Depois de uma tempestade vem um arco-íris, isso é um fato.
Mas o estrago que a tempestade fez arco-íris nenhum consegue curar, isso também é um fato.🩰
Os flash das câmeras vinham de várias direções, o deixando tonto com tanta luz assim em seus olhos, mas mesmo assim sorriu como se aquilo não fosse nada demais e que já estava acostumado, bom, pelo menos o Harry dos palcos estava.
Ele tinha acabado de se apresentar em um teatro famoso em Nova York, sua apresentação de dança foi conduzida em meio a música pop que não se importava em saber o nome ou o cantor, era irrelevante de qualquer forma. E como sempre, ele conseguiu a perfeição e foi retribuído com aplausos. E agora, estava dando entrevistas.
─ Como é a sensação de executar uma coreografia com tanta perfeição, senhor White? ─ O Jornalista perguntou, apontando o microfone para ele. Qual era a sensação? Não sabia, já tinha perdido aquilo a muito tempo.
─ É maravilhosa, uma sensação que enche o peito de forma linda. E melhor ainda é o carinho do público. ─ A fala saiu automaticamente, com um sorriso largo ensaiado. Sentia seus tios atrás de si, esperando qualquer deslize para o castigar depois.
─ Muitas pessoas vem comentando sobre seu atual peso, muitos dizem que isso pode estar te deixando mais lento para dançar. O que você acha sobre essas críticas? ─ Outro jornalista perguntou, com um tom mais sério e um fundo de deboche. Harry sentiu seu estômago embrulhar.
─ Achamos as críticas bastante construtivas e peço que não se preocupem, meu sobrinho já está começando uma nova dieta e logo ele terá o peso certo para continuar como sempre foi: perfeito. ─ Quem respondeu foi sua tia, Leone, uma mulher ossuda com cara de cavalo, que colocou a mão no ombro de Harry e sorriu carinhosamente, o seu tio Válter, um homem baixo e gordo, só concordou com a esposa. ─ Agora se nos derem licença, temos que ir. Sabem como é, nosso menino precisa de descanso para a nova apresentação, não é, querido?
─ Sim, tia, é verdade. ─ Sorriu fingindo ser um adorável sobrinho, enquanto sua tia fingia ser uma adorável mulher. Eles desempenhavam bem esse papel.
─ Se nos derem licença, por favor. ─ Seu tio o guiou para longe dos jornalista, os levando para a limusine que os aguardavam.
Harry sequer teve tempo para respirar assim que entrou no carro, porque já conseguia sentir o olhar severo de sua tia e seu tio.
─ Falei para você não comer aquele pão doce, e olhe só agora! Ganhou peso e as pessoas estão comentando! ─ Falou Leone em uma voz afetada, severamente.
─ Um pão doce não pode ter me dado tantos quilos assim. ─ Respondeu Harry suspirando.
─ Olhe o jeito como fala com sua tia! Ela está lhe ajudando a continuar sua carreira, duvido muito que sem nós você conseguisse alguma coisa. ─ Seu tio levantou um pouco a voz e Harry sentiu a bile subir, mas engoliu. ─ Você vai direto para o quarto sem jantar, a partir de agora você não come nem o almoço e muito menos a janta! somente o café da manhã.
─ E só comerá uma maçã. Nada mais além disso. ─ Sua tia acrescentou. ─ Estamos entendidos?
─ Estamos. ─ Respondeu suspirando. E mais uma das dietas maluca começava, mas não é como se ele não fosse acostumado.
(...)
Quando ele chegou em casa foi direto para seu quarto, ignorando sua barriga que doía de fome. Seu corpo já deveria ter se acostumado com aquilo, deveria saber as consequências de engordar tão fácil assim, pensava enquanto tirava suas roupas para ir tomar banho.
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Dança da morte.
RomanceHarry White é um garoto perfeito; um dançarino perfeito segundo críticos, uma causa perdida perfeita segundo seus tios, uma casca vazia perfeita segundo ele mesmo. A perfeição o perseguia incansavelmente, mas em algum momento ele teria que pagar o p...