#Prólogo

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Era uma manhã sombria, as douradas folhas de outono decoravam toda a calçada ao redor da cafeteria, voando de um lado para o outro, em meio aos estudantes da Academia de Sumeru. Enquanto poucos andavam alegremente, aproveitando o tempo e relaxando, era possível avistar uma grande maioria de alunos cansados, correndo de uma aula para a seguinte, buscando somente a aprovação.

O vento gelado cortava a massa de pessoas, agitando a cauda e as vestes de uma peculiar figura. Ainda que ele estivesse decidido sobre seu destino, as olheiras e o andar arrastado acompanhavam seu percurso, imbuídos em cada lento passo dado. O moletom floral cortava a multidão, até finalmente se distanciar ao rumar por um estreito caminho, praticamente deserto.

A passagem parecia aparte do restante do mundo, repleta de uma calma etérea, contudo, Tighnari continuou a trafegar com os mesmos passos decididos, focado unicamente na cafeteria que o esperava no final do trajeto. O espaço estava praticamente escondido pelas árvores que rodeavam a casa antiga, o único elemento que o identificava como uma cafeteria era a placa esculpida em madeira, logo acima da vitrine.

O garoto finalmente diminuiu o seu ritmo, adentrando a cafeteria e sendo rodeado por inúmeros vasos, plantas ocupando todo e qualquer lugar. A atmosfera era aconchegante, e o dono dos cabelos escuros em pouco tempo já estava no balcão.

"Bom dia, um chai latte quente, com leite de coco e uma dose extra de canela, por favor."

O garoto atrás do balcão logo se pôs a fazer o pedido. Seus cabelos brancos e compridos presos de uma maneira despojada, enquanto manejava todos os aparatos de maneira habilidosa. Tighnari não estranhou nada, simplesmente observando as plantas ao redor cuidadosamente. Seu olhar era cauteloso, como se não pudesse deixar absolutamente nada passar por despercebido.

O garoto raposa foi tirado de seu transe por uma voz rouca, anunciando que o pedido estava pronto. Por uma fração de segundo, seus olhos verdes dilataram ao encontrar os vermelhos do barista, mas logo pegou o seu copo tomando um gole da deliciosa bebida.

As orelhas dele se ergueram, denunciando a animação do garoto com o doce sabor da bebida. Um sorriso suave abriu-se em suas feições enquanto agradecia o outro, deixando o café com passos mais leves. Tighnari retornou à massa de estudantes desesperados, seguindo em direção a sua próxima aula.

Somente quando chegara no prédio do departamento de Biologia, ele percebeu que havia algo de estranho em seu copo. Com sobrancelhas franzidas, o garoto raposa analisou melhor o recipiente e algumas palavras que haviam sido rabiscadas.

"Gato, me chama de Iluminismo
e vem trazer razão para a minha vida"

Com a boca retorcida, ele terminou de beber o chai latte e jogou o copo fora. Suspirando, ele voltou a seu percurso, pegadas cansadas deixadas em seu rastro, enquanto adentrava em uma sala.

I Just Think We Should KissOnde histórias criam vida. Descubra agora