Capítulo 43

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"Quando alguém se dedica a alimentar ilusões, perde oportunidades."

Roberto Shinyashiki

- Vim ver se meu irmãozinho está pronto, antes que a coisa loira que você é obrigado a chamar de esposa acabasse vindo pessoalmente. - Maxine havia fechado a porta do quarto, e fora nítido o alivio que Derick sentiu quando viu que quem havia ido até seu quarto, era sua irmã. - Ela está reclamando que os convidados já estão chegando e você não está junto dela pra recebe-los.

- Por mim que reclame. - Derick assumiu sua falta de paciência com os caprichos de Alicia. - Ela sabe muito bem que detesto ter que fazer esse tipo de comemoração chamativa.

- Você faz isso a 10 anos, não se acostumou ainda? - A mulher de olhos verdes questionou em tom ligeiramente debochado, agora que se sentava na cama, enquanto observava o irmão pegar o aparelho de celular sobre uma das bancadas do quarto, desconectando o aparelho do carregador.

- Pra ser sincero não. - O mais velho admitiu com uma risada debochada. - Mas, esse ano em especial não sinto desejo algum de comemorar nada. Não depois de tudo que aconteceu.

- Eu posso imaginar como se sente. - A morena não escondia o tom de pesar em sua voz. - Eu me lembro da festa do ano passado, foi quando você me disse que você e a Alicia planejavam voltar pra Nova York. Quem diria que apenas um ano depois tanta coisa mudaria.

- O ano mais turbulento que ja vivi nesses 44 anos.

- As coisas ainda podem melhorar, Derick. Não seja pessimista.

- Não estou sendo. Mas, também não quero criar expectativas. - Ele era sincero, com a irmã e com ele mesmo. Seu comportamento totalmente desestimulado fazia Maxine o olhar com certa preocupação. Mesmo que Derick se mantivesse firme e centrado, era mais do que nítido que ele estava triste. - Por favor, não me olhe desse jeito. - O resmungo mal humorado saia como alerta. Havia se cansado de ficar na posição de "coitadinho", precisava de fato parar de colocar a si mesmo nessa posição, carregando culpas que não lhe pertenciam e cedendo a chantagens que deveria ter encarado de outra maneira. - Melhor descermos... Quero beber uma boa dose de whiskey pra anestesiar meu mau humor.

- Que seja. - Maxine não ousava discutir nem discordar. Ela apenas se levantava da cama, e seguia o irmão que agora havia aberto a porta, para que ambos saíssem do quarto.


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- Porque aquela garota ruiva não para de te olhar? - Maxine perguntava, agora que Derick finalmente fora deixado sozinho, livrando-se dos insuportáveis bajuladores que passaram quase metade da noite envolta do bilionário.

- Quem? - A pergunta soava despretensiosa, enquanto os olhos azuis procuravam a quem Maxine poderia se referir. - Ah, a Cecily? Nem notei que ela estava me olhando.

- Ela é amiga da sua enteada, não é? - Os olhos verdes se arregalaram um pouco, surpresos pela ideia que se passou pela cabeça da advogada. - Não me diga que teve alguma coisa com essa garota também.

- Pelo amor de Deus! Claro que não. - O tom de Derick soava claramente ofendido.

- Então porque ela fica te olhando de um jeito esquisito? Parece preocupada com alguma coisa.

- Não sei. - Derick deu de ombros, atrevendo-se a olhar na direção de Cecily, buscando entender o que ela poderia estar fazendo quando o observava daquela forma. - Ela sabe o que aconteceu, até tem me oferecido apoio. Tenta puxar assunto vez ou outra. - O mais velho agora aproveitava que um garçom passava, e pegava mais um copo de whiskey. - Talvez a Kyra tenha mandado ela me vigiar. - Ele riu, debochado e desdenhoso. - Acho que ela só entrou na minha casa pra isso. Pra observar o que fazemos.

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