|05| O PODER ASSUSTA OS HOMENS

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Soraya's POV:

Por volta das 15h30min daquele mesmo dia, a entrevista na rádio se encerrou. Falamos sobre as minhas propostas, sobre a repercussão dos debates, sobre os meus palpites para o domingo e através de um internauta, Simone também foi assunto. Enquanto seguia para o meu carro, a pergunta ainda ecoava em minha cabeça:

Flashback:
"Recentemente você e a Candidata Simone Tebet foram vistas juntas em um aeroporto. Vocês são muito amigas? Como conciliar a amizade e a corrida para a Presidência da República?" Perguntou-me.

"Nós nos conhecemos há anos e Simone é uma pessoa muito querida... Uma inspiração pra mim. Creio que a política é uma missão e não uma carreira. Você entra, faz a sua parte e tchau. Simone e eu estamos lutando por um Brasil melhor e eu fico satisfeita em conviver e debater com uma candidata madura e com ideais parecidos aos meus."

Mas na verdade, o que eu queria dizer era: "Simone Tebet tem o meu corpo, o meu desejo e toda a minha afeição em suas mãos."

(...)

Simone estava hospedada na casa de sua mãe desde a manhã daquele sábado. As duas tinham muito o que conversar. Sobre as filhas de Simone, sobre seu casamento e até mesmo sobre um possível 2º turno envolvendo Simone ou não. As duas eram bem realistas, estavam na política de maneira indireta e direta há muitos anos.

Sentada no sofá da sala de estar, Simone segurava uma xícara de chá perto dos lábios e fitava de longe os porta-retratos do seu pai falecido. Quando a melancolia estava prestes a lhe pegar pela mão, sua mãe, uma senhora baixinha, de cabelos curtos negros como o dela e feições calmas se juntou à ela no sofá.

"Nós falamos sobre tudo um pouco, menos sobre Eduardo. Você não acha que eu vou deixar passar, não é?"

"Eu esperava que sim, mamãe." Simone suspirou, tomando um gole da bebida que já estava ficando morna.

"Não posso, Simone! As meninas sempre deixam escapar alguma coisinha. Eu sei que as coisas não andam bem." Fairte arqueou as sobrancelhas em direção à Simone e a candidata à Presidência sabia que mentir ou contornar a situação não eram opções.

"Não há nada acontecendo, veja bem..."

"Não, não vem com esse papo de Senadora pra mim. Seu pai sempre conseguia me ganhar com aquela lábia dele de político." Simone gargalhou.

"Eu aprendi com ele, Dona Fairte. Como você acha que eu cheguei onde cheguei?" De repente, os olhos de Fairte se encheram de lágrimas, cheia de orgulho de sua filha. Ela esticou uma das mãos até o cabelo de Simone e fez um breve carinho próximo à sua nuca.

"Minha filha..."

"É minha família, mamãe. Eu consigo resolver. Como eu poderia me achar capaz de governar um país se não consigo arrumar meu casamento?"

"Arrumar." Fairte estalou a língua, impaciente. "Terminar, você quis dizer."

"Mamãe! Nós podemos tomar esse chá em p..." O celular de Simone tocou e vibrou no bolso de sua calça. "Só um minuto mãe. É importante."

A morena disse assim que reconheceu aquele contato. Era Soraya. Se levantou com sua xícara na mão e foi atender na outra extremidade da casa, uma enorme varanda que dava acesso ao jardim de Fairte Tebet.

(...)

Soraya's POV:

O celular chamou pouco. Logo ela atendeu e eu pude ouvir sua respiração do outro lado da linha.

She Knows [Simone x Soraya]Onde histórias criam vida. Descubra agora