Léo

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Quando postei aquela foto abraçada com a Carol, eu sabia das consequências e a pior delas eu sabia que a Helena não me perdoaria, era ciumenta, e com certeza se sentiria traída e com toda razão. Tentei conversar, mas vi que seria impossível, porque ela estava irredutível e naquele momento não conseguiria convencê-la do contrário. Decidi ir para o meu apartamento e pensar em tudo o que aconteceu nas últimas horas, mas o que estava me tirando o sono, era o fato de que eu seria pai, isso estava apavorando a minha cabeça...Será que eu estava pronto para ser pai? Eu não sabia essa resposta, mas tinha uma certeza: não iria abandonar a Helena.

No dia seguinte fui até a casa da minha avó e chorei muito, pois quando olhei nos olhos da minha avó, sabia que ela já sabia de tudo o que tinha acontecido, eu precisava desabafar, contar o porquê da minha omissão. Dizer o porquê não contei a ela sobre a Helena e o porquê tinha tomado a decisão de dar um fim no relacionamento. Deitado com a cabeça no colo da minha avó, ela ouviu tudo atentamente, enquanto fazia um carinho na minha cabeça. E foi bom ouvir os conselhos dela e ouvi ela me dizer que não fazia sentido a minha mãe estar decepcionada comigo, se eu estava seguindo o meu coração e que talvez fosse um alerta para que revelasse logo esse segredo, porque nunca é bom ficar se escondendo. E talvez fosse isso mesmo, que a minha mãe gostaria que eu fizesse, parar com esse relacionamento escondido e naquele momento, senti metade do peso diminuir nas minhas costas, vi que a conversa havia dado uma clareada na minha mente e tudo ficou bem melhor do que quando eu cheguei, tudo ficarei bem. Logo depois, vi meu pai entrando e ficando possesso de raiva quando viu os meus olhos roxos. A minha vó havia contado a ele sobre isso, mas acho que não tinha falado quem havia feito o estrago e eu falei expliquei o que tinha acontecido. Fez ainda menção de ir à casa do tio Henrique, eu o impedi na hora.

_ ISSO NÃO TEM A HAVER COM VOCÊ PAI!_ Gritei. _ E para de agir como se eu fosse uma criança, sou maior de idade e posso resolver os meus problemas sozinho. _

_O que ele tá pensando? Como pode fazer isso? NÃO VOU PERMITIR ISSO, LEO! EU QUE SOU SEU PAI NUNCA ENCOSTEI EM VOCÊ E AGORA ESSE HOMEM FAZ ISSO?_ Disse falando sem parar.

_Eu merecia isso, sabia dos riscos... eu ... induzi a ira dele, eu fui um canalha, toquei no que ele mais ama, acho que qualquer pai, faria isso_     Suspirou conformado

_Do que está falando?_    Meu pai questionou.

_Eu namoro com a Helena há quase dois anos e ele só descobriu porque a Helena está grávida! Aliás, parabéns você vai ser avô!_     soltei a bomba de vez.

_O que?_ Disse num fio de voz.

_ É pai! A Helena está grávida e o filho é meu... _

_ Você me disse que não tinha nada com essa garota, Léo!_ disse.

_ Sim, eu disse... Porque todos vocês ficavam reprimindo por algo que aconteceu lá no passado e que eu e a Helena não tínhamos nada a ver, mas colocaram esse peso nas nossas costas, como se isso fosse um crime. _ Me defendi.

_ Isso é inacreditável _ Riu sem humor.

_ Só estou informando pai, não estou pedindo permissão. Eu amo a Helena e quero ficar com ela e não vai ser você ou o pai dela que vai me impedir disso _ fui categórico. _ Vou voltar para São Paulo agora a tarde e organizar a minha vida e levar a Helena comigo, quero meu filho perto de mim e vou fazer o impossível pra isso _ Finalizei.

Meu pai saiu e eu suspirei frustrado, mais uma briga para conta pensei comigo. Nos últimos anos não tivemos muita convivência, e nós dois sempre estamos em atrito, ele tinha construído outra família e eu sempre morei com a minha avó. Nossas visitas sempre foram periódicas, desde a partida da minha mãe, o contato com o meu pai era semana sim, semana não, dependia da agenda de shows lotados que tinha na época, e eu nunca cobrei nada porque a minha base mesmo era a família da minha mãe. E não era culpa de ninguém, só foi ficando difícil a convivência depois que eu cresci, porque eu sempre voltava para casa pra ver a minha avó, mas nem sempre ia ver o meu pai, e ele ficava sempre me cobrando que eu era ausente, na vida dele e dos meus irmãos. Mas não era proposital, não tinha ciúmes dele com os meus irmãos, nada disso, como ele insistia em insinuar.... Era só a questão: Eu cresci! Não era mais um garoto, eu tinha compromissos, uma vida que não tinha tempo para nada, eu aproveitava os poucos dias de folga com a minha avó que é tudo para mim.

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