Olhei aflita os detalhes da decoração do escritório da Sra. Melinda Montenegro, a dona da cafeteria. Não havia muita diferença dos meus sentimentos do primeiro dia em que cheguei nessa sala para fazer a entrevista de emprego. Os móveis são rústicos, e me lembra uma decoração de décadas atrás, talvez uma mistura dos anos 30 com os 50, apesar de que eu sei que tudo aqui dentro é caro.
A uma estante que vai do chão até o teto rebaixado, com livros antigos, primeiros lançamentos, provavelmente são mais caros que os meus rins, de fato.
Também tem um lustre mediano no centro que parece ser de ouro com pedras de cristais, o piso é negro, brilhoso e impecável como se tivesse acabado de ter sido encerado a mão, coitadinha da empregada, a um símbolo que nunca vi na vida, mas, engraçado que sempre tem um mais que é capaz de destruir a sua sanidade mental.
por alguma razão eu sei que é da língua Egípcia Antiga ou em Acádio, e que tem um significado peculiar: "Paz para Magictones" não me pergunte, porque eu não faço ideia do que seja Carthage.
Como eu sei isso, não faço ideia, não me lembro de ter estudado sobre isso. Acádio, Acádio... já ouvir falar sobre isso na faculdade. Mas é claro, o Império Acadiano foi o primeiro da Mesopotâmia, centrado na cidade de Acádia. A língua nativa era uma língua semítica, parte da família afro-asiática falada na antiga Mesopotâmia, pelos assírios e babilônios.
A mais antiga língua semítica registrada, ela utilizava a escrita cuneiforme, que por sua vez havia sido derivada do antigo sumério, uma língua isolada sem qualquer parentesco. O nome da língua é derivado da cidade de Acádia, um dos principais centros da civilização mesopotâmica.
Nem eu sabia que tinha um lado inteligente, fala sério, que merda é essa de Acádia e Magictones?
Em dourado bem embaixo do lustre, tem um brasão de um Lobo uivando para a lua, tão pequeno que é quase imperceptível a olhos humanos.
Eu sei, embora aparente ser um local antigo, para eu ter a pose de um móvel desse nível, teria que trabalhar em cinco reencarnações e mesmo assim não conseguiria comprar metade dos móveis desse escritório.
Tudo parece ser tão caro, a Sra. Montenegro deve gostar dessa cafeteria, porque nitidamente ela é rica demais e não precisa do dinheiro que ganha desse investimento.
Estou nervosa, aflita, com o coração na mão, como quando vim fazer a entrevista de emprego. Com a pequena diferença de que agora eu estou possivelmente aqui para ser demitida.
Mesmo eu estando certa, eu sei que a minha atitude foi impulsiva, na verdade, eu nunca tinha agido com tanta agressividade na minha vida, já fui assediada algumas vezes, e até mesmo tocada como hoje sem o meu consentimento, mas nunca reagir assim.
Já cheguei a xingar alguns homens, mas a minha vontade era de arrancar a cabeça daquele velho asqueroso, só de me lembrar eu já fico com o sangue quente como se fosse explodir.
Deve ser uma brava TPM, isso explica muito.
— Sra. Eu... nem sei como agradecer por ter me tirado... de lá! — suspirei tentando me acalmar, se continuasse olhando para a cara daquele velho, iria cair pra cima dele, mesmo que ele seja maior e mais velho que eu.
— Giulia, me agradeça parando de agradecer. — ela disse indo para trás da sua mesa e se sentou na sua poltrona.
Me sentei em uma das duas cadeiras acolchoadas de couro preto que tem de frente para a sua mesa, mordi meus lábios, e apertei os meus dedos uns nos outros, em um gesto claro de nervosismo.
Dizer que estou nervosa é eufemismo. Por mais que eu sei que não foi culpa minha, eu entendo que ela vai me mandar embora! O cliente sempre tem razão e ainda estou no período de teste.
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Outros Tons de Magia
FantasyQuando a vida da jovem Giulia Lessa desmoronou em todas as áreas que ela poderia imaginar, sua rotina tornou-se lamentar pelas suas perdas, e tentar um novo recomeço sozinha na grande cidade do Rio de Janeiro. Isso, até que uma noite estranha a levo...