Príncipe Charmoso

Quem disse que Robin temia algo ou alguém?

Robin Arellano estava encrencado.

— ¿QUÉ?

— Mañana me quedo después de la escuela, porque luché.

É claro que sua mãe estava surtando. Primeiro dia de aula do período de inverno e Robin já tinha conseguido um castigo.

Pior do que isso era apenas seu amigo, Vance Hopper, que não pôde ir à escola porque tinha levado uma suspensão no último dia de aula antes das férias. Mas iria aparecer no dia seguinte, o que deixou Robin mais aliviado.

— Espero que hagas tu castigo, o voy a...

— Lo sé, madre, lo sé..

Se alguma divindade fosse generosa o suficiente com Robin, iria terminar aquele castigo em apenas um dia. Isto é, se os três azarados que ficariam presos com ele o ajudassem.

Maldito diretor. Moose mereceu, não era justo que só ele recebesse o castigo. 

Pelo lado bom, não era a detenção. Robin sabia a dor que era ficar copiando várias vezes a mesma coisa com um professor insuportável que mal o deixava respirar.

×××× 

— Ainda bem que não sou você, otário. - Vance Hopper caiu de rir no dia seguinte. 

— É, hijo de puta, você é pior do que eu. Nem precisou vir à aula para ser suspenso. - Robin rebateu, ficando satisfeito com a carranca que se formou no rosto de seu amigo.

Vance Hopper, também conhecido como "Mexeu com ele, morreu" ou como "Monstro do Fliperama", era simplesmente um menino enorme, loiro, com os cabelos cacheados até o ombro, e que sempre estava com sua jaqueta jeans. E também, apesar de ninguém ter coragem de comentar com ele, todos sabiam que ele tinha repetido um ano de tanta suspensão que levou.

Mas é claro que Robin o veria como alguém super gentil e delicado. Só que não.

— Cala a boca! A culpa não é minha que-

— Que interromperam seu jogo no fliperama, que não pediram desculpas ao trombar com você, que fizeram mal ao Griffin, e-

— Olha, me julgue o quanto quiser, mas a última coisa é totalmente válida. - Vance quase socou o armário de tanta raiva. — E você quase matou aquele aleatório que trombou em você ao exigir desculpas.

O aleatório tinha que ser Finney Blake.

— Eu estava em um dia ruim. E ele me fez parecer burro na aula de matemática. O nome dele é Finney Blake.  - Robin Arellano bufou, virando o corredor junto com o amigo.

— Foda-se, não ligo.

Eles avistaram Griffin Stagg, um menino um ano mais novo no ano escolar. O garoto estava mexendo no próprio armário.

— Tampinha! - Vance Hopper virou outra pessoa, outro ser, deixou de ser aquele homem diabólico que todos conheciam, e virou um anjinho de luz. Abraçou o garoto com força. — Eu estava te procurando.

— Quem é tampinha? - Griffin resmungou contra os braços do outro. — Você vai me matar sufocado.

O mais impressionante de tudo era que apenas Robin e Griffin conseguiam ver o que Vance estava realmente fazendo. Todas as outras pessoas que passavam pelo corredor achavam que o loiro estava estrangulando Griffin.

— Por que você não veio ontem? - O garoto mais novo perguntou inocentemente, sem saber o histórico de Vance Hopper.

Não o entenda mal. Ele não é surdo, até sabe dos boatos que correm em volta do seu amigo, mas não poderia se importar menos.