Henrique

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Desde a perda da Marília na minha vida, vivi à sombra desse passado, segui a minha vida, mas sempre com um ponto de interrogação em minha mente, sobre o que teria acontecido se tivéssemos vivido o "nosso felizes para sempre", mas caí na real que isso não existe e tive que conviver  em uma vida onde ela não estava incluída, o que fazia eu me sentir como se a minha felicidade fosse incompleta.  Eu prometi para a Marília em sonho que seguiria a minha vida. Mas na teoria isso parece fácil, mas a vida diária ainda era difícil, mesmo depois de 22 anos, a ausência dela era insuperável. Nunca superei essa perda na verdade, foi a dor mais doída que eu senti na minha vida, parecia que eu nunca ia me curar desse vazio que ela deixou. No primeiro momento vivi o desespero, a dor, depois veio a negação e os anos passaram e a saudade foi ficando pior, e só aumentou ao longo dos anos. E sem dúvida a lacuna que ela deixou nunca foi preenchida.

A forma que eu encontrei para tentar  ser feliz, foi parar de mentir para mim mesmo e colocar um fim no meu casamento, aquilo foi um fracasso desde o início, fui sincero com a Amanda que apesar de tudo tinha tentado fazer dar certo, porque ela me amava,eu só não conseguia retribuir na mesma intensidade, então não era justo e decidi deixá-la ser feliz com alguém que merecesse o seu amor... Porque nosso casamento já tinha virado cinzas há muito tempo e ver os meus filhos presenciando aquelas brigas constantes não era nada saudável.... Então foi melhor assim, agora tenho casos e aventuras sem qualquer promessa de futuro e isso tem me feito feliz.

Desde que vim morar em Goiânia, fiquei mais próximo da D. Ruth e Léo, porque moramos perto e ele e a Helena acabaram crescendo juntos, por ter meses de diferença de idade. E eu confesso que tenho uma paixão por esse menino, talvez por ele ser a versão masculina da mãe dele, era até assustador o quanto se pareciam, acompanhei todo o seu crescimento, fases difíceis que a D. Ruth pedia para conversar com ele. Léo tinha um respeito surreal comigo e com o meu irmão, e nem precisava dizer que eu era apaixonado nele. Porém, sempre deixei bem enfatizado que não aceitaria nada além da amizade entre ele e a Helena, cresceram juntos como irmãos e acredito que envolver sentimento poderia estragar o que tinham.

Para mim, ambos tinham entendido a minha insistência, assim era o que eu pensava, até a Helena me jogar a bomba que estava grávida do Léo, foi um choque, fiquei furioso e o chamei aqui em casa para tentar entender como traíram a minha confiança desse jeito. Ouvi a campainha tocar e aproveitei que Juliano conversava com a Helena, porque pelo que eu entendi meu irmão era um traidor também, sabia de tudo e não disse nada.

Abri a porta e uma raiva tomou conta de mim, fiquei cego, eu não estava acreditando que eu garoto que eu tanto amo, pode tocar no meu ponto fraco, não resisti e fiquei fora de mim...

_Oi! Tudo bem? Vim o mais rápido que eu pude _    Disse sorrindo tentando amenizar o clima. Quando o Léo  deu um passo para dentro da casa, eu o soquei com toda força e raiva acumulada, ele não revidou, só tentou passar a mão pela área onde dei o soco, conferindo o estrago provavelmente, mas eu estava consumido pela raiva, quando ele me olhou de novo eu dei outro soco do outro lado, e ouvi o meu irmão gritar comigo.

_ HENRIQUE? FICOU DOIDO? _   Escutei alguém gritar.   _ELE É UM MENINO! TÁ MALUCO? NÃO VOU PERMITIR QUE FAÇA ISSO POR MAIS IRRITADO QUE ESTEJA _   Reconheci a voz do tio Juliano intervindo e segurando o irmão.

_CALADO JULIANO!!! ISSO É ENTRE EU E ELE, VAMOS TER UMA CONVERSA DE HOMEM AGORA, ELE DEIXOU DE SER UM MENINO QUANDO RESOLVEU ENGRAVIDAR A MINHA FILHA... PERDEU A NOÇÃO DO PERIGO, MOLEQUE? ESTÁ PENSANDO O QUE DA SUA VIDA? _   Vociferou Henrique. Vi que ele estava se segurando, mas não conseguiu e vi as suas lágrimas se misturar com o sangue no seu rosto.  Aquilo doeu, porque querendo ou não eu o tinha como o meu filho, mas o que ele fez me deixou fora de mim.

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