She Knows [Simone x Soraya]

|14| NAMORADAS?

"Hoje nós estamos diante do dia mais importante, eu acredito que de toda a nossa geração, quando nós estamos falando de país, de democracia. Hoje, o povo soberanamente vem às urnas e, de forma democrática, escolhe o futuro que quer para si, para os seus filhos e, o mais importante, é esperar que esse dia seja sereno, de paz, que a vontade do eleitor seja acatada e, seja qual for o resultado, nós estamos prontos para defender a democracia, o país." Simone Tebet, 30 de Outubro de 2022 ao votar. (Palavras reais)

Simone votou no primeiro horário da manhã na Escola Estadual Lúcia Martins Coelho em Campo Grande. Soraya a esperava dentro do SUV preto blindado dentro do estacionamento. Quando Simone venceu o bloqueio dos repórteres e fotógrafos, entrou no carro e encontrou a namorada em uma ligação de vídeo. Ela segurava o celular com uma mão e com a outra, apoiava o rosto ao segurar a bochecha e se escorar na porta do carro do outro lado.

"Eu queria estar aí... A senhora tem estado sozinha tempo demais. Eu espero que o meu irmão esteja ao menos te apoiando... se não eu mesma mato ele!"

"Assassinato não, Lala. Eu só posso dizer que apesar de ser idêntica ao seu pai, você é muito mais Thronicke que Batista."

A filha de Soraya gargalhou. A garota estava estudando no exterior e não pôde estar presente no Brasil no período de campanha.

Nesse momento, Soraya olhou para o lado, vendo Simone entrar e se acomodar ao seu lado.

"A Simone acabou de voltar, eu preciso ir."

"Tudo bem, mamãe. Mande um beijo!"

"Oi, Laura!" Simone chegou perto, encostando a bochecha no ombro de Soraya. Ao vê-la, Laura sorriu imediatamente e Simone concluiu que a jovem tinha o sorriso de Soraya. "Um beijo pra você também, querida!"

"Cuida da minha mãe, hein, dona Simone!? Já falei pra ela cuidar da senhora também."

A filha de Soraya revelou qual era o sermão antes de Simone voltar e o assunto deixou Soraya com as bochechas vermelhas.

"Obrigada, meu bem e pode deixar. Vou cuidar dela melhor do que eu cuidaria do Brasil." Disse Simone.

Laura gargalhou e depois de muitos beijos e um coração desajeitado feito com uma das mãos por Soraya, o trio se despediu e a chamada foi encerrada.

Dali, seguiram para o colegiado eleitoral de Soraya, a Escola Municipal Professor Arassuay Gomes de Castro, em um bairro próximo na mesma cidade.

"Vou descer com você." Simone não pediu a opinião de Soraya, já abria a porta. Quando saiu, um dos seguranças já estava ao seu redor e Soraya deslizava pelo banco do carro na mesma direção para sair pela mesma porta que Simone.

Ver tantas pessoas reunidas no mesmo lugar já era um motivo plausível para causar em Soraya os sintomas de uma crise de ansiedade. Ela segurou a mão de Simone e respirou fundo. Estava trêmula e as pontas dos seus dedos estavam geladas. Não tinha as melhores lembranças daquele lugar, vindas do primeiro turno. As vaias, os xingamentos sofridos... tudo poderia ser potencializado. Ela e Simone ainda não haviam emitido nada oficializando a relação, mas negar era praticamente impossível.

Soraya tentou abafar as vozes das pessoas enquanto caminhavam. Os seguranças mantiveram uma distância segura entre elas e o povo, de maneira educada e pacífica. O voto lhe foi facilitado. Soraya pôde adentrar sua seção e houve a necessidade de esperar apenas por um eleitor que terminava de fazer sua escolha na urna.

Quando a silhueta se ergueu da divisória e os olhos se encontraram, Soraya recebeu de seu ex-marido um sorriso de canto e uma negativa com a cabeça quando ele focou os olhos nas mãos entrelaçadas das senadoras. Ele se aproximou das duas, sendo fotografados e filmados.