🍼01🍁

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O pequeno garoto corria desesperado pelas ruas da cidade turbulenta. A falta de ar já comprometendo seus pulmões que mal funcionavam. As calçadas lotadas de pequenos buracos e pessoas o fazia tropeçar a cada poucos passos. Pessoas, estas que trombavam no garotinho, sempre comentando coisas de mau gosto:

"Onde estão os pais dessa criança?"

"Que nojo"

"Vira lata"

"Favelado"

"Seus pais não lhe deram educação?"

Alex estava cansado, dolorido, odiava estas pessoas, sempre julgam o que veem pela frente, mas não se importam realmente com o que está encontecendo, não fazem ideia do que ele já passou.

Alex estava tão desesperado que mal notava as coisas em meio ao seu caminho para a fuga. Estava a ser seguido pelo policial a quase três quadras.

"Esse cara não se cansa?"– perguntou-se mentalmente. A dor abaixo das costelas começava a incomodar, a fadiga já era grande de mais para o pequeno corpo, sedentário e desnutrido.

Apenas havia escapado do orfanato, não roubou ou sequestrou ninguém, por que aquele homem insistia em seguí-lo? Ele não queria continuar naquele lugar.

Com as mãos roçando pelo pescoço sujo, entrou correndo quase trombando na parede do beco escuro. Correu e correu por aquela escuridão, pequenos roedores e homens de caráter questionável zanzavam por ali, ambos com cheiros fortes e desagradáveis. Ao fim do beco encontrou uma pequena bifurcação a esquerda, o suficiente para alguém de pequeno porte se esconder e passar despercebido.

Se arrastou pelo chão, e se encolheu no seu esconderijo, seria perfeito... se caso sua perna não fosse agarrada e unhas perfurassem sua pele pela força usada.

–Aonde pensa que vai gostosura? – a voz deconhecida e rouca se fez presente. – Venha aqui, preciso lhe mostrar algo divertido.

Alex preferia que fosse o policial no lugar daquele homem tão assustador. Rugas estavam espalhadas pelas suas bochechas, o nariz gordo e torto, além da expressão franzina que era tão assustadora. A barriga avantajada o impedia de agachar para agarrar a outra perna do garoto, isto permitiu que, com o chute dado, Alex se esgueira-se para o mais longe possível do homem.

–Seu malcriado! Nunca aprendeu a obedecer os mais velhos? – gritava o desconhecido, o bafo de bebida chegou às narinas do pequeno, este que fungou e uma careta se formou em seu rosto.

O garoto já se grudava a parede atrás de si, se fosse possível, de tanto se encolher, estaria fundido à parede. 

As mãos daquele homem tentavam o alcançar a todo custo, arranhando os pés nus do garoto que toda vez que sentia o pé ser agarrado gritava em desespero e se debatia. Acertando vez ou outra a cara do homem.

–Deixa o Alex em paz!! — gritava até a garganta começar a lhe arranhar.

–Quando eu lhe pegar vou te ensinar a falar direito comigo! – ameaçou com a face enrugada de raiva.

Alex não sabia mais o que fazer, em seus 17 anos de vida nunca havia lidado com homens tão corpulentos e violentos. Sempre diziam que a inocência deveria ser preservada, mesmo que a tentação fosse tão grande.

Ele era nojento.

Procurou por qualquer coisa que o ajuda-se, o estreito buraco onde havia se metido era quase totalmente vazio, apenas pedaços de concreto quebrado e restos de algo que ele nunca vai querer saber...

Segurou o pedaço deformado de concreto na mão pequena e bateu com todas as forças na cara do homem.

Clack

Baby AlexOnde histórias criam vida. Descubra agora