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Obito estava sentindo a cabeça doer. Algo molhado pingava sobre si de uma forma irritante e, quando seus sentidos foram voltando mais e mais, conseguiu perceber que todo seu corpo doía de uma forma mais irritante ainda.

Não era como se algum osso estivesse quebrado, mas sim como uma mistura de vários hematomas que eram apertados constantemente.

Seus olhos ainda estavam muito pesados para serem abertos e os ouvidos zumbiam, impossibilitando que escutasse as coisas.

Ele tentou se lembrar do que havia acontecido, mas tudo o que seu cérebro recordava era do fato de ter saído da sala de Pain para ir atrás de S/n. Depois disso, absolutamente nada.

Se esforçou para mexer algo, ao menos seus dedos, mas estava fraco demais para isso.

Aos poucos o desespero tomava conta de si. Foi impossível não relacionar isso com a vez em que um incêndio suspeito tomou seu clã. A maior parte dos Uchihas morreram, incluindo muitos dos que ele amava. Enquanto seu corpo ficava soterrado sob vigas e pedras, incluindo uma sobre seu rosto, tudo o que podia sentir era o desespero.

Depois de um tempo, Madara descobriu que quem fizera aquilo fora Danzo, mas guardou essa informação para apenas os Uchihas. Eram eles quem tinham que se vingar, afinal. E Sasuke havia feito, não muitos dias atrás.

Eles não falaram sobre isso e evitaram de pensar no assunto, mas todos sentiam o peito mais leve. Mas agora, nessas condições desconhecidas, essa leveza tinha escapado de Obito.

Demorou até que pudesse voltar a escutar algo. Era o som de uma goteira. Não, era de mais de uma.

Pensou que provavelmente uma delas fazia a água cair de forma tão irritante sobre si.

Conseguiu finalmente mover os dedos, apenas para perceber que estava totalmente amarrado.

Quando abriu os olhos, pensou que estivesse ficado cedo, já que não conseguia ver nada. Depois de alguns segundos, porém, conseguiu distinguir o nada da escuridão que o banhava naquele momento.

Alguns poucos raios luminosos entravam por frestas no teto e paredes e, depois dos olhos se acostumarem um pouco mais, percebeu que o local estava sujo e mofado e diversos canos passavam sob o telhado. Alguns furados. Era nojento.

Sua garganta estava tão seca e áspera que imediatamente lembrou de Deidara. Ele devia ter sentido aquilo após ter tido a boca fodida com tanta força que nem era capaz de falar sem sentir dor.

Pensou que talvez fosse Karma e quase riu por isso mas não teve forças o suficiente.

Nem sabia o quão desesperado o loiro estava, assim como S/n.

...

— Eu não acredito que ele tenha feito algo assim. Certamente foi o Zetsu. Pain, Obito não nos trairia! — A garota falou. O ruivo suspirou, se levantando para ir para perto da irmã.

— Eu sei, eu sei. Calma. Também não acho que ele tenha feito alguma coisa. — Pousou sua mão grande sobre a cabeça da irmã e bagunçou levemente seus cabelos — Vamos encontrá-lo, S/n.

— Eu sei. — Ela murmurou — E espero que seja com vida.

S/n não queria ser pessimista, mas já havia visto tanta coisa em sua vida, que era difícil não pensar em todas as possibilidades, incluindo as piores.

Sabia que as coisas não eram perfeitas e eles não viviam em um mundo de faz de contas onde tudo ia bem e unicórnios voavam pelos céus, sorrindo e tecendo arco-íris.

A realidade era dura. Ela tinha aprendido a conviver com isso, mas ter Obito em perigo não fazia bem para a cabeça dela. Para a de nenhum deles, na verdade.

Prisioneira? +18Onde histórias criam vida. Descubra agora