Capítulo XXXIII

2.2K 209 37
                                    

- Quantos ovos tu quer?

Carol finalizou seu copo de água e o colocou dentro da pia antes de responder. Caminhou até o fogão, onde Rosa estava, e passou os braços por sua cintura, abraçando-a por trás.

- Três.

A catarinense quebrou cinco ovos em uma frigideira com manteiga e distribuiu uma pitada de sal sobre eles. Ela sorriu quando sentiu Carol apoiar o queixo sobre seu ombro direito.

- Que foi? - perguntou ela à mais velha.

- Já tô' com saudades.

Rosa riu baixinho enquanto mexia os ovos com um garfo, tomando o cuidado de não deixar grudar no fundo, nem deslocar o rosto da namorada.

- O carnaval é daqui um pouquinho, Carol - lembrou. - Tu já já tá' de volta.

Carol estalou a língua e se desvencilhou de Rosamaria, dando meia volta para pegar os pratos no armário. Pegou também duas xícaras e, enquanto a loira mais baixa dividia os ovos para as duas, encheu-as de café preto.

- E o que a gente vai fazer no carnaval, falando nisso? Não vamos ter tantos dias, eu acho.

- Ah, não sei. Talvez só sair por aí fazendo o que der na cabeça - falou, caminhando com os pratos até a mesa. - Tu tando' aqui comigo, o resto a gente vê.

Gattaz encarou a namorada por cima da caneca e observou enquanto ela percebia o que havia dito e ficava claramente tímida por isso. Elas fizeram a refeição conversando sobre os planos para o feriado que se aproximava, sabendo que teriam, no máximo, três dias juntas no fim de fevereiro. Já era certo de que elas não conseguiriam se ver no aniversário de Rosa, em abril, por conflitos de agendas das duas em termos de cirurgias e publicação de artigos, por isso elas decidiram fazer uma espécie de comemoração antecipada no feriado, então queriam aproveitar o máximo possível dele. Elas nem mesmo sabiam se teria algo de relevante pelas ruas de Uberlândia, mas, como Rosa disse, elas não ligavam muito.

Assim que terminaram de comer, a catarinense juntou as louças e colocou todas dentro da pia, sem a mínima intenção de lavar alguma delas.

- Ainda não tá' na hora de tu se arrumar, né? - Rosa disse. - Acho que acordamos muito cedo sem querer.

Carol concordou com um sinal de cabeça e passou os braços ao redor da cintura de Rosamaria, deixando-as cara a cara dessa vez. - Sim, amor, acordamos muito cedo - reiterou, aproximando as duas ainda mais. - Mas acho que tenho uma ideia pra passar o tempo...

Um sorriso travesso apareceu no rosto de Rosamaria, que deixou os olhos caírem para os lábios de Carol por alguns segundos.

- Ah, é? - indagou, encarando-a nos olhos dessa vez. - Então me mostra.

Caroline sorriu contra os lábios de Rosa antes de juntar suas bocas em um beijo que era intenso, mas sem pressa alguma.

***

- Tudo bem, daqui a pouco eu chego aí - Rosa desligou a chamada e voltou-se para ajudar Caroline a fechar suas malas corretamente. - Tu nunca vai fechar isso assim, Carol. Dá.

Gattaz, que lutava com o zíper de uma de suas malas que estava cheia demais - mesmo que ela não tenha colocado nem uma peça de roupa a mais -, saiu da frente e deixou que sua namorada cuidasse dela. Rosa moveu algumas peças de lugar, amassou aqui e ali e, finalmente, conseguiu fechar a mala. Assim que terminou, levantou os polegares das mãos, fazendo dois "joinhas" e colocou um sorriso engraçado no rosto, que fez Carol rir.

- Palhaça! - Gattaz tirou a mala de cima da cama deixou-a próxima à porta. - Cê' também tem que ir, já, né?

Rosa assentiu. - A Cristal me chamou. Tem alguma coisa a ver com um paciente de estudo clínico, mas não é tão urgente assim. Posso me despedir direitinho.

The brain's heartOnde histórias criam vida. Descubra agora