Capítulo 1

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            •°○•°Dias atuais°•○•°
           ☆— Ano de 1995 —☆

       O fogo tinha um tom verde.
Era a única coisa do meu quarto que eu conseguiria ver aquela hora da noite.
        Todos os dormitórios do colégio tinha uma lareira encantada, cuja cor era escolhida pelos alunos designados a ficarem naquele quarto. As cores mais comuns que escolhemos para o fogo da lareira era um verde, azul, cinza e roxo, pois essas eram  as cores de nossas torres e nossas habilidades. Claro que não são cores definitivas, pois com o passar do tempo, nossa magia se fortalece e novos dons brotam, fazendo a cor mudar.
        Verde é a cor da minha torre, dos meus poderes e a cor do poder de quase todos os meus amigos. E é por causa da cor e habilidade da nossa magia que chamam a nossa torre de: a torre das esmeraldas.         A seleção das nossas cores ocorre porque nossa magia está ligada com o elemento terra e com a linha temporal... Por isso que nos chamam de Suruentt, os parentes de Soryláy.
        Claro que não somos parentes de Soryláy, até porque, a última descendente da deusa do tempo está presa em Azkrendy. Ela foi presa após se juntar com o Cavaleiro do caos, que criou uma guerra a 17 anos atrás.
        Assim que ele desapareceu, ela foi capturada e punida. Tiraram os amuletos de Soryláy dela. Pelo que sei, eram um relógio de pulso, que a permitia controlar a linha temporal.
        A mais amuletos, no entanto, só a família Darling os possui, ah, e a família Lennox. Mas esta se perdeu ao longo do tempo, indo para novos mundos ou em novas linhas temporais  até que se tornou impossível encontrá-los.
        Todos os que já possuíram ou possuem algum dom relacionado ao tempo, tem alguma descendência dos filhos da deusa do tempo, ou foi abençoado por ela. Por isso que o nome da nossa categoria escolar é o nome que os filhos dela são chamados; os Suruentt. É claro que nem todos de nós estamos ligados com a linha temporal, mas pelo menos temos alguma afinidade com ela.
        Temos visões do futuro. Às vezes são coisas aleatórias que não mudam nada em nossa vida. Mas outras, bem... são muito importantes. A maioria de nós consegue ver coisas básicas, que só vai acontecer daqui algumas horas ou alguns dias, mas nunca anos ou semanas... bem, pelo menos é assim com a maioria.

        Temos uma certa afinidade com o mundo espiritual, pois podemos ver espíritos, conversar com eles e fazê-los seguirem seu caminho para o além.
        Acabei pegando no sono por volta das 3 da manhã, e graças aos céus, não tive nenhum pesadelo. Se bem que era bem raro eu ter pesadelos quando Deise e Allec dormiam comigo.
        Da primeira vez que tive um pesadelo aqui, meus gritos foram tão altos que o pessoal dos dormitórios próximos ao meu acordaram. E acharam que eu estava morrendo.

          — Acorda, bela adormecida. — Allec puxa minhas cobertas. — Você vai perder o café da manhã, vamos logo.

        Puxo meu cobertor, soltando uns resmungos e finjo não ouvi-lo (e quem sabe assim ele vai embora). Abro os olhos com um grito, dando chutes e tapas, o que me fez cair de costas para o chão. E lá eu fico, olhando para o teto e me imaginando matando meu amigo.

        — Será que vou ter que jogar outro jato d’água em você. — Allec aponta sua varinha. — se arruma ou emundarei seu quarto!

Suspiro, me lembrando da última vez que ele me fez essa ameaça, foi ante ontem e senti vontade de matá-lo.

        — Drisun...

        — Tá tá tá,  já tô indo. — interrompi antes que ele transformasse meu quarto num riacho. — Já estou indo, Clifford.

        Corro para o banheiro. Cara, eu sou um mal exemplo, esse menino tinha medo da própria sombra e agora ele me ameaça. Eu, a garota que ele morria de medo, está sendo ameaçada.
      Argh.
Poxa, bem que a senhorita Taylor diz que sou pura má índole... ela é diretora do orfanato que moro. Antes eu morava com o Sr. e a Sra. Clarck, mas dado a um pequeno acidente, fui levada para o orfanato Benson-Grey.
        Felizmente, não passo tanto tempo no orfanato, pois desde que fiz 11 anos estudo na academia de Instituto de Magia e Artes Ocultas de Mythorialy.
Assim que terminei meu banho, usei o feitiço Sequium e o beliary, pra me secar e para me arrumar em questão de segundos.

        — O quê que te deu hoje, Clifford? — indago, assim que saio do banheiro.

        — Para começar, pare de me chamar de Clifford. — ele joga o uniforme em minha direção. — E pra terminar, vista seu uniforme se não, não vai poder entrar no salão Enevoari.

