4. Ato: Saber.

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Voltei, ou melhor voltamos... Esse capítulo veio para avisar, que temos 3 atos, porém 5 regras. Beijos!

Nunca diga nunca, Naiane disse uma vez que seria difícil ter a chance de voltar à seleção brasileira de vôlei, mas os caminhos se mostraram contraditórios mais uma vez e lá estava ela metida em uma van a caminho do centro de desenvolvimento de vôlei, rumo aos treinamentos para a liga das nações de 2023, sabia que teria que se provar a todo momento a fim de conquistar a sua vaga, não por ser uma atleta abaixo da média, mas sim por ter Macris e Roberta ali disputando a titularidade a todo tempo. Por isso seu foco era total em se mostrar competente para caso precisassem dela, não restar dúvidas de que era completamente capaz. O caminho do aeroporto Santos Dumont até Saquarema era longo, com trânsito piorava em grande escala.

Depois da primeira hora de percurso, ela enjoou das próprias músicas e ainda sem tirar os fones de seus ouvidos, fechou os olhos com o intuito de tentar dormir um pouco, vai que se ela não prestasse atenção, o tempo passava rápido? Estava na mesma van que o grupo do Minas Tênis Clube que servia a seleção, mais as atletas do seu time atual, o Praia Clube, ouvia as conversas paralelas, as risadas e até deu tchauzinho para um vídeo que Kisy deu certeza que postaria no close friends do instagram, mas fora isso não estava muito à vontade para interagir com quem quer que fosse, podia ser uma grande bobeira, mas de certo modo, sentia-se deslocada. Em sua fileira estava Carolana na ponta direita, ela no meio e Gattaz no canto, e isso fez com que indiretamente ela tivesse que participar de uma conversa aqui e outra ali. Mas agora só queria sua quietude, sua própria companhia silenciosa e principalmente queria que Saquarema chegasse logo, pelo amor de tudo que fosse sagrado.

Depois de cerca de vinte minutos aproveitando um silêncio oportuno, sentiu seu braço ser empurrado de leve, ignorou, olhos fechados, feição pesada se quem estaria dormindo e que não queria ser acordada. Quem quer que fosse, cansou por hora e ela voltou a apenas escutar as vozes abafadas pelo fone de ouvido, por que tão longe? Se deixou pensar um pouco em como seria lá, depois de anos ser pisar no CDV, não sabia o que ia encontrar, mas tinha certeza de que uma pessoa estaria lá esperando por ela e por todas as outras, seu estômago protestou, ele odiava ela? É o que parece! A pessoa da direita a cutucou de novo, mas forte dessa vez e ela foi obrigada a abrir os olhos e engolir a vontade de mandá-la para o inferno.

— Como você está? — Carolana perguntou com seus olhos curiosos em cima dela. — Por ver a Rosamaria e bom, tem a coisa de vocês.

— Não tem eu e a Rosamaria, Carol. — Ela disse com a voz mais baixa que conseguiu para não atrair outras pessoas.

— Entendi... Bom, mas eu espero que seu foco seja outro aqui, né? — Tentou — Que toda essa bagunça de vocês não te atrapalhe!

— Não vou ser atrapalhada por nada, tá bom? Além do mais a Rosamaria estava em viagem com a Roberta e sinceramente? Já não basta competir pela vaga? — Subiu as sobrancelhas — Eu não vou competir por mulher.

Ana Carolina assentiu complacente e fez um carinho circular no braço dela coberto pela manga do casaco.

— Ei! — Gattaz atraiu sua atenção e a de olhos puxados virou-se para encará-la. — Sabe que se quiser, você pode conversar comigo, né? — A paraense assentiu — Eu sou boa para lidar com corações partidos.

— Sei disso! — Naiane respondeu sorrindo amena.

As três voltaram para seus silêncios e dessa vez a do meio dormiu, mas digamos que não tinha adiantado grandes coisas, já que sonhou com a oposta. Será que ela não era capaz de lhe deixar em paz nem em sonho? Que saco!

Finalmente as árvores frutíferas do caminho indicavam que estavam no CDV, meu Deus nunca foi tão longe. Seu corpo pedia banho e cama, nem que fosse por alguns minutos apenas para horizontalizar o esqueleto, assim que desceram, pegaram as malas e foram direcionadas aos seus quartos, Naiane achou curioso o fato de que iria dividir o seu com Gattaz, isso nunca tinha acontecido nem nos tempos do Camponesa Minas. Mas sabia que seriam bons dias, Caroline é uma ótima pessoa e sabia que lhe daria todo tipo de apoio que precisasse. Já alocadas devidamente, a levantadora pediu licença para ir até o chuveiro primeiro, alegando que ali não valia a prioridade por idade. Gattaz concordou e disse que iria sair para encontrar com Priscila Daroit e Thaisa, mas que não tardaria a voltar. Naiane agradeceu por passar esse pouco tempo sozinha pela primeira vez naquele dia, e sendo assim poderia colocar as ideias no lugar, antes de ter que sair dali e encarar todas aquelas pessoas.

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