No outro dia, o sol batia forte no meu rosto, tão forte que as minhas bochechas estão vermelhas e quentes. Pela quentura, já deve passar do meio-dia.
Que bosta.
Rolei entre meus lençóis a procura de uma parte da cama a qual não esteja quente, minha busca foi falha.
Abri os olhos vendo-a janela aberta, eis a causa dos meus problemas. Me levantei retirando o lençol enrolado do meu corpo, mas quase cair tropeçando no monte que meus lençóis faziam pelo quarto, na medida que eu ia andando tentando se aproximar da janela.
As vantagens e desvantagens de mora no Rio de Janeiro — de fato o sol é esbelto, e nunca abandona a sua amada praia Copacabana — esse era o lado bom, e o lado ruim também.
— Preciso de café. — falei olhando ao meu redor. Meu quarto está vazio, mas a zona que fiz quebrando tudo quando soube da minha demissão ainda está aqui — A burrice cria momentos estravagantes!
Me arrependo, eu baguncei tudo.
Jogando minhas roupas no chão, e quebrando alguns dos porta-retratos que tinha espalhados no meu quarto na parede do meu agora "ex namorado" rasguei todas nossas fotos, e ainda não consigo acreditar que fiz uma fogueira com as cuecas dele que achei perdidas no meio das minhas roupas. Agora, lembrando-me da cena, sinto vontade de rir.
Comecei a beber antes de arrastar a Leila para aquela maldita boate, antes disso, já comecei a beber uma quantidade de álcool exagerada.
Vestir esse vestido que ainda estou usando, e fiz duas listras com batom vermelho nas minhas bochechas me sentindo uma mulher indígena, arrastei a minha lixeira de metal para o meio do quarto e taquei fogo nas fotos e nas roupas dele que ia encontrando pelo chão do quarto. Me sentia poderosa, só faltou eu dançar a dança do fogo contemplando as fotos do meu ex serem queimadas.
Se é que existe essa dança!
Fiz justo com um homem babaca que magoou meu coração e jogou quatros anos da minha vida fora. Isso, foi um namoro de quatro anos e eu merecia muito mais que um simples término por mensagem.
Ao certo eu o entendo, as coisas entre nós se tornaram monótona e sem paixão, até mesmo o sexo parecia parte da nossa rotina e não tinha mais aquela conexão de eletricidade quando nos conhecemos.
Mas também acho que pelo tempo que convivemos, pela nossa amizade, por tudo que passamos e pelo passado que construímos juntos, eu, merecia no mínimo o respeito de termos uma conversa civilizada cara, a cara e não uma simples mensagem por telefone.
Ele me negou isso, me negou o seu olhar no meu para acabar o que tínhamos iniciado a quatro anos atrás! Deveríamos ter terminado da forma que começamos, ambos olhando um para o outro expondo suas palavras e o que sentia em relação ao término. Tiago foi um babaca, essa é a verdade.
— Olha, ainda restou uma camisa... — peguei uma das camisas preferidas do Tiago que encontrei no chão ao lado da lixeira e abro um sorriso maldosa — Ela vai servir como pano de chão por no máximo, dois meses.
Joguei a camisa dele para algum canto do quarto e comecei a arrancar minha roupa indo para o banheiro, havia dormido com o vestido justo de paetê azul que sair ontem de noite, devo ter entrado em coma alcoólico porque esse tecido incomoda como picadas de mosquitos.
Fui para o corredor segurando a minha toalha sem me importa de estar nua. Passei por perto da porta do quarto da Leila e a vejo dormir calmamente abraçada com um travesseiro, ela sempre dormiu assim.
Neguei sorrindo e puxei a porta do seu quarto fechando-a, entrei no banheiro e fui direto para o chuveiro, nada melhor que uma ducha fria para curar a ressaca.
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Outros Tons de Magia
FantasyQuando a vida da jovem Giulia Lessa desmoronou em todas as áreas que ela poderia imaginar, sua rotina tornou-se lamentar pelas suas perdas, e tentar um novo recomeço sozinha na grande cidade do Rio de Janeiro. Isso, até que uma noite estranha a levo...