Tal qual o mito da rainha Lâmia
A vida se apresenta
Perigosamente linda
Indiscutivelmente cruel
Beleza de sereia
Em corpo de serpente
Não à toa Hera a puniu
Impedindo-a de cerrar os olhos
E jamais olvidar seus pecados
Impossível esquivar a visão
Paralisia do sono em vida
Mas Zeus, apiedado,
Concedeu-lhe curioso poder
Extrair os próprios olhos
Desvie das mazelas
Vistas sem descanso
Permita-me o mesmo
Deus dos deuses, eu imploro
Conceda-me a honra
Da privação completa de meus males
Não te peço a salvação
Pois dela advém a morte
Como numa plantação de Teixo
Os troncos curam e as folhas matam
Só rogo pelo momentâneo prazer
Do esquecimento eterno