Reviro os olhos, sem dar nenhum comentário, pois sei muito bem quando Allec pode ficar chato e irritadiço de manhã. Claro que parte de eu não dar nenhum comentário é porque eu consigo ser bem pior do que ele.
        Vou na direção do banheiro, vestindo minha roupa o mais rápido que posso... Hoje é segunda, e segunda tem sorvete como sobremesa, e eu adoro sorvete.

        — Até que enfim. — diz Allec, mal-humorado. — Vamos, não quero perder o café da manhã.

        — Desde quando você tem tanta pressa para ir ao café da manhã. — falo, pegando Liz, a minha gata. — sabe? O salão não vai mudar de lugar só porque a gente está atrasado.

        — O salão não! — fala, me puxando em direção à porta. — Mas não quero perder o ritual da missão.

Ah, é... eu tinha me esquecido da cerimônia da missão, ela não é algo muito comum e só acontece de 2 em 2 anos.
        Sinceramente, não estou muito entusiasmada para ela, pois geralmente, os escolhidos são os bruxos que já terminaram a escola. Eu, assim como Allec e Deise, não iremos fazer parte do ritual da missão.
        Eu me formarei no fim deste ano, assim como eles. E apenas daqui a 2 anos uma nova cerimônia será feita. O que faz ser impossível algum de nós ser um dos escolhidos.
        Se fossemos participar de uma, ela teria que acontecer no ano que vem, quando nós visitaríamos a escola para dar boas vindas aos primeiranistas.

        — Você já sabe como é o ritual da missão, por que está com tanta vontade de ver tudo de novo? — Questiono, quando os seus passos ficam mais apressados enquanto descemos as escadas da torre.

        — Tive uma visão. — diz, depois de alguns minutos que descemos as escadas e começamos a sair do térreo da nossa torre. — Alguém da nossa série vai ser selecionado... eu só não sei quem é ainda.

       Reviro os olhos.
Nunca dá pra saber se as visões de Allec são realmente visões ou sonhos. Ele tem sonhos muito lúcidos, e geralmente acaba viajando para uma linha temporal diferente enquanto dorme, ou até mesmo em um mundo paralelo. Ele tem uma magia muito forte, porém ainda não aprendeu a controlá-la 100% , o que acabou nos metendo em várias enrascadas nesses últimos anos.
        A pressa de Allec chegou num ponto que ele já estava correndo, me puxando e praguejando consigo mesmo, dizendo que deveria ter me acordado 2 horas antes o que me acordou.
        Cheguei no salão Enevoari eufórica, mal conseguindo respirar direito. O pior foi ver Allec respirar normalmente. Sério, como é que ele não está ofegante?... pelo amor de Deus.
        As fadas começam a flutuar á nossa volta, soltando o pólen que nos fará flutuar até nossos lugares. Pois as mesas e cadeiras que usamos está a longos metros de distância do chão, e é por causa disso que o local de nossa refeição se chama “o salão Enevoari” (pois Enevoari é um sinônimo para vento ou ar).

Só imagino como as pessoas que têm medo de altura devem se sentir, se bem que acho que devem dar uma posição anti-medo pra elas nessas ocasiões.
        Sento-me ao lado da Deise e Allec se senta ao meu outro lado. Nós comemos normalmente, falando de banalidades e discutindo sobre nossas notas. Deise estava reclamando de nossas notas acima da média, pois eu e Allec temos a mania de competir quem ganha a melhor nota. Quando um tinha uma nota melhor que o outro, um de nós ficávamos resmungando que deveria ter se esforçado mais, e nestas horas Deise sempre explodia de irritação.
        Acho que minha competição com Allec sobre as notas não iria durar tanto tempo se Deise não ficasse soltando seus comentários, pois isso fazia a brincadeiras ser bem mais divertida.
        Acho que eu havia repetido a minha comida umas duas vezes, nem percebi que o tempo passou tão rápido por causa da conversa, até chegar a hora da missão. Os tambores começaram a retumbar pelo salão cristalizado, fazendo todos pararem a conversa e prestarem atenção. As vozes das ninfas do vento espalhavam-se pelo salão, elas voavam por nossas cabeças, abrindo os braços, fazendo uma névoa cintilante aparecer.
        E por mas que eu tenha falado de um jeito que fez parecer que é uma cerimônia repetitiva e sem graça, ela não é. É sempre incrível ver isso, ver as ninfas virarem fumaça, fazendo arco-íris ou criaturas mágicas aparecerem enquanto elas cantam uma canção diferente a cada ano.

A ampulheta de Soryláy《Tom Riddle》Harry Potter Onde histórias criam vida. Descubra agora