Fuga.

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Oi pessoas desculpe a demora, mas temos um momento crucial em nossa história.

aproveitem e se quiser favoritar, fique a vontade.


Recife, 20 de maio de 1993.

Era o início da manhã quando Anna pegou os seus poucos pertences e chamou um táxi que lhe levou ao TIP, chegando ao local, ela comprou uma passagem para Gravatá no interior de Pernambuco, estava vestindo uma saia azul marinho, uma blusa branca, meia calça bege e sapatos e usava um lenço azul marinho no cabelo.

Pedro Augusto chegou atrasado quase perdendo a hora para comprar a passagem, naquele domingo seria a primeira comunhão dos alunos de sua mãe; Dona Leopoldina trabalhava no setor administrativo da prefeitura de Gravatá, mas aos sábados era catequista na paróquia que frequentava; ele deveria estar presente na cerimônia.

Anna e Pedro sentaram-se no mesmo número de acento, era impossível para ele não notar as marcas no rosto da moça que estava ao seu lado, ela ficou na janela, quando o ônibus parou na rodoviária de Gravatá, ele tocou o ombro da moça que o olhou.

- Moça, vamos até uma farmácia. Pede ele.

- Pra quê?

- Você está toda machucada...

- Mas você é um estranho pra mim. Afirma ela.

- Hoje eu serei um estranho que vai cuidar de você. Diz ele sorrindo.

Na farmácia Pedro comprou gases, soro fisiológico e remédio para as feridas físicas de Anna, as que residiam em sua alma não se curariam com facilidade, ele olhava com estranheza a moça de lenço, mas a achou muito bonita mesmo toda machucada.

- Olha moça, não vou lhe perguntar o que aconteceu, nem vou lhe julgar. Diz ele enquanto lava os machucados dela com soro.

- Foi meu ex-marido, ele era agressivo. Confessa ela.

- Eu lamento por você. Diz ele baixando os olhos.

- Não tenha pena de mim, muito obrigada por tudo. Diz ela se levantando para ir embora.

- Me diga ao menos o seu nome. Pede ele.

- Eu me chamo Anna Zimmermann.

Os dois trocaram o primeiro olhar, os primeiros segundos que eram eternizados naquele exato momento, o cheiro de Anna ficou nas lembranças de Pedro e ele jamais se esqueceria disso.

Casa Amarela, 2007.

Pedro Augusto sonhava com Anna, durante o sonho eles se beijavam docemente na ponte Imperador D. Pedro II na Boa Vista, era um dia ensolarado e eles estavam felizes, quando de repente ele volta ao dia na rodoviária de Gravatá, as mãos dele estavam vermelhas, sujas com o sangue dela que se encontrava desacordada nos braços dele.

- "Anna, por favor, não vá embora, eu te amo". Dizia ele enquanto a abraçava.

A sensação de susto o acordou abruptamente, ele tomou uns dois copos de água, se acalmou e foi escutar os recados da secretária eletrônica.

Biblioteca pública de Amsterdã, Holanda.

Hoje era o dia de Teresa cuidar do setor infantil da biblioteca, depois que umas 15 crianças passaram pelo local, ela foi arrumar a bagunça sendo ajudada por uma outra funcionária, enquanto juntava os livrinhos que ficaram no chão da sala, a outra garota notou a cicatriz que ficava evidente no tule do vestido.

- Nossa, o que te aconteceu? Pergunta a colega de trabalho com um misto de inocência e curiosidade.

- Foi apenas um acidente no campo. Diz ela tentando passar naturalidade.

- Por que você não remove essa cicatriz? Sugere a colega.

- Ela está em um local não tão visível. Responde Teresa com um sorriso.

Quando a funcionária saiu, Teresa não conteve as lágrimas, o remorso de mentir para o grande amor de sua vida, lhe roubava a tranquilidade, a sua vontade era de contar a Pedro que havia sobrevivido ao tiro no peito, mas isso o colocaria em risco; ela havia sido forte por 14 longos anos, mas estava cansada daquilo, Teresa limpou as lágrimas, tinha que seguir em frente, mas algo dentro dela jamais se refazia.

Centro do Recife, cais da alfândega- Tarde do dia seguinte.

Os cabelos ruivos de Chaya voavam com o vento, ela fazia um desenho em seu caderno sem pauta, havia herdado o talento para a pintura vindo de sua mãe, porém Amat não pintava mais.

Nathanael passava pelo local e ficou encantado ao ver a moça ruiva com seu caderno sem pauta, sua beleza deslumbrava o jovem hassídico que passava pelo local.

- Boa tarde moça, meu nome é Nathanael Scheifer.

Ao ouvir aquele nome Chaya tremeu.

- Não podemos nos falar, eu sou Chaya Goodman, filha de Moses e Amat Goodman, isso me faria sobrinha de Anna, ex mulher do teu irmão mais velho, Davi.

- Como uma moça tão bonita pode ser parente daquela cobra? Ironiza ele.

- Primeiro que a minha tia não é nenhuma cobra, depois que é teu irmão que é um assassino.

- O quê? Reage ele perplexo.

- Diferentemente de todos, eu o teria denunciado. Diz ela se dirigindo à ponte Maurício de Nassau.

A moça das tulipas.Onde histórias criam vida. Descubra agora