Olhar nos olhos

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do meu assassino não foi muito legal.

Ao seu lado, tinha um rottweiler rosnando para mim como se eu fosse um gato que havia arranhado seu focinho. Sentia como se meus calcanhares estivessem grudados no chão, pelo o canto do olho, observava a minha sombra crescer e crescer sem parar. Até parecia que era ela que me segurava no chão. 

Ele não parecia ter sido afetado pelo o café quente no final de tudo.

Os olhos daquele cachorro pareciam tão mortos que, mais uma vez, eu tive a sensação de que estava para morrer. Do nada, uma luz forte cegou por completo meus olhos. Senti que tinha controle de novo pelo o meu corpo e tampei os olhos, os esfregando com urgência.

Ouvi a porta se batendo enquanto Tomas me olhava, totalmente afobado.

- Precisamos sair daqui, não vou lutar com um filho de Hades.

O meu assassino era um gostoso do chalé 13? Agora ele havia se tornado mais ainda atraente para o meu fraco coração escorpiano.

Meu melhor amigo me pegou pela a mão e me levou até meu quarto enquanto a porta de madeira barata da entrada era cortada por uma foice. Meus pais iriam me matar assim que pisassem o pé em casa e visse a bagunça que eu havia feito em algumas horas sozinha.

Se pulássemos a minha janela, cairíamos bem no corredor para o portão, o caminho mais rápido para fora de casa além de só ir pela a porta da frente. E deve ter sido com esse pensamento que meu melhor amigo me soltou na porta do meu quarto e correu para a janela para subir o vidro.

- Por que um filho de Hades tentaria me matar? - Perguntei enquanto fechava a porta, ouvindo os latidos sem ânimo mais raivosos se aproximando.

Aquele cachorro parecia que estava morto mesmo.

- Por que não? A sua história toda é estranha, as coisas que deviam acontecer por ser a tradição de reinvindicação não aconteceram. O que você esperava?

Engoli em seco. Eu esperava muita coisa, menos um garoto com uma foice de filme de terror e um cachorro de raça pura tentando me matar.

- Ainda é muito confuso...

- Claro que é. Agora me ajuda a pular para fora para sairmos logo daqui antes que viremos fantasmas do exército de Hades.

Não ia contestar, eu não me sentia pronta para morrer.

Puxei a minha cadeira para a janela que estava na altura do meu peito e Tomas subiu em cima dela, já passando a perna pro outro lado. Eu olhei em volta, pensando se devia pegar algo. E lógico que eu devia.

Deixei meu amigo fugindo antes de mim e corri para a minha bolsa, checando meu caderno, meu estojo, peguei meu livro favorito na estante e minha garrafinha d'água. Arrisquei pegar meu moletom favorito, um short jeans confortável e meus doces no meu esconderijo secreto. Só o necessário.

A verdade é que a gente julga as pessoas que precisam fugir da morte e ficam enrolando com coisas triviais, mas fazemos a mesma coisa na prática.

Olhei para a janela, estranhando que Tomas não estivesse me xingando e mandando eu ir logo. Antes que pudesse checar o porquê o meu corredor estava indo de muito iluminado para muito escuro muito rápido, o maldito totó pulou pela a minha janela e caiu sobre mim.

Bater a cabeça não é legal. Dói e faz com que, na maioria das vezes, fique com dor de cabeça. Não foi diferente quando aquele pulguento fez com que eu batesse meu crânio contra o azulejo gelado e tudo rodopiasse.

Ele rosnava contra o meu rosto enquanto eu tentava o encarar. Seus olhos eram sem brilho e seu cheiro era igual a de um cadáver em decomposição. Ele parecia morto, talvez tivesse alguma cordinha em cima de seu corpo magricela que controlava seus movimentos.

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