Six Blake
— Dá pra notar que a minha namorada me largou? — O Gavin perguntou pensativo e eu me forcei a sorrir.
Ele passou o braço pelo meu ombro saindo da mansão e eu olhei em volta, pela última vez tentando achar a Eva.
O Gavin prometeu voltar e procurar por ela, assim que ele me deixasse em casa.
— A parada é o seguinte, quem chegar até os 25 sem filho, ganha. — Apostou e eu olhei pra ele zombando. — Ok, talvez eu case com você quando a gente tiver 69, só faltam 51 anos. — Sorriu.
— Talvez. — Sussurrei.
[...]
Entrei em casa e tentei fazer o máximo de silêncio possível, quando eu cheguei na escada, notei a Olive adormecida no sofá.
Ela estava esperando por mim.
Um pequeno sorriso apareceu nos meus lábios enquanto eu subia a escada. Chegando no meu quarto, eu tomei banho e troquei de roupa, decidindo ajeitar as coisas para o início da semana.
Eu tinha que entregar o trabalho de história em dupla com a Ocean amanhã, bem como eu também tinha que entregar o projeto de artes.
Peguei o frasco de comprimidos, vendo que sobravam apenas 5 naquele frasco e tomei 2 de uma vez só.
Assim que eu sentei na cadeira e abri o computador, uma vontade de vomitar me preencheu. Eu levantei da cadeira e corri até o banheiro, me ajoelhando diante do vaso pra de vomitar.
O gosto azedo preencheu a minha boca e antes que eu conseguisse evitar, o líquido já saia de mim com rapidez.
Vi os comprimidos no vômito e o pânico me preencheu, mas eu não consegui pensar por muito tempo, antes do segundo e o terceiro e o quarto vômito aparecerem.
Eu lembro que uma vez a Olive me perguntou sobre o meu pai biológico. Eu não falava sobre ele para ninguém. Mas era a Olive, então, eu contei para ela, que uma das únicas lembranças que eu tinha dele era sobre a quantidade de vezes que ele chegava em casa e ia direto para o banheiro vomitar. Eu lembro de ter seguido ele uma vez, e eu assisti o homem que me trouxe para esse mundo vomitar vezes seguidas no vaso.
Eu lembro de como ele não parecia tão assustador daquela forma e eu decidi que aquela seria a única coisa que eu gostaria de me lembrar dele:
Que ele não era assustador, ele era destruído.
— Six? — Ouvi a voz da minha irmã na porta e levantei a cabeça enquanto duas lágrimas rolavam pelas minhas bochechas.
Eu limpei as lágrimas rapidamente, me apoiando em qualquer coisa que eu encontrasse na frente para levantar.
— Eu to bem.
Eu me sinto tão fraca, como se o meu corpo estivesse desistindo dele mesmo e eu não pudesse fazer nada pra persuadir ele a continuar.
Porque nem eu mesmo quero continuar.
Dói tanto continuar...
Mas assim que eu estava de pé, voltei a cair de joelhos no chão.
A minha garganta ardia e eu tinha vontade de abraçar a minha mãe e chorar, mas se ela me visse desse jeito, ela saberia.
Ela descobriria que alguma coisa tá errada.
— Você não parece bem. — A Olive veio até mim, tentando me puxar pra cima.
Eu empurrei a mão dela e a Olive me encarou confusa e juntando os lábios.
— Eu disse que estou bem, você pode ir dormir. — Assenti, me levantando mais uma vez. Dessa vez eu permaneci de pé e encarei os olhos verdes da minha irmã. — Vai.
A Olive assentiu e começou a andar em direção da porta. Eu me virei para o espelho e foquei nos meus olhos avermelhados, segurando firme na pia.
Parecia doloroso ficar de olhos abertos e quando o barulho da porta fechando ecoou, eu percebi que eu estava de olhos fechados.
Abri os olhos e inspirei abrindo a gaveta que eu guardava os frascos dos comprimidos, peguei o que restava apenas 3 e tomei tudo enquanto me olhava no espelho.
O meu cabelo estava mais desarrumado que o habitual, as pontas molhadas do que eu esperava ser a água do banho e não do vômito. Os meus olhos avermelhados voltaram a lacrimejar, mas eu limpei rapidamente a lágrima que tentou escapar. O meu nariz dilatava com a minha respiração e os meus lábios estavam tão sem cor.
Segundos depois, eu voltei a vomitar, e os comprimidos foram junto.
Em desespero, abri um outro frasco e peguei 4, mas antes que eu conseguisse engolir eles, ouvi um barulho no banheiro me fazendo virar assustada.
Olive.
A minha irmã me encarava com os olhos arregalados.
Ela parecia aterrorizada. De mim.
— Você parece com o seu pai. — Ela murmurou e eu quebrei em pedacinhos tão pequenos e o meu coração inchou tanto que me rasgou de dentro pra fora.
O ar ficou preso na minha garganta, e mesmo quando eu abri a boca, nada saiu.
Os meus olhos se encheram de lágrimas e antes que eu conseguisse controlar, elas já caíam.
— Por que você diria isso pra mim...? — A minha voz falhou.
Talvez tudo que o meu pai tocasse, se tornava tão destruído, quebrado e miserável como ele.
continua...
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fazendo o favor, ainda piora
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Dupla Indesejada
Novela JuvenilSix Blake, é a filha que todo pai quer, mas ela não tem pai nem mãe. Depois de seus primeiros 7 anos de vida sendo negligenciada pelo pai biológico, logo depois da mãe a ter abandonado, Six é adotada por um casal adorável. Então, decide que a sua ún...