Mão dela das diversas sombras que ela usava para testar antes de maquiar suas clientes tiraram meu foco da cara de brava dela.
Havíamos chegado no salão de beleza que ela trabalhava a tarde e as vezes de noite como maquiadora e, quando estava com humor, de cabelereira. Suas roupas leves e confortáveis estavam por baixo de seu avental cheio de bolsos.
Subi meus olhos para o rosto de Caroline. Ela estava linda, como sempre. Seus cabelos claros estavam amarrados em um coque bagunçado que a deixava com o ar de esperta, mas não esnobe. Seus olhos mel olhavam de Tomas, quase dormindo em pé e para mim, com as espadas nas costas.
- Estou finalizando uma noiva. Fiquem aqui, não destruam NADA que eu já volto. Se eu for demitida porque coloquei meus dois melhores amigos desastrados no meu ambiente de trabalho, eu monto uma câmera de tortura especial para vocês.
Eu deitei Tomas no pequeno sofá da área de descanso no salão e falei que ele podia cochilar. Não demorou muito para que eu passasse a escutar um ronco profundo e baixo.
Me sentei na poltrona sem ter coragem de tirar as espadas. Achei uma posição que me deixasse confortável e não fosse rasgar a cadeira. Elas haviam virado o meu amoleto da sorte, ou algo assim.
Eu me senti idiota por alguns segundos enquanto encarava a mochila. Quando chegamos no salão, liguei para Caroline e avisei que Tomas não estava muito legal, mas ele só estava balbuciando o monte de coisas sem sentido enquanto apontava de forma aleatória o ar. Ela veio correndo ao nosso encontro, mas quando nos estudou, entendeu que não era um assunto normal de humano. Eram assuntos de semideuses.
Eu não falei nada. Absolutamente nada. Só fiquei ali, a encarando, como uma boba que sou.
Enquanto ela falava para entrarmos e que conversaríamos mais tarde, só pude lembrar do gosto do seu beijo e da sensação dos lábios falando perto dos meus. Eu torcia para que não tivesse parecendo um tomate maduro.
Havíamos ficado na balada de sábado à fantasia que fomos graças a Tomas e seu ficante fixo. Foi uma ficada longa, boiola e deliciosa. Conversamos, nos beijamos, nos exploramos. Não passou disso. Mas eu não nego que sinto uma queda pela a minha melhor amiga desde... Bem, desde o dia em que eu pisei na nossa turma e vi a garota de estilo nerd com calça de moletom e regata brigando com a professora de matemática que queria passar revisão de um conteúdo do nono ano.
Eu tinha acabado de ser transferida, era o primeiro ano de três anos infernais do ensino médio e eu não conhecia ninguém. Ela era a representante de classe e se manteve nesse cargo até os dias atuais, e por isso me recepcionou e me mostrou a escola. Depois disse que gostou de mim e eu fiquei gamada. Mas ela não tava falando no sentido qu eu queria.
Aí ela me apresentou Tomas no intervalo, o garoto mais legal e chamativo do primeiro ano. Usava maquiagens e delineados artísticos de forma clara e não tinha medo de ser quem era. Eu acabei me apaixonando pela a dupla de todas as formas e viramos um trio que nunca mais se separou. Finalmente eu me senti acolhida por pessoas tão doidas como eu.
Caroline tem um gosto bem definido para garotas. Ela adora garotas que estão na cara que vão acabar com o seu coração em uma noite. Por isso nunca pensei que ela ficaria comigo. Eu tenho cara de quem vai acabar com o próprio coração por acidente.
Não é que eu seja apaixonada pela a minha melhor amiga. Era só, tipo, uma queda de milênios que eu nutria no meu coração. E agora não sei como agir.
Encostei a minha cabeça na poltrona, tendo o ronco do meu melhor amigo como um som de conforto. Meus olhos foram pesando e antes que eu me desse conta, estava dormindo.
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Exploda-se.
ParanormalAntes de tudo, eu vou te avisar. Mas preste bastante atenção. E não vem com essa ladainha de "quem avisa, amigo é". Não sou sua amiga. Nem sei quem você é. Só vou deixar avisado porque não quero minha orelha fervendo mais tarde. Se você foi uma daqu...