Capítulo 5

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Mackenzie

Depois de tropeçar no primeiro ônibus e aguentar em pé por mais de uma hora eu finalmente cheguei ao ponto de encontro. O que significava dizer que eu estava na mansão Koch, uma monstruosidade em meio a casas de pequeno porte, com lareiras e um tapete fofinho

Não, a monstruosidade não tinha fim. As janelas eram altas e a sacada tinha flores estranhas que pareciam perversas ao anoitecer, a longa estrada tinha pedregulhos que denunciavam a entrada de carros a uma distância segura para serem notificados de visitas e havia guardas na frente. Centenas deles, passeando em sentido horário, trocando seus postos quando necessário.

Entrar seria um inferno, mas se a May estivesse certa, se ela conseguisse... Olho por entre as árvores em uma distância segura e finjo amarrar o tênis quando vejo um carro preto se aproximando. Ajeito minha mochila nos arbustos e suspiro com o pensamento de ter de deixá-la

— Pare — estremeço com o grito estridente de May de dentro do carro e desço a rua perto o bastante do carro — Eu perdi o meu brinco — ela continua e o motorista desacelera mas não ao ponto que eu quero — Pare seu idiota, o brinco é um presente do papai, preciso encontrá-lo

Reviro os olhos com sua mentira e ando mais devagar até entrar em uma posição em que os guardas não conseguirão ver, observo o motorista e May descer e assim que ele se abaixa eu abro a porta do outro lado me enfiando no pequeno espaço entre o banco da frente e o de trás. Inspiro controlando minha respiração e ouço quando May grita que encontrou o brinco para logo em seguida se jogar no banco

O motorista resmunga algo e vejo quando May desliza o olhar condescendente do motorista para mim, ela pisca em reconhecimento me observando e sem articular uma palavra em voz alta ela sorri e diz

— Oi — sorrio sentindo minha garganta se fechar e estendo a mão em um aceno patético. Ela reconhece o gesto e funga voltando a olhar para frente, seu modo impecável não mudou

May Koch continua a mesma, com seus olhos castanhos esverdeados, sua boca coberta de batom rosa, seus cabelos claros e longos. As pessoas diziam que nós éramos a cópia uma da outra quando crianças, mas nunca achamos isso. Não éramos espelhos, e na maioria das vezes eu imaginava mais como uma reflexo em uma água corrente, lá de longe se podia ver a semelhança, mas de perto eram embaçado e nunca realmente limpo

Olho para a palma da minha mão contando os minutos até a parada e vejo o aceno de May assim que o carro entra no estacionamento. Abro a porta do carro ao mesmo tempo que ela atropela o motorista com sua porta e me jogo no chão me rastejando para baixo

Ok, eu estava dentro, mas essa parte tinha sido fácil

— Vou para o meu quarto, não usarei mais o carro — May anuncia e quase posso ouvir o suspiro aliviado do motorista antes que ele comece a pegar as coisas para limpar o carro. Era agora ou nunca

Conto até dez e quando escuto seus passos se distanciando para pegar o balde eu me rastejo para fora e ando engatinhando até a porta de saída entrando no arbusto mais próximo, suspiro quando não escuto nenhuma sirene e olho ao redor contando os guardas e suas posições

Olho no meu relógio e massageio o ombro esperando os dez minutos até a troca. Merda, aquilo seria uma eternidade.

Quinze minutos depois e um guarda levemente engraçadinho depois a troca é feita e nesse pequeno e curto espaço eu me levantava e corria em direção a maior árvore e subi no primeiro galho seguro que eu encontrei. Olho para baixo fazendo uma careta e começo a contar enquanto subo cada vez mais rápido até atingir uma das janelas principais que dá para o jardim

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