QUINTA HISTÓRIA

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Chuva Em Teto de Zinco

          Pela janela da sala de jantar, Virgínia observava seus filhos brincarem na chuva

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          Pela janela da sala de jantar, Virgínia observava seus filhos brincarem na chuva. Sorria em silêncio e acalentava lembranças de sua própria infância.

O tempo lhe fora gentil, deixando que as marcas da idade fossem apenas linhas suaves, que davam a ela um ar aristocrático. Era uma mulher de meia-idade, olhos de azul sereno e lábios delicados, onde ofertava um leve sorriso a quem quer que fosse.

Correu os olhos para o cão faceiro, que pulava e latia entre os dois garotos enlameados no quintal. A algazarra era contagiante e a fez rir com as brincadeiras dos três.

"Quero só ver quando for a hora de entrar e sujar o piso branco da cozinha..." ― Pensou, divertida.

Era inevitável que ela mostrasse estar contrariada com os dois meninos mais o labrador fiel. Porém, lá, no fundo, se sentia feliz em vê-los assim novamente. Só em pensar nisto, sua espinha eriçou-se toda, fazendo-a quase derrubar o copo de suco em sua mão trêmula.

A lembrança ruim de um passado não tão distante, fez com que Virgínia erguer o corpo da cadeira de vime e bater no vidro, chamando a atenção dos filhos Eron e Dante. Eles olharam em sua direção, acenando alegres.

― Já vamos, mãe! Tá tão booom!

― Cinco minutinhos, tá?

Ela fez uma careta, mostrando a palma da mão, em resposta aos cinco minutos a mais. Foi até o armário das toalhas, pegou duas e um pano limpo para Xerife, o cachorro da família. Colocou tudo em uma cadeira, próxima à porta que dava para o quintal, e dois pares de chinelos ao lado.

Verificou se havia esquecido de algo e, satisfeita com tudo, subiu para seu quarto, separando uma roupa mais fresca e se dirigindo ao banheiro, para tomar um banho relaxante e aprontar um lanche bem gostoso para os filhos que ela amava acima de tudo.

Em pouco tempo, já estava pronta. Foi até o quarto dos meninos, separou roupas confortáveis e toalhas limpas.

"Assim que Eron e Dante entrarem, vou mandar que tomem um banho e desçam para lanchar." ― Pensou.

Ao chegar na cozinha, reparou que eles não haviam entrado ainda. Ficou contrariada, mas compreendia os motivos. Ela mesma não perderia de se divertir naquela chuva refrescante de verão. Foi até a porta dos fundos, que dava para o quintal e chamou pelos meninos.

Nada. Ninguém por lá.

Olhou na direção do abacateiro, a única árvore que eles tinham no pátio, para se certificar que eles não estavam empoleirados lá.

Nada, mais uma vez. Nenhum sinal dos meninos.

― ERON! DANTE! ENTREM AGORA OU EU VOU ARRANCAR AS ORELHAS DE VOCÊS!!

Nenhuma resposta.

O coração de Virgínia acelerou descompassadamente. Saiu em disparada pelo quintal, em meio a chuva, gritando pelos nomes dos filhos e do cão. Ela sabia que este iria latir, caso ouvisse os gritos dela, ou se os meninos estivessem em perigo.

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