logo quando nasci, tornei-me um recém-chorão, porque viria a chorar pelo resto da minha vida ㅡ parte humano, parte inseto. chorei, então dormi. e acordei não com a visão de um teto branco e cegante, mas um de madeira aconchegante. minha real mãe não estava lá. uma esperança me tinha no colo, sorrindo como uma mãe real. e ela parecia mais alcançável do que nunca. não parecia um sonho. eu nasci.
levanto do colo da minha heroína, olhando aos arredores como um recém-nascido curioso com o mundo além do ovo vermelho o qual era incubado. têm cores vibrantes. verde, marrom. e cheiro de vegetais frescos. quanto tempo se passou desde que fui um feto? nove meses? um mês? eu não sei. mas todos os dias aprendo mais desse mundo. da minha reencarnação. não como um gigante, um outro, mas um ser humano. que respira e chora e tem vértebras. talvez longas demais, finas demais, mas não um bicho-pau. um ser humano nem vilão, nem herói. um bebê nu e inocente.
ouço um som novo. o que chamam de risada. a esperança me olha atenciosamente.
“você parece cheio de vida. nunca vi você olhando pra mais de um ponto em cinco minutos. te disse, passar um tempo longe da cidade gigante é ótimo, não é? até suas olheiras sumiram. você dormiu que nem um bebê ontem, e tava tão senero que nem tive coragem ou força de te levantar e colocar no colchão.”
tento lembrar de ontem. dos dias passados. toda vez que acordo, é como se eu nascesse de novo. e é tão bom. é tão bom ver cores, cheiros, texturas, sabores. é tão bom ser um humano. é tão bom... uma construção social. esperança. no peito. eu tenho um coração. e vértebras.
“minhee, meu filho, você acordou. ainda bem. pensei que você tinha ido com Deus de tão calmo que tava, parecia que um anjo tinha entrado no teu corpo. quase tive um infarto, aí ela disse que você só tinha dormido. que bom, porque hoje é dia de faxina. lavem a sala e os quartos enquanto eu faço o almoço!” a vó, sempre de bom humor, aparece na sala com uma faca suja de legumes cortados.
“sim, senhora! ah, vó, eu posso...” você olha de canto pra mim e vai até a vó para contar um segredo em seu ouvido. mal sabe ela que fui um inseto na vida passada. “... mostrar aquela surpresa pro mini antes?”
“ah! claro, minha filha! vai lá. só não demorem muito e não vão muito longe! quero essa casa brilhando até o fim da tarde.”
“sim, senhora!” você exclama como um soldado, fazendo continência. ambas me encaram, indicando que eu deveria replicá-la. embora já tenha passado um mês, nunca vou me acostumar com a parte social de ser um humano. mas minha super-heroína camuflada diz que tudo bem. que sou um feixe de luz. então tudo bem. eu não vou mais deixar gigantes ignorantes ditarem o tamanho das minhas pernas.
“sim, senhora...” eu sussurro, derrotado. os cantos da minha boca levemente se levantam. o que é isso?
“mini, vem! preciso te mostrar uma coisa. rápido!” a esperança pega na minha mão e me guia em direção à natureza adentro, cada vez mais longe de casa.
eu não sou um garoto muito bom, tampouco gosto de insetos. mas gosto de você.
ultrapassamos árvores e folhas vedando um arco-íris e uma atmosfera ensolarada pós-chuva, aroma de terra úmida ㅡ cujo, ainda bebê, descubro ser meu favorito. não enxergo um único inseto, pois estou ocupado demais admirando a natureza de seu sorriso alcançável como esperança. até que chegamos em um ponto não muito longe da nossa origem. parece uma casa tradicional não muito diferente da vó, com a única distinção de parecer desocupada por qualquer forma de vida, deixada para trás para a natureza tomá-la como sua. era o que eu achava.
o sol se fortalece e derrama luz pelas barreiras naturais criadas pelas árvores e suas copas. andamos até a parte de trás da casa abandonada, onde você mostra, ansiosa, um feixe de luz iluminando uma criatura verde familiar, mas que nunca pude contemplar perto, presa em um pote de vidro virado de cabeça para baixo.
uma esperança.
imagens ao vivo de uma esperança haha (muito obrigado pela sua obra de arte, carol. adoro sua criatividade! você me inspira)
é isso. é a primeira vez que eu escrevo algo de forma tão livre, segure da minha própria escrita mesmo sendo simples. eu tô muito satisfeite!
acho que parte disso é porque é dedicado a você, carol. você desperta a melhor parte de mim! por favor, continue sendo o ser esperançoso, cheio de palavras bonitas e amor pra dar que é. acreditando ou não, você é a esperança presa em um pote de vidro de muitos gigantes! e, mesmo lutando contra suas próprias pernas longas, ainda consegue trazer alegria àqueles que te cercam. você é um milagre.
obrigado por me fazer voltar a ter esperança, minha super-heroína camuflada! não só em minhas palavras, minha poesia, como em mim mesme c:
espero que tenha gostado desse presentinho!
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esperança | CRAVITY +
Fanfic©〖강민희 shortfic〗para carol, não foi a heroína que matou o vilão, no final.