III

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Estava um pouco frio naquela manhã, Harriet levantou-se e vestiu o suéter deixado na poltrona de seu quarto, foi até a sala para encontrar sua amiga completamente deixada no sofá. Os passos altos de seus companheiros lhe causaram uma enorme pontada na cabeça, revelando enxaqueca.

"Hill" chamou quase como um sussurro, pois não sabia se ela mesma suportaria o próprio timbre.

A ruiva não atendeu, embora tenha se virado quase caindo do sofá, ela ainda dormia.

"Vamos Hillary" dessa vez Harriet a balançou um pouco para obter mais eficácia.

Hillary abriu os olhos e sua cara não era das melhores, ela continha os olhos fundos e o rosto um pouco marcado com os fios do sofá.

A loira lhe entregou um copo com um comprimido de torcilax e decidiu tomar um banho para tirar o cansaço do corpo. Até então ela não tinha nenhum cisco de lembranças da noite passada, somente se recordara de beber e dançar.

Quando terminou, seu corpo já estava mais relaxado e ela já se via aguentando mais um dia. Passou um creme em sua pele e ainda enrolada na toalha foi para o quarto. Atravessou a cozinha onde Hillary preparava um café.

Vestiu seu uniforme costumeiro e voltou para a cozinha. Hill já estava a tomar o seu banho e deixara a Harriet o dever de ajeitar a mesa para o café. Elas já tinham um cronograma pós balada programado o que tornava a presença de uma no apartamento da outra muito mais fácil.

Calum levantara com o humor nas alturas, sua primeira ação fora dar um sorriso a luz do dia que atravessava sua janela. Ele odiava acordar cedo e era por isso que tomava café fora, para ter quinze minutos a mais de sono. Ele não entendia o que fizera toda a manhã em serviço comunitário se em nenhum momento pensara em mudar seus costumes ou parar com todas as causas dos seus problemas.

Mas ele agradecia por ter sido pego cedo e ganhado um longo prazo de serviço, assim pelo menos não seria preso.

Mas é claro que o motivo do seu bom humor não fora nada do gênero, ele acordara feliz, pois a veria de novo. Depois da noite passada, quando ela o deixara apenas na vontade, ele queria, queria muito mais do que tê-la rebolando para ele ou ter seus lábios roçados. Ele queria muito mais do que qualquer coisa que já tivera.

Ela já servia mesas enquanto ele pedia um pouco mais de coragem hoje, entrou no estabelecimento e sentou-se na mesa de sempre, aquela com uma mancha no vidro que ele nem fazia ideia de onde viera.

Harriet o notara ali e foi quando tudo voltou para sua cabeça, o momento em que dançou para ele, quando aproximou os lábios e quando foi embora, suas pernas bambearam e ela hesitou.

"Eu não posso atendê-lo" disse nervosa.

"Você deve atendê-lo" ordenou Hillary "o que deu em você?".

"Hillary eu..." a ruiva lhe interrompeu.

"Vai atendê-lo" o olhar de fúria causava medo em Harriet, e ela percebera que estava sem saída.

Ela caminhou ainda nervosa até a mesa nove, respirou fundo e parou ao lado da mesa dele. Calum vestia uma camisa xadrez e uma calça jeans preta, óculos de sol e um gorro. Ela sugou todo o ar do ambiente para si antes de falar qualquer coisa.

"O que deseja?".

"Um café puro e você aceita jantar comigo hoje a noite?".

Nenhum dos dois imaginava que ambos estavam com a mesma sensação nos estômagos, as borboletas, a ansiedade.

Ela mordeu os lábios e ele podia sentir o suor escorrer.

"Eu... Eu saio as seis" disse um pouco travada. Os dois sorriram antes de ela deixar a mesa.

Uma imagem fixa do seu sorriso ficou na cabeça dela. Ele apenas pensara na ansiedade que fizera suas mãos suarem de imediato, Calum fora servido e sabia que esse era mais um de seus dias cheios. E também um dos que ele trabalhara de bom humor.

