1. Ato: (re)conhecer.

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•  Estória vinda diretamente das vozes da minha cabeça, sem nenhum compromisso com a realidade! Aproveitem a leitura.

Rosamaria e Naiane se conheceram na adolescência, quando ingressaram juntas nas categorias de base da seleção brasileira de vôlei  mais precisamente aos 16 de Rosamaria e 17 de Naiane, e desde então nunca ou quase nunca se desgrudaram. As duas que agora carregavam traços muitas vezes idênticos tiveram desde o início daquela relação uma identificação tão imediata, que a curto prazo já se viam como melhores amigas e confidentes, mas nem sempre foi só isso. Viver a rotina de um atleta de alto rendimento em ascensão era algo difícil, principalmente se tratando de pessoas tão novas como as duas, mas isso não significava negligenciar suas carreiras sendo irresponsáveis ou coisas do tipo, no entanto, existia uma negligência de si próprias, e seus sentimentos.

Naiane sempre foi muito senhora de suas vontades, apesar das amarras iniciais, sabia muito bem o que queria e o não era de seu agrado, sendo assim desde que se entendeu enquanto um ser humano pensante e ativo, soube que não era como as garotas as quais convivia antes de sair de casa, e percebeu com extrema facilidade que ela gostava delas de uma outra forma. É claro, que aos dezessete anos a paraense já havia se envolvido com algumas meninas, mas foi justamente nas categorias de base da seleção, que ela teve a certeza de que de fato poderia ter sentimentos profundos por alguma outra garota. Sentimentos esses, que ela só percebeu quando se pegou olhando e sentindo diferente  em relação certa amiga que tinha feito ali, é que ela, era muito além alguns beijos e sexo casual depois de algumas ficadas mais intensas.

De início, Naiane não deu muita importância para o turbilhão de sensações que estavam chegando sem avisar, mas depois que certa pessoa fez sua mente dar um giro de 360° em tudo o que estava sentindo, a paraense etendeu que precisava dar vazão a tudo aquilo. Por esse motivo a levantadora se achegou, se fez presente e ganhou de presente a pessoa que seria uma de suas melhores amigas pra toda vida, mas que naquele momento seria alguém que ela adoraria estar junto em um ambiente desconhecido tão longe de casa. Foi então que ela e Rosamaria se tornaram as amigas que são hoje em dia. Mas antes de chegar nesse nível, as duas se permitiram entender um pouco melhor como funcionava aquela coisa, e então depois de longas conversas madrugada adentro, aconchego e apoio, Naiane se assumiu para a amiga, esperando do fundo de seu coração que ela não se assustasse, afinal, Rosamaria parecia um bicho do mato, que havia sido liberado para viver uma vida longe de todas as convenções impostas pela sociedade catarinense. A ítalo-brasileira nem por um instante julgou a agora, melhor amiga, muito pelo contrário, sempre deu apoio e por diversas vezes até acobertou a amiga quando era necessário até porque tudo feito em Saquarema ficava em Saquarema, até que alguma coisa começou a mudar para ela. Como se fosse um bichinho que morde o dedo do pé e vai subindo atraindo toda a atenção para si, podemos dizer que para Rosa, Naiane lhe causava uma curiosidade sobre sentimentos e desejos que até então,  eram desconhecidos por ela.

Rosamaria tinha plena certeza que se por algum acaso esses sentimentos, desejos e curiosidades dependessem única e exclusivamente de sua coragem, ficariam trancados no meio da gaveta de meias no fundo de seu armário passado a chave. A partir daquele dia a Catarinense passou a repetir para si mesma, que certas coisas não tinham necessidade de acontecer fora de seus pensamentos. Ela prezava pela sua amizade com a Naiane e virava e mexia lembrava de sua família e de como infelizmente, eles poderiam interpretar mal aquilo tudo. Já imaginou? Poderia ser muito ruim para sua carreira e seus pais teriam o direito de não ficar nem um pouco orgulhosos, caso os tocasse de forma negativa. Já que assim como Naiane, que saiu cedo de casa, vinda de uma família simples de Belém do Pará, para ir atrás de seus objetivos profissionais, Rosamaria tinha feito o mesmo, e deixando sua família tradicional e colona em Nova Trento, interior de Santa Catarina, depois de passear por outras áreas antes de se decidir que era vôlei que ela gostava e sabia fazer.

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