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nothing breaks like a heart

Talvez fosse o tempo úmido.

Tinha certeza que ia chover muito dado a coloração cinza escura das nuvens e também o cheiro característico e refrescante junto dos ventos frios que passavam por você e te arrepiavam os pelos.

Talvez fosse isso a sensação ruim no seu peito.

Ah, verdade. Tem também o fato de você ter sido chutada porta a fora pelo seu namorado.

Ou melhor, ex-namorado. Apesar de você não ter escutado direito já que sua mente tinha paralisado. Acontece às vezes quando você está passando por uma situação de estresse. E nesse caso, muito estresse porque ele estava falando, praticamente gritando na sua cara, e tudo o que você conseguiu prestar atenção foi em umas pernas nuas e femininas demais pro seu gosto, descendo as escadas da casa.

Ou pelo menos você achava que eram pernas, já que você estava do lado de fora e as escadas ficavam no final do corredor do hall que dava acesso à entrada.

Franziu o cenho, o ignorando totalmente enquanto via o corpo — que com muito custo naqueles cinco segundos você aceitou que era o de uma mulher — chegar mais perto e ir se revelando na cara de quem você menos esperava.

— TÂNIA? - gritou, chocada para se dizer o mínimo, e fazendo a mulher de cabelos cacheados sorrir ladina.

— E aí, S/N? - cumprimentou, tranquilona e se encostando no batente da porta.

— QUE PORRA É ESSA MATHEUS? - continuou, sem nenhum controle na voz. Aliás, sem controle de nada!

— Já falei que meu nome não é assim!

— VOCÊ TAVA COMENDO A TÂNIA E É POR ISSO QUE VOCÊ TA TERMINANDO COMIGO?! - você estava doida, estava maluca, estava enlouquecendo.

O tal do Matheus nem tentou se explicar, cansado e exasperado com o show que você dava. Tânia, ainda no batente do porta, só fazia achar graça da sua histeria. E você muito da esperta, conseguiu ver claramente o sorrisinho no rosto dela.

— TÁ RINDO DO QUE PIRANHA? - meu deus, sua voz não abaixava por nada.

— De você corna, fazendo esse escândalo todo. Ridículo esse papel que você tá pagando S/N, sinceramente. - ah, mas pra que? Pra que que ela foi falar isso.

— EU VOU TE MOSTRAR QUEM É A RIDÍCULA! - e simples assim, avançou na mulher.

— S/N! NÃO NÃO NÃO NÃO, SOLTA ELA! - Matheus tentava — falhadamente — te tirar de cima dela.

— AAAAAAAAAAAAAAAAH, ME SOLTA VAGABUNDA! - gritava, apertando seus braços para que não puxasse mais de seus preciosos cachos, mas você sequer sentiu as unhas longas penetrando na sua pele, balançando a cabeça dela com ainda mais força.

— NÃO SOLTO! - estapeando e indo com as mãos para o pescoço dela, apertando e balançando que nem fez com a cabeça.

— AAARRRGH COF COF, ELA VAI ME MA-

— VOU MESMO!

Mas que pena, você não matou. Porque o podre do Matheus conseguiu te tirar de cima dela, rodeando seu corpo e te afastando o máximo que conseguia dela.

— NÃO, VOCÊ NÃO VAI! - gritou, esbravejando e te sacudindo. Você o encarou assustada, não registrando muito bem quando ele simplesmente te empurrou e quase te fez cair de bunda no chão. — CHEGA DESSE SHOW, OLHA A QUANTIDADE DE GENTE QUE VEIO VER SUA PALHAÇADA! - gesticulou, mostrando a quantidade de cabeças para fora das janelas e vizinhos que até mesmo estavam nas portas, pensando se iam chamar a polícia ou não.

𝐈 𝐋𝐔𝐕 𝐔, 𝐅𝐮𝐬𝐡𝐢𝐠𝐮𝐫𝐨 𝐓𝐨𝐣𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora