Gravatá.
12 de junho de 1993.
Anna utilizava um orelhão que ficava a uma certa distância da casa, ela usava um lenço no cabelo e um vestido preto, ela ligava para a casa dos Gromiko e falava com Mirian.
- Eles tão me procurando? Pergunta Anna preocupada.
- Calma, os Scheifer tão furiosos, descobriram os exames, Davi quer a anulação do casamento.
- Eu estou perdida Mirian. Lamenta ela.
- Amiga...
- Tenho que desligar.
Pedro Augusto se arrumava para ir ao forró, era noite de Santo Antônio e a cidade estava toda animada para a festa; ele pegou o vidro de Charisma para ficar cheiroso.
- Tu não se arruma assim pra ir na igreja. Reclama Dona Leopoldina.
- Oxe mainha, tenho que ficar bonito pra arrumar um par no forró.
- Só uma mão do Charisma, viu?! Que Dona Santinha tá doente e daqui que arrume outra revista da Avon pra comprar, fico sem perfume.
Ele saiu todo arrumado para dançar até o sol raiar, do outro lado, Anna se perdeu no caminho de volta para casa e acabou indo parar no forró; uma criança extremamente cruel jogou uma cobrinha em sua direção e acertou a saia de seu vestido, ela se desequilibrou e caiu no chão, Pedro Augusto viu a cena e foi acudir a moça.
- Suas pestes!... Venha cá moça. Diz ele a ajudando a se levantar.
- Você? Perguntou ela incrédula em reencontrá-lo.
- Oxente, tu é a moça que eu ajudei na rodoviária, tô indo pro forró, tu quer ir?
- Quero! mas eu tô com um buraco no meu vestido.
- Ninguém reparou, moça. Diz ele sorrindo.
Os dois dançaram forró bem juntinho, comeram milho cozido e paçoca de amendoim, ela sorria e ele não parava de olhá-la, quando deu nove da noite, Pedro Augusto levou Anna até a rua onde ela morava, ele a beijou com uma ternura ardente e ela correspondeu o beijo.
- Antes de você ir, eu queria que soubesse que estou aqui fugindo de um casamento fracassado. Confessa ela.
- Eu não me importo, você tem todo o direito de refazer a sua vida.
- Eu sou estéril.
- Mais uma vez, eu não me importo.
- Não se importa? Pergunta ela confusa.
- Não. Afirma ele sorrindo.
Nos dias que seguiram aquela noite, eles voltaram a ser encontrar e um grande amor surgiu; Anna descobriu o amor cde sua vida e Pedro vivia o seu primeiro amor de forma sincera.
30 de junho de 1993.
Anna havia comprado um vestido novo, ela estava toda arrumada, pois iria conhecer Dona Leopoldina, mãe de Pedro Augusto, a moça chegou na casa deles.
- Oi Dona Leopoldina. diz ela timidamente.
- Mainha, essa é Anna Zimmerman. Diz Pedro sorrindo.
-Essa menina não é daqui não, né?
- Eu sou do Rio de Janeiro, mas moro a algum tempo aqui em Pernambuco.
A mesa estava colocada, havia feijão macassar, arroz de cenoura, salada, farofa, batata frita e uma panela de galinha de cabidela, que é um prato muito tradicional da cozinha Pernambucana.
-De que é feito o pirão da galinha? Pergunta Anna com curiosidade.
- Do sangue da galinha batido com vinagre e sal. Responde Leopoldina enquanto colocava o prato do filho.
- Tudo bem se você não quiser. Diz Pedro com gentileza.
- Eu como sem a galinha, não tem problema. Diz ela envergonhada.
- Mainha, a Anna é judia e não pode comer sangue de animais. Diz ele enquanto comia.
Eles comem em silêncio, ao final da refeição, Anna pediu para ajudar a lavar a louça, da cozinha ela não pôde deixar de ouvir o diálogo entre Pedro e Dona Leopoldina que estavam na sala.
- Mainha, pelo amor de Deus, a senhora pode pelo menos fingir gostar da moça, a bichinha tá morta de vergonha.
- Tu me trás essa menina aqui, cheia de complicação e ainda por cima é casada.
- Separada, mainha!
- Agora tu é urso, por acaso? Tanto que eu orei pra Santo Antônio enfiar juízo nessa tua cabeça e tu me arruma uma bronca dessa.
- Oxi, não tem bronca nenhuma, mainha.
- Não vou discutir contigo não, visse Pedro Augusto, mas na hora certa vou falar que eu te avisei.
Casa Amarela, novembro de 2007.
Leopoldina veio ao Recife para a festa em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, como boa católica, ela queria agradecer a santa por estar com saúde, ela interfona para o apartamento de Pedro Augusto.
- Oi Pedro Augusto.
-Mainha, o que a senhora está fazendo aqui?
- Vim pra Festa do Morro, eu avisei que vinha.
- Eu vou aí, pegar as coisas da senhora.
Pedro estava de pijama e descalço, desceu as escadas do prédio com rapidez e foi ao encontro da mãe.
- Tu não vai pra médica essa semana, ne?
- Mainha, a senhora veio pra orar ou pra bisbilhotar as minhas coisas?
- Os dois. responde ela com sinceridade.
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A moça das tulipas.
FanfictionMirian Gromiko encontra no sótão da casa de seus pais uma lata de biscoitos que pertenceu a Anna, sua melhor amiga. Ela decide então que esse objeto deve ficar com Pedro Augusto, a quem Anna tanto amou, porém nenhum deles sabia que o destino lhes re...