|08| DESCULPE O AUÊ

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Olá, pessoal! Primeiro, eu gostaria de pedir desculpas pela demora. Eu estava doente, mas já me sinto muito melhor. Espero que gostem da leitura.


Soraya tomou um banho demorado e quente. Se arrumou formalmente, usando uma calça pantalona verde escura e uma blusa delicada em tom pastel com um decote discreto. Colocou saltos altos, pouca maquiagem e arrumou os cabelos soltos. Ainda era quinta-feira e ela precisava trabalhar. Sentada em seu gabinete, com o celular bem à vista disposto em cima da mesa em sua frente, ela estalava cada falange dos dedos das mãos. Aquela era uma mania que a sua mãe sempre considerou irritante. Acabaram-se os dedos e também o pouco de autocontrole que ela achava que tinha. Navegando pelo menu do celular, encontrou o número de Simone e ligou para ela. Chamou uma, duas, três vezes e a morena atendeu.

"O que você está fazendo?" Soraya tinha, estranhamente, uma voz muito calma. Ouviu-se vozes ao fundo e o volume delas gradativamente diminuiu ao que Simone se trancou em um dos quartos de hóspedes da casa de seu anfitrião.

"Estou prestes à almoçar com o Lula, alguns aliados, sua família. Como você está?" Simone passou levemente uma das mãos pelo cabelo negro, tirando a franja de lugar cujo os fios lisos rapidamente voltaram a ter um caimento leve na lateral de seu rosto ovalado.

"Não, Simone. Realmente. Realmente o que você pensa que está fazendo?" Soraya estava franzindo a testa, formando um vinco entre as sobrancelhas. Tinha aquela expressão séria, os olhos miúdos estavam ainda mais estreitos. Ela mirava um ponto qualquer em sua mesa, tentando não alterar muito a voz mas àquela altura, já era tarde.

"Soraya?" Simone questionou-se. Até tentou rever as últimas horas e não conseguiu acreditar que Soraya estava se opondo à Lula outra vez, não depois da noite que tiveram. "Você sabe muito bem o que eu estou fazendo. Peguei o primeiro voo para São Paulo, declarei meu apoio ao candidato à favor da democracia, agora estou socializando com alguns..." Soraya estalou a língua do outra lado da linha, impaciente.

"Me poupe disso, Simone. Pelo amor de Deus. Eu estou falando do seu cinismo em olhar pra esposa do seu candidato daquele jeito. Sem falar na piscadinha! A piscadinha!" Soraya se levantou de sua cadeira rapidamente, deixando o móvel girando para o lado. Ela andou pela sala e se certificou de trancar a porta para ter aquela conversa muito desagradável em paz. "Se você não tem o mínimo de consideração por mim, deveria ter pelo..." Soraya brecou. Passou a mão na testa e suspirou, desistindo de citar Eduardo.

"Fala. Você começou, você termina." Simone exigiu.

"Suas filhas. Eu queria tanto que você visse o tamanho da enxurrada de vídeos em que me marcaram! 'Ah, coitada da Soraya... Ah, se eu fosse a Soraya, a Simone dormia no sofá!'" Ela citou os comentários que se lembrava com uma voz em um tom mais fino e debochado, exagerando.

Nesse momento, Simone gargalhou e isso irritou muito a loira que chegando perto da mesa outra vez, encostou-se nela, se escorando nos quadris fartos.

"Eu preciso almoçar agora, tá bom? Nós conversamos sobre esse surto coletivo mais tarde." Simone disse em um tom amigável, mas o sangue de Soraya fervia.

"Mais tarde? Mais tarde, Simone?" Ela parecia até incrédula.

"Sim, eu devo estar indo para o hotel à noite. Eu te ligo." E desligou.

Soraya ouviu a linha ficar muda e sentiu vontade de jogar o celular no chão com toda a força. Ela estava chegando à ponto de realmente surtar, como Simone disse. Ao invés disso, ela apertou o aparelho com toda força até os dedos ficarem esbranquiçados e saiu da sua sala levando consigo a sua bolsa. Ao sair, bateu a porta com tanta força que pôde se escutar o barulho em todo o corredor.

She Knows [Simone x Soraya]Onde histórias criam vida. Descubra agora