna. — Mandei, em seguida sentindo a sua mão se afastar.

— Não reclama se eu chegar na voadora da próxima vez que você balançar essa perna. — Anunciou dando de ombros.

Eu vou balançar ela no meio da sua-

Antes que eu pudesse pegar a Ocean, e jogar ela da janela, a porta da sala foi aberta, nos dando a visão da professora de Biologia com um café fumegante na mão e um sorriso no rosto. Assim que ela notou a nossa presença na sala, e em como parecíamos prontas pra arrancar a roupa uma da outra e fazer churrasquinho, os seus olhos se arregalaram.

— Eu esqueci de vocês. — Contou e os meus olhos se arregalaram com as sobrancelhas franzidas.

Quer dizer que essa velha nos deixou aqui por 30 minutos porque se esqueceu da gente e não porque era um castigo?

Era só alguém quebrar essa caneca de café bem nos dentes dela...

— Bom, mas eu estou muito feliz que vocês esperaram por mim. — Sorriu sem graça. — Eu apenas queria falar o quanto essa situação já está fora de controle.

— Que situação? — A Ocean perguntou.

— Vocês. Se odiando igual Trump e Bolsonaro. — Explicou.

Eu desviei o olhar.

Não era a primeira vez e estava longe de ser a última, que um professor tentava nos persuadir a virar os personagens de Meu Pequeno Pônei e esquecer todos os anos de ódio. Os professores se achavam bruxos de Harry Potter, mas nem o narigudo do Voldemort conseguiria apagar todo o meu passado com Ocean ou como ela sempre me fez sentir miserável.

Eu conseguia lembrar de cada pensamento meu quando eu tinha 7 anos de idade:

"Eu finalmente fui adotada, mas conheci a Ocean."

"A minha nova família é incrível, mas tem amizade com o pai da Ocean."

"Eu vou para a escola, mas vou ver a Ocean lá."

"Aquele carinha Gavin parece muito legal, mas ele é amigo da Ocean."

"Eu respiro oxigênio, mas a Ocean também"

"Eu tenho buceta, mas a Ocean também tem."

— Eu estou fazendo tudo no meu poder pra tentar ajudar vocês, e deixar essa intriga toda de lado. Eu até falei com o professor de História e obriguei ele a colocar vocês duas como dupla, assim vocês passariam mais tempo juntas e passariam a se amar, como duas mulheres lindas e amigas. — Confessou animada e eu travei diante da revelação.

Ah, mas eu vou quebrar essa caneca nos dentes dela e fazer ela engolir.

Eu podia sentir a Ocean quase explodir do meu lado, então decidi falar, antes que ela me tirasse o prazer de fazer a professora engolir a caneca.

— Nós realmente agradecemos, professora, mas eu acho melhor nós resolvermos o nosso problema sozinhas. — Sorri educada.

— Ah, Six, você é sempre um amor e tão compreensível. — A professora sorriu com carinho, bebendo um pouco do café. — Vocês podem ir, então?

continua...

Dupla IndesejadaOnde histórias criam vida. Descubra agora