25_ Eu não sou um monstro, Six.

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Six Blake

Ao sair, dei de cara com a Ocean sentada na pia.

Tentando ignorar a Ocean, eu deixei a minha bebida de lado e lavei as mãos. A Ocean não deixava de encarar a bebida com uma expressão confusa e preocupada.

— Você vai beber isso? — Questionou levantando os seus olhos cor de oceano para mim.

— Por que isso te interessaria? — Peguei a bebida e caminhei para perto da porta.

— Quem te entregou a bebida? — Voltou a perguntar.

— O Gavin. — Menti com um sorriso falso e a Ocean contorceu o rosto.

— Você não deveria beber isso, Six. — Aconselhou.

Talvez fosse porque ela me chamou pelo meu primeiro nome ou porque eu sentia a necessidade constante de provocar a Ocean, eu levei a bebida até os meus lábios até chegar na porta.

Eu empurrei a porta, mas ela não se mexeu.

Tentei empurrar mais uma vez, mas o resultado foi o mesmo.

— Você trancou a porta. — Me virei para a Ocean, acusando a mesma, mas ela, apenas abriu um sorriso gigante, descendo da pia e caminhando em minha direção.

Como um predador e... oh, aquele olhar era familiar, por isso eu fiquei tão nervosa de repente.

flashback

— Oi, pequena. — O senhor que vivia do lado da casa de meu pai se aproximou com um sorriso cauteloso. Ele tinha uma mistura de cabelos grisalhos e pretos curtos, com pequenos sinais de calvície, apesar dos seus 50 anos. Ele era simpático.

Ele sempre me observava pela janela da casa dele depois que o meu pai saia para beber, e antes que o meu pai voltasse, pronto pra despejar tudo que ele bebeu e usou com o dinheiro do que seria o nosso jantar de hoje, amanhã ou até mesmo da próxima semana, o vizinho sempre estava lá, me observando, com preocupação.

— O que você tá fazendo na rua? — Ele perguntou se abaixando para ficar da minha altura. O seu joelho estalou pelo esforço e este abriu um sorriso gigante, revelando os seus dentes amarelados, com um deles faltando na frente e o outro rachado.

Eu fugi. Eu precisava fugir, assim como a minha mãe fez.

Porque de algum jeito, ficar na rua era melhor que ficar naquela casa.

— Você não quer entrar? Tá fazendo bastante frio nesses últimos dias, e você parece que não come e não toma banho faz alguns dias. — Tentou me convencer, estendendo a sua mão machucada pra mim. — Se você entrar eu posso até mesmo te dar doces. Prometo não contar para o seu pai, se você também não contar. — Piscou.

O meu coração acelerou e eu não entendi o porquê, mas eu tive vontade de fugir quando a sua mão alcançou o meu rosto.

Eu bati na mão dele que tentou tocar a minha boca e ele fechou o sorriso segurando o meu braço.

— Não é bonito você recusar ajuda, principalmente de alguém que só quer te fazer bem. — Semicerrou os olhos e lá estava, o olhar do predador que me fez estremecer e levantar, pronta pra sair dali.

Dupla IndesejadaOnde histórias criam vida. Descubra agora