Continue a remar

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(3372 palavras)

Eu falei, meu deus eu consegui falar. Será... será que eles ouviram? Ou foi só na minha cabeça. Meus pensamentos, esses momentos e lembranças estão tão confusos que eu nem sei se realmente eu estou viva ou morta. Na verdade eu só tenho a mínima certeza de que ainda tenho fôlego de vida porque ouço quando Bernardo vem passar as tardes comigo.

Se não fosse esse detalhe eu teria certeza de que meu tempo na terra tinha chegado ao fim. Eu posso estar ficando louca mas eu tenho certeza que ouvi a voz do Lorenzo, eu tenho quase certeza de que lá no fundo era ele. Queria tanto poder vê-lo nem que fosse por alguns segundos apenas, poder ver seus olhos verdes como esmeralda brilhando para mim, seu sorriso de lado que despertou em mim uma paixão. Eu queria ter a chance de dizer para ele que nossos momentos fizeram eu mudar quem eu era, fizeram com que eu acordasse para a realidade. Mas algo aconteceu e quebrou toda essa magia que estávamos vivendo, alguém tirou esse momento de mim.

Ouço os enfermeiros conversando coisas tão aleatórias e chatas, as coisas aqui parecem um looping que nunca termina, é sempre a mesma coisa, as mesmas pessoas, não tem evolução nem novidades. Sempre ouço o Bernardo perguntar a mesma coisa "alguma reação dela Dr." e mesma resposta "ainda nada senhor, tudo depende dela". Meu deus vocês acham mesmo que se dependesse de mim eu já não teria acordado? Caramba.

Os medicamentos ajudam no que exatamente? Porque eu não sinto dores, cheguei a conclusão de que os medicamentos servem apenas para me fazer dormir mais e mais e mais e m...

Arrumei todas as minhas coisas e estou pronta para ir embora desse lugar maldito. Eu nunca mais quero ouvir falar o nome desse garoto, eu nunca mais serei essa garotinha fraca e imbecil.

— Filha? eu aluguei um carro e já conversei com a diretora. Nós já podemos ir?

— Mãe, — Abraço minha mãe que por alguns segundos fica parada sem reação — Obrigada mãe, eu sei o quanto é difícil você fugir do meu pai assim. Sei o risco que você está se colocando por mim.

— É para nos salvar meu amor. — Ela retribui o abraço e posso sentir seu coração acelerado — Vamos antes que descubram o que estamos fazendo.

Pego minha mala e minha mãe pega a caixa que guardei minhas coisas, sei que queria me livrar de tudo isso mas sinto que ainda não é o momento. Descemos as escadas meio que às pressas, as pessoas ainda dormem, pois é muito cedo ainda, as aulas só começam às 6:30 da manhã e pela última vez que consegui olhar no relógio eram apenas 4:35. Acredito que estejamos seguras por algumas horas já que meu pai está viajando a negócios. Se é que posso chamar o que ele faz nas viagens de negócios. Minha mãe nunca me contou nada, mas já ouviu aquele ditado que diz que paredes têm ouvidos? Pois é, as paredes da minha casa contam muitas coisas.

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