The Dragon's Blood

4

Eu andava entre os corredores do castelo com o intuito de encontrar meu tio, mas soube pelos empregados que ele saiu com o Rei e a Rainha. Continuei caminhando e fui até o jardim, vendo Helaena sentada no chão perto de umas flores. Me aproximei da princesa cautelosamente, percebendo que ela falava sozinha.

"— Mãos giram o tear, Carretel Verde, Carretel Preto. Dragões de carne tecendo dragões da linha."

Ela sussurrava e parecia não ter percebido minha presença.

"— É um poema?" perguntei, fazendo ela se virar para mim.

"— O que?" franziu a testa.

"— O que acabou de dizer, Princesa."

Helaena soltou a aranha que estava em suas mãos e levantou do chão.

"— Não me lembro de ter falado algo, senhorita Cole." ajeitou seu vestido, limpando a sujeira da grama. "— O que é estranho pois nunca me esqueço de nada."

Sorri ladino e dei de ombros.

"— Bom, devo ter ouvido coisas então." sorri fraco, vendo a princesa alisar sua barriga. "— Como está a gestação?"

"— Ótima." sorriu, sentando em um dos bancos. "— As vezes esqueço que estou grávida." riu, me fazendo rir também.

A princesa pediu para que eu sentasse ao seu lado, e assim eu fiz. Encarei as flores a nossa frente enquanto a princesa acariciava sua barriga.

"— Onde está Aemond?" perguntou.

"— Provavelmente dormindo, Princesa. Não o vi hoje." ela assentiu. "— Acho melhor eu ir para o meu posto, ele pode precisar de mim."

Levantei do banco e ajeitei minha espada na cintura.

"— Aemond se importa com você, Alyssan." a encarei "— Ele pode ser bem implicante as vezes, mas ele é assim comigo também." sorriu e levantou do banco. "— Só...dê tempo a ele, tudo bem?"

Assenti e me despedi da princesa com um sorriso, voltando para dentro do castelo. Vi meu tio entrando pela porta da frente e fui até ele.

"— Podemos conversar?" ele assentiu e nos afastamos dos demais, indo para uma das torres. Me aproximei dos muros de pedra e meu tio me acompanhou. Suspirei e o encarei. "— Me perdoa. Me perdoa por falar com você daquele jeito, eu só..."

Bufei, mordendo os lábios.

"— Eu só não gosto quando você desconfia de mim ou algo do tipo. Mas realmente não sou você, tio. Não vou quebrar o manto pois ele é muito importante pra mim. Nossa família é importante pra mim. Eu só peço que confie em mim."

Meu tio balançou a cabeça e me puxou para seus braços.

"— Eu te perdôo, mas nunca mais fale comigo daquela forma." se afastou. "— Sou responsável por você, Alyssan, me preocupo com você."

Sorri fraco, assentindo.

"— Estamos bem?" perguntei.

"— Estamos bem."

[...]

"— Quero que mande o convite para Pedra Do Dragão imediatamente." a Rainha dizia para um dos seus empregados.

"— Sim, Vossa Graça."

Ele se afastou, Aemond e Aegon bufaram.

"— Por que estamos aqui?" Aegon perguntou. "— Eu não me interesso por esse tipo de jantar."

"— Precisamos comemorar a gravidez de sua irmã. Ela será sua esposa, se acostume com isso." Alicent se aproximou dos seus filhos, eu apenas observava de longe. "Você está aqui pois é o pai, irmão e futuro marido dela. Além de que vai se tornar rei."

Aegon escutava sua mãe em silêncio.

Aegon não é o herdeiro de Viserys, Rhaenyra era, mas Alicent se recusava a aceitar isso assim como seu pai, Otto. Aegon foi o primeiro filho homem de Viserys e segundo eles, era para ele ser o Herdeiro, não sua irmã. Mas Aegon não queria isso, ele não queria ser rei. Aegon II sempre gostou de curtir a vida, beber e transar com mulheres nas casas de prazeres espalhadas por Westeros, ele nunca quis ser Rei, mas sabe que não vai conseguir fugir dessa responsabilidade.

"— Você será Rei um dia, meu filho." Alicent segurou seu rosto. "— Esteja pronto."

Alicent saiu da sala e Aegon sentou em uma das cadeiras bufando.

"— Tá vendo, Alyssan?" me virei para ele. "— Nunca se case, casar é problema."

Soltei uma risada fraca e Aemond me encarou.

"— Não encha ela com suas frustrações." Aemond disse, sentando ao seu lado. "— Helaena é uma ótima mulher. Ela aceita suas traições e suas saidinhas quieta. Ela é inocente enquanto você não consegue segurar o pau dentro das próprias calças."

Aegon revirou os olhos e bebeu seu copo de vinho de uma vez só, batendo com o vidro na mesa.

"— Case-se com ela então, meu irmão." disse firme, levantando da cadeira.

"— Se minha mãe me casasse com ela eu cumpriria minha responsabilidade." Aemond respondeu, praticamente deitando na cadeira. "— Diferente de você, sei tratar uma mulher bem."

Aegon riu desacreditado e me encarou, se aproximando de mim.

"— Se você pudesse se casaria, Alyssan?" perguntou, parando na minha frente.

"— Não, meu príncipe."

"— E por que?"

Engoli em seco e ajeitei minha postura, elevando mais meus ombros.

"— Não acho que sirvo para esse tipo de compromisso, meu príncipe." respondi sincera "— Fiz uma promessa para a minha família e desejo cumpri-la eternamente."

Aegon riu e assentiu, dando tapinhas no meu ombro.

"— Você é esperta, sempre gostei de você." continuou com a mão em meu ombro e se virou para Aemond. "— Eu me casaria com Alyssan, ela sim é mulher de verdade."

Aegon voltou a me encarar e me observou de cima a baixo, me deixando levemente desconfortável. Aemond levantou de sua cadeira e se aproximou.

"— Mas ela não se casaria com você. Não é, Alyssan?"

Os dois se viraram para mim e eu apenas fiquei em silêncio, desejando não responder aquela pergunta. Aegon gargalhou e apertou meu ombro novamente.

"— Se eu ordenasse, ela se casaria." tocou a ponta do meu nariz. "— Te vejo por ai, Alyssan Cole." ele piscou um olho e se afastou, saindo do salão.

Aemond bufou e voltou a se afastar, sentando na cadeira novamente.

"— Me espere lá fora, quero ficar sozinho."

Ele ordenou. Assenti e me reverenciei, saindo do salão e ficando ao lado da porta, parada e em silêncio.