NONA HISTÓRIA

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Dor Silenciosa

           Glória estava olhando sua imagem no pequeno espelho do roupeiro, no quarto de sua mãe

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           Glória estava olhando sua imagem no pequeno espelho do roupeiro, no quarto de sua mãe. Fixou o olhar direto na barriga e instintivamente a alisou. Seu pensamento era de ódio, não de acalento.

As lágrimas quentes deslizaram pelo rosto jovem e pálido. Ela estava tremendo e uma náusea subiu pela garganta, fazendo com que sentasse rapidamente na beira da cama.

― Glória! Tu vai se atrasar para a aula! Que tanta demora para se arrumar? Oxê!

Ela ouvia a voz da mãe vinda da cozinha. Precisava se arrumar e sair dali o mais rápido possível. Colocou o uniforme escolar, tomou seu café e saiu para a rua.

Descendo a trilha do morro com destreza, Glória estava plenamente consciente da importância de não perder o ônibus que a conduziria até o ponto mais próximo de sua escola, onde ela teria que caminhar um pouco mais. Sentindo a urgência no ar, aumentou o ritmo de seus passos, pois qualquer atraso poderia ser prejudicial.

No momento em que seus pés tocaram a calçada, ela acelerou imediatamente, sem deixar espaço para um instante de hesitação. E foi nesse exato momento que o ônibus apareceu, como se fosse parte de uma trama cuidadosamente orquestrada. Com um suspiro de alívio, Glória subiu a bordo, sentindo a adrenalina da corrida dar lugar ao conforto do assento

Mesmo não estando vazio, conseguiu um lugar para sentar, o que, naquele horário, já era um milagre. Suspirou, enfiando a cara no vidro para afastar os pensamentos sobre a noite anterior.

Já era a quarta vez naquela semana que seu padrasto abusava dela. E isto se repetia desde que tinha 10 anos! Engoliu seco, segurando a imensa vontade de chorar.

"Que adianta tentar contar para alguém? Ninguém vai acreditar em mim mesmo!" ― Pensou, resignada.

Uma hora depois, o ponto que deveria descer estava próximo. Glória levantou do banco, tocando o sinal. Olhou ao redor e teve a sensação de que todos os olhares inquisidores a julgavam.

Desceu rapidamente e seguiu seu caminho, tentando não correr para não chamar atenção.

Assim que chegou na escola, ajeitou a mochila pendurada de lado em um dos ombros e seguiu pelo corredor, encontrando uma de suas colegas de aula, que toda animada veio em sua direção:

― Glorinha, sua fofa! Adivinha só! A professora de educação física não veio! Ou seja, vamos sair um período mais cedo!!

Glória apenas sorriu, fingindo alegria.

― Que tal irmos ao shopping?

― Ah, não sei, Patrícia...

― Ué! Por que não sabe? Que mané não sabe?

― Tô sem grana, miga.

― E se paga para circular? Vamos dá um rolezinho básico! Bora? Vamos, sim!

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