Capítulo 9

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Tivemos novas brigas, mas nenhuma tão séria quanto àquela e nunca fomos dormir com raiva um do outro. O que também aliviava meu coração era o fato de um sempre interceder pelo irmão quando algum deles me irritava; ou defendiam minha causa, quando era eu a irritar algum deles. Nessas horas eu acreditava que Castor e Polux estavam mais tranquilos com o acordo que eles fizeram para que pudessem ficar comigo.

E não me esqueci daquele sentimento de perda que magoava Castor.

Para evitar que ele se sentisse assim, jamais ficava mais com um dos gêmeos e ia a todas as peças teatrais com a mesma animação com que dançava na Move e apreciava cada noite num restaurante fino como se estivesse no boteco mais simples. Fui aprendendo o que funcionava ou não naquele namoro a três, entendendo as limitações deles, impondo as minhas.

Por exemplo, nunca rolou penetração dupla. Até o momento não tinham pedido e, mesmo que eu quisesse descobrir como seria aquilo, também não pediria. Nosso time estava indo bem e eu queria que continuasse assim. Em troca, eu ganhava empenho e muito prazer dos irmãos camaleões. Por um tempo eu os chamei assim, porque era a única explicação para terem ficado iguais em tudo no que se referisse ao "trato" que me davam.

Castor aprendeu a segurar o cabelo em minha nuca, exatamente como Polux fazia desde a primeira vez que me beijou. Prendendo minha cabeça para sentir sua língua na minha boca, sem me machucar, apesar da força. Por sua vez, Polux redescobriu a existência da minha bunda e a visitava sempre que podia, lambendo e fodendo meu cu de um jeito que nunca me incomodava, apenas me deixava mais tarada pelos dois.

Quanto ao quesito responsabilidade de iniciar as fodas, eles absorveram um pouco da minha porque bastava aparecer uma chance para que ambos me agarrarem, fosse onde fosse. Mesmo no sobrado, com a diferença de que lá não passavam dos beijos; de resto, ou eu dormia com um ou com o outro.

Mas vontade de inaugurarmos a casa onde cresceram não faltava. Por isso nós aproveitamos um cruzeiro que dona Marisa fez com umas amigas, partindo do porto de Santos ― mesmo que ela pudesse embarcar no Rio de Janeiro ― rumo a Buenos Aires. Antes do passeio os filhos a convenceram a dar uns dias de folga para Nívea, então o sobrado ficaria sendo somente nosso.

Para não desperdiçarmos nem um minuto, fomos para Venda Nova na sexta-feira mesmo, assim que todos encerraram seus expedientes no trabalho. Pela primeira vez fui com Polux em sua moto, agarrada nele muito feliz da minha vida, com Castor logo atrás.

― É isso ― disse Polux ao deixar cair nossas mochilas à entrada da casa ―, agora esse é nosso território.

― Terra de ninguém ― Castor fez coro já me puxando para si.

Sim, nós comemoramos a conquista daquela terra sem dono ali na sala, até que fôssemos apenas três corpos suados, com eles embolados em mim e exaustos no sofá.

No sábado pela manhã, na piscina pude deitar na espreguiçadeira entre as deles e entrelaçar meus dedos aos dos dois, aproveitando o sol apenas com a parte de baixo de um biquíni e eles com suas sungas. Tratava a ambos com carinho e eles retribuíam sem medo de sermos ouvidos, cochilei com eles abraçados comigo no sofá da sala de TV, na cozinha preparamos o jantar entre brincadeiras e carícias; e alguma sacanagem mais pesada, porque não éramos de ferro.

O problema de conseguir tamanha liberdade era que nos tornamos ousados, inconsequentes.

Na tarde de domingo, com as mochilas prontas para partirmos deixadas junto à porta aberta, alguém ― nunca assumirei esse B. O. ― considerou boa ideia uma foda diante de um espelho gigante que dona Marina tinha acrescentado à decoração da sala, como despedida do melhor final de semana que tivemos.

CATILUX - CHAMAS AO VENTO [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora