6. Ato: Permanecer.

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Voltamos.
Último ato, espero que gostem!
Um beijo.

Quando finalmente viajaram para a competição da liga das nações, o clima era outro. Muito mais ameno, Naiane tinha tido apenas um desconforto muscular e nada que a tirasse da competição, e isso pareceu melhorar o que já estava bom. Durante a primeira semana, todo mundo notou, mas não comentou o quão felizes e descontraídas elas estavam, convivendo bem entre si e entre o grupo, o que era ótimo e vantajoso. Rosamaria fez companhia para a amiga no banco durante a primeira semana e tudo bem, isso acontece e o importante é estar lá para ajudar e apoiar o grupo. Na segunda semana Rosamaria entrou algumas vezes na inversão e mesmo com o corte, Naiane esteve lá para apoiar suas colegas de seleção.

Domingo, o último jogo daquela semana, Brasil e Estados Unidos, o ginásio estava pegando fogo dentro e fora da quadra, atmosfera característica de um confronto como aquele, estavam ainda em aquecimento e Naiane aproveitou desse momento para descer e alcançar um lugar mais perto da quadra. As meninas cumprimentavam cordiais com suas conhecidas do time adversário, entretanto sem muito papo, Rosamaria aquecia ao lado de Gattaz e Carolana, mas seu olhar vagava pelo ginásio a procura de coisa alguma, só estava apreciando um ambiente e seu olhar parou em uma imagem curiosa.

Naiane conversava animadamente ao pé do ouvido com Andrea Drews, oposta da seleção americana. De onde se conheciam? Por que tanta intimidade?

— Respira fundo e deixa de besteira! — voz de Gattaz a tirou de seus pensamentos.

— Desde quando elas se conhecem, Carol? — Pediu com um muxoxo.

— Eu não faço a mínima ideia, mas depois do jogo você pergunta. Agora se concentra!

O jogo foi bastante pegado, com muitos erros dos dois lados, fazendo com que o jogo fosse para um tie-break. Gabriela e Carolana foram cruciais para os sete primeiros pontos de quinze que o Brasil tinha que fazer, os outros ficaram sob os desmandos de Rosamaria e as distribuições de Roberta que entregou muitas bolas na mão de Gattaz e das demais atacantes do grupo, o jogo acabou em um 17x15 para a seleção brasileira e as atletas faltaram chorar de emoção, tinham ganho da seleção dos Estados Unidos, e aquela vitória estava entalada faz tempo. Elas tinham conseguido mesmo.

Assim que deu as entrevistas que precisava e atendeu alguns fãs, Rosamaria pediu licença e passou a buscar Naiane com o olhar, achou no meio da quadra, abraçada a Gattaz e sorriu ao ver que ela fazia o mesmo, só que disfarçando melhor. Quando Rosamaria virou totalmente o corpo para caminhar até ela, viu o que definitivamente não queria, de novo Naiane estava conversando animadamente com a oposta americana loira alta e muita bonita, não gostou nada do que viu. Mas não podia fazer nada, porque elas não tinham nada, ainda sua mente gritou a última palavra assim que viu Annie Drews beijar o rosto da levantadora e depois fazer um carinho? Em seu ombro. Ah não, peraí que já é demais.

Foi até lá em passos largos, controlando seu ímpeto de pegar Naiane pelo braço e tirar dali, eu hein, sai fora Drews, vai chorar na cama que é lugar quente e de preferência sozinha. Chegou do lado de Naiane e sorriu para a oposta loira que ainda falava sabe Deus do que com a levantadora e com Gattaz, que ao que era de seu conhecimento, nem gostava dela. Estava tudo errado. Pediu piedade a sua mente traíra, que não conseguia pensar em inglês quando estava nervosa e no final mandou tudo pro inferno, para que ela ia querer pensar em inglês se nem sequer falar em inglês ela ia?

— Gattaz estamos indo pro ônibus, — Forçou um sorriso e meneou a cabeça — você fica?

— Eu já vou Rosamaria! Estou só falando com a Fabi. — Gattaz avisou.

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