Capítulo 13

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As equipes se dispuseram em quadra. A torcida italiana, ainda que em número reduzido, mas expressivo para o primeiro jogo da temporada, ensaiava os primeiros gritos de incentivo aos atletas.

Ao ouvir o som do apito autorizando o início da partida, Valério colocou a bola em jogo; o receptor adversário direcionou a bola para o levantador que, em um movimento rápido, acionou o atacante de meio, que foi eficaz em seu ataque. Eram os primeiros momentos de um jogo de estreia.

Sara observava os atletas movimentarem-se nos respectivos lados, seguindo os direcionamentos táticos de seus técnicos. Vários profissionais os auxiliavam neste trabalho aparentemente espontâneo, mas totalmente baseado em um trabalho físico bem realizado, treinamento constante e levantamento estatístico.

Lembrou-se de Herus e Yunet. Das difíceis condições em que viviam. Herus havia sofrido um horrível acidente há alguns anos e quase perdera a perna direita. Uma enorme cicatriz ia da coxa até abaixo do joelho. Mas, isso não o impedia de correr próximo às margens do Nilo atrás de uma bola feita de panos...

O futuro daquelas crianças a preocupava. Queria ajudá-los a ter uma vida diferente da maioria das crianças pobres do Egito.

Yunet era uma adolescente com muitas dificuldades de adaptação. Sara achava-a linda. Ela era pequenina e miúda, com uma pele em tom de canela. Às vezes meiga e gentil; outras, indócil.

Valério acabara de dar uma "deixada de segunda" na quadra adversária; aquele ataque do levantador empolgou os jogadores e as pessoas que o assistiam.

Sara sentia saudades da pequena vila do Egito que guardava tantos tesouros. A população local via, entre assustada e divertida, os estudiosos de diferentes partes do mundo que para lá se dirigiam à procura de novos sítios arqueológicos e artefatos. Vivendo de uma maneira muito simples e sob severa disciplina religiosa, sorriam daqueles estrangeiros tão interessados em um passado que não chegavam a compreender.

Herus quisera aprender os sinais hieroglíficos que Sara lhe mostrara na tela do notebook. Seus olhos negros brilhavam fascinados com a possibilidade de poder compreender a escrita dos antigos de que vivia rodeado.

- E esses? – perguntou-lhe ao abrir certa vez aleatoriamente um outro programa.

- São chineses.

Quis saber onde ficava a China e como viviam os chineses. Sara conseguiu com uma missionária uma fita de vídeo do filme desenho "Mulan". Herus apaixonou-se definitivamente por aquele povo.

AMORE IN VERMIGLIOOnde histórias criam vida. Descubra agora