Ele só sabia pensar na verdade, no que aconteceria nesse jantar e após ele.

Harriet já estava pronta, uma calça jeans preta, uma blusa branca e sua jaqueta jeans favorita, encarou os saltos que havia se arriscado hoje, não estava um luxo, mas se sentia bem vestida.

Calum estava a exatos dois minutos atrasado e nesses dois minutos ela pode fazer anotações mentais o suficiente para um interrogatório policial; lembrara que se quer sabia o nome do rapaz, nem idade. Ele poderia ter de dezoito a quarenta anos. E se ele demorasse mais dois minutos ela poderia por na cabeça que ele iria a estuprar.

Mas para a sorte, não apenas de Harriet, mas do rapaz também ele chegara.

Estacionou a picape bem em frente a garota que instantaneamente sorrira.

"Está linda" disse beijando-a delicadamente a mão.

"Obrigada".

Calum abriu a porta do carona a permitindo entrar e logo já estavam na estrada, Magic do Coldplay tocava no carro, e ambos cantarolavam em sussurros. Alguma coisa conspirava para que aquela noite fosse uma das melhores de suas vidas, e nem se quer eu tão provida de sabedoria e imaginação sabia o que era.

Mas algo muito forte, iria fazer com que a partir dali, embora com grandes complicações ainda sim os dois seriam felizes.

O lugar era simples e lembrava muito restaurantes Italianos, mas passava um ar muito mais caseiro. Era como se ela fosse esquentar uma lasanha no micro-ondas para assistir a algum romance no sofá acompanhada de seus cães.

Ele puxou a cadeira para ela, ela sorrira com tamanho cavalheirismo.

"Esse é o meu restaurante favorito, janto aqui todos os dias" Breakdown do Jack Johnson tocava ao fundo e ela tirintava os dedos na mesa, ele sorria enquanto prestava atenção nos dedos dela "Calum" estendeu a mão por sobre a mesa.

"Harriet" sorriu, eles deram um aperto de mão realmente longo, como se tivessem o medo mórbido de se soltarem e simplesmente sumirem um da vida do outro.

Eles conversaram, conversaram muito.

"Essa comida me lembra muito a da minha mãe" comentou Harriet.

"Essa comida foi feita pela minha mãe" ele disse e sorriu, ela o encarou um tanto perplexa e assustada "o restaurante é da minha família".

"Gostaria de saber se você possui os mesmos dotes culinários de sua mãe" ela o olhou por cima dos olhos ele sorria relaxado.

Ali, deram o assunto por encerrado, ingeriram o jantar e logo em seguida uma ótima sobremesa de maracujá.

Harriet já sentia sede dos lábios de Calum, queria provar do seu gosto. Na volta já se sentia intima o suficiente para colocar uma música no carro, optou por Fallin' Alicia Keys, talvez não descrevesse a situação o suficientemente bem, mas ela só precisava de uma trilha sonora que o inspirasse.

Que o fizesse deseja-la tanto quanto ela o desejava.

Ele abriu a porta para ela e a acompanhou até a entrada da portaria.

Agora eu espero que você acredite, pois bem, ela o beijou. Queria ele ter tomado essa iniciativa. Eles ficaram ali, se beijando e sorrindo, fosse possível algum dia Harriet ter sorrido tão largamente, tão sinceramente quanto ela sorrira em meio a esse beijo.

Ela mordeu o lábio inferior e fora em direção ao prédio.

"Hey, eu adorei essa noite" ele sorriu. Estava tímido, pois estava sem artimanhas para chama-la em um segundo jantar.

"Devo confessar que eu também"

"Gostaria de jantar comigo amanhã?" Pediu "só que dessa vez, eu cozinho".

"É claro que eu aceito, tenha uma boa noite Calum".

"Tenha uma boa noite Harriet".

Aries ♈ c.h. [the zodiac series; book one]Where stories live. Discover now