Nunca o caminho de casa

16 1 15
                                    

pareceu tão longo. O fazer foi como um misto de ansiedade para chegar em casa e o pânico em ter mais algum louco me perseguindo.

Até o momento, minha mente trabalhava em a 360 km/h para tentar compreender o que havia acabado de acontecer. Eu tinha muitas perguntas. E nenhuma resposta. Como eu havia reagido de forma tão auto preservativa? Quem era o Thor versão morena? A minha paquera ranzinza havia ficado bem? O velhote realmente morreu?

Tudo bem, a última questão não estava me preocupando tanto assim. Sei lá quem era o cara e a única interação que eu tive com ele foi ficar ouvindo seus ruídos durante o meu sonho.

Ah, o sonho... Sonho ou premonição?

Eca, premonição parece palavra de filme de terror.

Mas, o que importa é que eu cheguei em casa depois de bons minutos andando. Passei pela a porta de casa e torci para Tukita estar em meu quarto. Não estava afim de explicar para minha mãe cansada o porquê de minha aparência estar pior de quando eu saí.

Latidos estouraram o meu ouvido. Não era meu dia de sorte.

Eu me agachei, puxando a minha cachorra para o meu colo e dando carinho no meio de suas orelhas para tentar silencia-la. Deu certo, ela ficou quieta e foi aí que eu notei que a casa inteira estava mortalmente silenciosa.

Não havia os ruídos tímidos de minha mãe enquanto ela vivia em sua própria casa e nem do meu padrasto e seus ruídos escandalosos que me irritavam.

Tirando Tukita, tudo estava estranhamente parado.

Eduardo chegaria em 20 minutos da escola de futebol, por isso a janta já estaria pronta.

Havia algo estranho.

Caminhei pelos os cômodos, analisando todos os detalhes familiares como se fossem novos. No quarto que o casal da casa dividia a cama estava feita e não havia nenhuma bagunça desnecessária.

Nada, nenhum sinal daqueles dois. Pesquei meu celular no bolso traseiro da calça e fui para a nossa pequena sala, onde o sinal era melhor. Chequei as mensagens para ver se havia algum recado ou mensagem perdida. Nenhum dos dois. Decidi ligar e pulei de susto assim que a música tema de Grey's Anatomy ecoou em bom som do quarto dela. Minha mãe esquecer o celular não era tão anormal, ela não era a fã número um de tecnologia. Liguei para o meu padrasto, que, por outro lado, nunca largaria o aparelho. Uma música de AC/DC começou a tocar.

Foi aí que eu entendi.

Eles não haviam simplesmente saído.

Cogitei em ligar para a polícia, mas o que eu falaria? Um cara me atacou em um café, eu consegui escapar ilesa e quando cheguei em casa, meus pais estavam desaparecidos? Eles iam achar que, no mínimo, eu estava embriagada. Além de todo um resto.

Não.

Eu teria que dar um jeito de achar alguma resposta eu mesma e talvez, só talvez, entender o que estava rolando dessa forma e desse jeito, saindo do padrão por completo. Por mais que meu corpo estivesse implorando por algumas horas de sono depois da explosão repentina de adrenalina e a minha mente estava à beira de entrar em desespero, eu não podia parar. Assim que eu parasse, eu não ia levantar por horas e a minha ansiedade teria espaço para me tomar, me tornando seu fantoche.

Liguei para o meu melhor amigo, engolindo em seco. Ele atendeu no terceiro toque.

- Ei. - Sua voz saiu abafada no outro lado, como se ele estivesse tentando conter algum barulho alto. - Espero muito que seja bem importante. Estou no meio do expediente e o meu gerente é meio...

Exploda-se.Onde histórias criam vida. Descubra agora