eu não sou um garoto muito bom, tampouco gosto de insetos. mas todos insistem em lembrar o quão largas são minhas pernas, assim como um phasmatodea (bicho-pau, eles chamam, mas eu odeio nomes comuns, então me forcei a memorizar e apreciar cada espécime biológica esquisita para ver se conseguia preencher algum vazio que nem minhas pernas, longas demais, conseguem ㅡ movimento falho).
eu não sou um garoto muito bom, porque é o que eles dizem. piso em formicidae (formigas, as coitadas, eles chamam, mas eu odeio como elas são tão pequenas e, ainda, mais fortes que eu) quando as vejo, mesmo que sejam grandes e vermelhas; coleciono todos os insetos mortos por mim (e me chamo de Super Phasma, porque é um nome incomum e digno de mim), indefesos ou não, os coloco em potes e distribuo para eles, os outros: os comuns, os tolos, os que me julgam não bom. se é o que querem, então eu sou o vilão.
eles, os outros, têm medo de mim como têm medo de insetos e como têm medo uns dos outros. eles, os outros, são guiados pelo medo, pelo caos, pela incessante maldade e prazer de pisar em formigas e chamar garotos pequenos demais e inocentes demais de um bicho asqueroso e nojento.
e é por isso que perdi a esperança ㅡ não o inseto, beleza cuja jamais pude admirar de perto, mas a ridícula construção social de que esse mundo pode ter um final feliz; ao menos, não com o Super Phasma como vilão.
no fim, eu sei vou acabar morto como todos os insetos que pisei: em decomposição, comido por formicidae, até terminar no pote de um maluco que acha que a vida é uma história em quadrinhos.
eu já tenho catorze anos e sou esperto o suficiente para não ter mais esperança. eu vou morrer.
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esperança | CRAVITY +
Fanfic©〖강민희 shortfic〗para carol, não foi a heroína que matou o vilão, no final.