Capítulo XI: Ruínas construídas

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Nas movimentadas ruas de um distrito mediano do interior, entitulado como Acrisium, nevava como nunca; fazendo do céu um merecido retrato artístico de uma simbologia melancólica e depressiva, as nuvens pareciam ter devorado o céu, fazendo daquele evanescer de geada um tanto azulado.

- Já pensou algum dia conhecer os grandes distritos como Asako, Otanix, Cronos ou qualquer outro? Eles são tão lindos. - Indagou uma garota de cabelo ondulado em tons loiros, debruçada na ponta de uma pista de skate. O local estava vazio, com pichações e grafites nas paredes escritos "Justiça por nós" e derivados.

- Levi, mas como viveríamos lá? Somos pobres, se esqueceu? - Contestou outrem, sendo este Marshall. Seu semblante era introspectivo e pensativo.

- Nosso laço pode fazer qualquer situação ser suportável. - Indagou a garota, segurando na mão de Marshall. - Merda, já está escurecendo! Não queria ter que ir...

- Eu também não, mas você sabe como é a minha mãe... Eu preciso ir. - Disse o garoto, cabisbaixo enquanto segurava a mão da garota. - E não se esqueça, eu amo você.

- Eu também te amo, Marsh! Nós nunca separar-nos-emos, certo? - Perguntou a jovem Levi, sorridente e apertando a mão de Marshall.

- Sim, estaremos sempre juntos. Considere isso uma promessa. Para a vida toda! - Prometeu Marshall, sorrindo de volta e levantando-se, ajeitando suas vestes.

- Até mais, meu amor. - Despediu a menina, mandando um beijo a distância com as mãos.

- Até mais, Levi. - Este sorriu, caminhando para as ruas enquanto o vento sacudia suas vestes.

Apesar da desigualdade social naquela região, com pessoas sem-teto pela calçada, entulhos e pichações pelos prédios com a tinta descascando, ainda existiam aqueles que possuíam um lar para morar. E, dentre estes, havia uma pequena casa de cor bege e simples, mas confortável e bem arrumada: era a casa da família de Marshall. E, como sempre, as coisas estavam caóticas.

- Hã..? O que você disse, minha filha? - Indagou uma moça enquanto bebia uma garrafa de vinho direto do gargalo, esparramada na poltrona e prestes a deslizar para o chão, como se sucumbisse cada vez mais para um maldito abismo.

- Esse é o problema aqui, mãe! Eu sou feito de empregado, escravo e ninguém me valoriza... Eu só tô cansado... - Lamentou Marshall, sentando-se no tapete com manchas antigas de vinho.

- Cansado? Minha filha, não se fala cansado, mas sim cansada. Se continuar falando desse jeito, vão acabar te entendendo mal. - Explicou sua mãe, encarando o nada, em um olhar catatônico e deixando os braços despojados com a garrafa em mãos, chegando a derramar poucas gotas do vinho no chão.

- Mãe... É-É que... - Gaguejou Marshall, interrompendo-se e encarando seu próprio reflexo no espelho quebrado da sala, pelo qual refletia diretamente seu rosto. Sabia que não podia transpassar tudo o qie pensava e sentia, acreditava viver em uma realidade precária demais para que sua "vaidade" supere a necessidade. - Não é nada, mãe. - Reprimiu-se, mais uma vez.

- Ah, então está bem. Vai dormir, vai. Não é hora de mocinhas estarem por aí. - Sugeriu a mãe, levando a garrafa à sua própria boca e bebendo ainda mais.

- Um dia... Um maldito dia... Terei minha oportunidade de ganhar o mundo. E, quando essa oportunidade vir, agarrar-a-ei com tanta força que ninguém vai conseguir me soltar. - Sussurrou Marshall, levantando-se e caminhando rumo ao corredor, desaparecendo em meio a escuridão da casa.

BLOODHAIL XI

- Dias se passaram desde o conflito nos quarteirões de uma das igrejas de Gakushin! No entanto, cerca de 62 pessoas morreram e mais de 30 estão feridas, claramente uma guerra se aproxima e o fanatismo é a culpa disso! Até quando as forças da Capital se manterão em silêncio? As opiniões de nossos especialistas não acreditam na capacidade dos soldados da OIVGR e milicianos dos distritos para combater tamanha ameaça! Mas, antes de vermos as imagens do local após o conflito, ficaremos com os nossos patrocinadores! - Indagou uma apresentadora de um jornal nacional que estava sendo emitido por uma televisão na parede de uma enorme sala da OIVGR. A sala era moderna e sofisticada, mantinha o símbolo da organização ao alto da sala, parecendo um tipo de quartel general.

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