Léo

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07 de maio de 2042

A cada ano que passa vejo o quanto minha vida foi afetada naquele maldito dia 05 de novembro de 2021, eu tinha apenas 1 ano e 11 meses de vida quando tudo mudou, não lembro de nada, só tenho lembranças por vídeos e fotos, o acervo que tem na internet sobre a vida dela e o que me contaram sobre a minha mãe: Marilia Dias Mendonça, vulgo rainha da sofrência ou Patroa, como todos a chamavam, só sei que eu a perdi para um acidente aéreo, fazendo o que ela mais amava, encantar as pessoas com a sua voz maravilhosa, o que me deixa feliz é saber o quanto ela me amava e o quanto foi amada por todos que tiveram o privilégio de viver na mesma época dela nessa terra, ela se foi precocemente, deixando os seus fãs órfãos, mãe, amigos, irmão e eu seu único filho: Leo Dias Mendonça Huff, esse mesmo que está narrando para vocês,  mais conhecido como Léo Mendonça.

          Para nossa família não foi nada fácil, ninguém estava preparado para viver aquele pesadelo, acho que para a morte nunca vamos ter explicação. Foi uma infância difícil e boa na mesma proporção, minha avó, meu pai, sempre fizeram o que esteve ao alcance para me ver feliz, mas não pôde me impedir de viver várias fases, como: revolta, angústia, sofrimento, choro, solidão, falta de alguém que nem me lembro. Acredito que as piores foram as datas de aniversário, primeiro dia das mães na escola, minhas conquistas como aluno destaque, ver meus amigos homenageando as suas mães e eu não ter a minha por perto e ainda ter que aguentar os olhares de pena direcionado a mim. Porém, a minha avó sempre foi maravilhosa e me acompanhou em todos os momentos me ajudando a me transformar no homem que me tornei hoje.

           Devido ao sucesso da minha mãe, nunca tive uma vida anônima, as pessoas sempre acompanharam de perto a minha trajetória. Nesse processo houve uma "pressão" muito grande de me tornar um cantor ou compositor, pois era isso que todos apostavam, já que o sangue corria nas veias tanto por parte da minha mãe, como também do meu pai, Sr. Murilo Huff. Mas sinto muito em decepcionar vocês, mas não sou nenhum dos dois, apesar de meus pais terem  seguido essa carreira, eu senti uma paixão mais forte que a música: o futebol e pude realizar esse sonho com muito êxito, atuo como jogador profissional do Palmeiras, entrei para a base com 15 anos e há 3 anos faço parte do profissional como zagueiro do time. É eu sei, nada a ver com a minha genética, mas é o que eu amo fazer, desde criança eu soube que a minha vocação era ser jogador, nas horas livres até me arrisco nas resenhas em família, mas nunca cheguei nem perto ao estrelato da Dona Marília Mendonça,  ela foi um ícone que passou como um meteoro por esse mundo.

           Meu pai e eu nos damos muito bem, porém como sempre morei com meus avós D. Ruth e Sr. Deyvid, sempre tive uma conexão maior com a família da minha mãe. O meu pai se casou novamente, com a Sabrina e teve mais dois filhos, a Luana que tem 12 anos e o Matteo de 9 anos, devido a diferença de idade não convivemos tanto como deveria, minha vida é corrida e faço tudo dentro do possível, para me manter presente, nem sempre dá certo, mas os amo.

         Atualmente, moro em São Paulo,  para ficar próximo a base do time, no início ficou um pouco complicado essa transição, porque depois da partida repentina da minha mãe, tenho um apego emocional muito grande com a minha avó, passei anos com medo de ela me deixar e não vê-la mais, como aconteceu com a minha mãe, foram muitos anos de psicólogo para enfrentar esses medos, mas com a passagem dos anos amenizou, e minha heroína continua aqui comigo com quase 70 anos e sou feliz por tê-la ao meu lado, é o maior amor da minha vida.

       No mês passado recebi o convite de aniversário de 22 anos da Helena Vasconcellos Tavares Reis, fiquei meio ansioso com a ligação dela para perguntar se eu havia recebido o convite, estávamos em uma situação complicada desde que resolvi deixar a timidez de lado e falar o que eu sentia. Na verdade, não deveria ter esse sentimento por ela, visto de tudo que eu representava para a mãe dela, mas ninguém consegue controlar os sentimentos. Amanda, a mãe da Helena, nunca me tratou mal, porém eu sentia que a simpatia dela, era por eu fazer parte da convivência dela por causa do tio Henrique e Juliano que exigia que me incluísse, segundo eles: prometeram isso em vida para a minha mãe. Mas eu não me sentia confortável com a situação, mas eu não  era culpado pelas frustrações dela de o casamento deles não ter dado certo. Aliás nem quero entrar nessa história porque é complicada demais para mim, o que eu sempre soube é que ele amava minha mãe, mas o destino ou outra coisa, não contribuiu para que ficassem juntos, até teve envolvimento, mas não tiveram o felizes para sempre que todas pessoas apaixonadas deveriam viver.

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