#001 - O soar do machado

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- Tomp, Tomp, Tomp. (Som de um machado batendo na madeira.)

Uma mão pequena segura um machado, ao ar livre, o som das batidas na madeira ecoa pelo vazio do bosque próximo ao orfanato.

Essa mão, logo em seguida, limpa uma testa pequena e suada.

Ao longe, se vê uma criança em frente a um amontoado de lenha cortada, a criança, então, coloca a lenha no seu carrinho de mão e o machado por cima. Em seguida, pega o carrinho e vai em direção ao orfanato onde vive, chegando próximo ao casarão ele avista crianças brincando e roupas no varal.

Uma criança então grita:

- Ei Millo, larga essa lenha e vem brincar com a gente!!!

Millo então encosta seu carrinho com a lenha e corre em direção a outras crianças, mas é interrompido pelo chamado de Marleau, sua tutora, que aparece na porta do casarão e diz:

- Nada disso, vão se limpar e venham comer, o almoço está pronto!

O orfanato da Tia Marleau – como é conhecida – é um lugar de muito bom humor e alegrias, todos ajudam a manter o lugar. As crianças se organizam e vão para dentro do orfanato, cada uma com sua função, seja organizando o banho dos menores e os vestindo, seja arrumando a mesa. Após tudo organizado e as crianças limpinhas, se sentam a mesa, agradecem pela comida e desfrutam do almoço, sempre sorrindo e felizes.

Após o almoço, as crianças ajudam a Tia Marleau com a organização e limpeza, mais tarde estão liberadas para brincar novamente. Millo se reúne com as outras crianças do lado de fora do orfanato e brincam a tarde toda, jogam bola, pega-pega, corrida de trenó e várias outras brincadeiras, e assim segue pelo resto do dia.

O dia passa e a noite chega.

Hora do jantar e todo o ritual diário se repete, se organizam e comem, ao final da refeição os pequenos vão para a cama e os maiores ficam responsáveis pela organização do casarão. Alguns pegam os esfregões, outros ajudam na fiscalização dos menores e Millo recolhe os pratos e os leva até a cozinha. Após todo o trabalho organizacional é a hora dos maiores irem para o banho e depois dormir.

Millo já deitado na sua cama, os olhos pesados pelo cansaço do dia a dia, olha para a janela do quarto.

Um pequeno vagalume sobrevoa a janela, e, ao longe no céu, Millo vê algo brilhante semelhante a uma estrela cadente, fechando os olhos Ele faz um pedido. Ao abri-los, Millo vê que a estrela está ainda maior e parece estar indo em direção ao casarão. Ele se levanta rapidamente e vai até a janela olhar o objeto, na tentativa de identificar o que pode ser aquilo, cada segundo que passa o coração de Millo acelera cada vez mais. O objeto se aproxima na mesma intensidade, Millo anestesiado pelo medo não consegue expressar reação alguma a não ser um gole seco e um arrepio profundo na espinha, e em um piscar de olhos tudo se apaga.

Ao acordar, Millo se encontra coberto por escombros, com muita dificuldade ele consegue se mexer e sair, com a visão embaçada e zonzo ele vê os corpos dos seus amigos espalhados pelo chão. O desespero bate ao reconhecer cada rosto sem vida naquele cenário, que mais parecia um campo de guerra, entretanto alguém está de pé em frente ao que sobrou do casarão, sua visão melhora e Millo logo percebe que aquela é a Tia Marleau, ferida e em posição de defesa, em sua frente um homem misterioso, com uma presença maligna e envolto por uma aura negra.

Esse homem misterioso desfere um ataque mágico contra Marleau, que é lançada para longe como se não fosse nada.

Millo fraco e ferido vai até ela gritando: - "Tiiiiaaaaaaa!!!" - que em suas últimas forças diz: - Corra Millo, você não precisa morrer aqui, corra o mais rápido que puder e não olhe para traz, vai ficar tudo bem, seu pai está vivo, procure ele em Virtus! – Após dizer isso Marleau fecha seus olhos e morre.

Millo chorando se levanta, pega seu machado em meio aos escombros e parte pra cima do homem misterioso, conseguindo acertá-lo, porém seu corpo se desfaz em penas negras e então reaparece atrás de Millo, pegando-o pelo pescoço, o levantando enquanto sussurra: - Você é corajoso e bem forte, pena ter que te matar aqui dessa maneir...! – Antes de terminar é interrompido por um golpe nas costas.

Ao olhar pra traz ele vê uma das crianças do orfanato, era Marco – um dos amigos de Millo - completamente ferido segurando um pedaço de madeira, sem tempo de reagir Marco é alvejado por uma magia lançada pelo bruxo.

Millo em um ato de medo e desespero consegue escapar e correr, mas não vai muito longe, logo perde a luta contra o cansaço e acaba apagando a alguns metros dali.

O Sol raia e Millo acorda assustado, o casarão está destruído, mas não há mais corpos, nem das crianças, nem da Tia Marleau. Millo fica confuso sobre o que aconteceu e a única coisa que se lembra era daquele momento de terror encarando aquele homem e das palavras da Tia Marleau. Após se recompor, Millo busca em meio aos escombros algo que possa levar, encontra o cachecol que Marleau usava, enrola em seu pescoço, pega seu machado e começa a andar, com os pensamentos a mil se lembra das palavras que Marleau disse antes de partir: "... seu pai está vivo, procure ele em Virtus!''.

Sem saber por onde começar, mas com dois objetivos em mente, assim começa a jornada de um garoto forte e corajoso, que após sofrer com a perda das pessoas que amava resolve ir atrás de vingança e realizar um novo sonho, encontrar seu pai!

Continua no capítulo 02.

Créditos:

Roteiro: Lucas "Kaaos" Leonel

@bravuraproject

Revisão: Felipe Veiga

Capa: Arthur Pandeki

@pandeki_art

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