guerras nos livros de história, ouvimos os professores falarem sobre suas causas e consequências, que era culpa somente do ser humano. Mas em nenhum momento dos meus 12 anos de ensino público eu ouvi sobre uma guerra dos deuses.
A única coisa que vimos era colonizadores com suas crenças subjugando a crença local. Os deuses também não deviam ter entrado em guerra nessa hora? Impedir que deuses europeus tomassem o seu território brasileiro?
Minha cabeça estava rodando.
Tom parecia ter entrado em seu estágio de negação. Começou a dobrar o guardanapo que havia pegado para limpar a boca, suas mãos se mexendo sem parar. Imaginava sua mente como uma engrenagem sobrecarregada que não conseguia parar de girar.
- Mas... Apolo teria me contado... Não teria? Ele me falaria para que ele me treinou e...
Coral olhou para ele com um olhar que queria dizer que ela sentia muito pela a próxima onda de sinceridade estilo Atena que estava vindo.
- Apolo não é muito responsável, mi amore. - Eu amava a forma como ela colocava apelido em quem ela se importava de verdade. - Ele pode ter dado um jeito de procrastinar até o último segundo para te contar e assim, não te contou. O importante que ele ao menos te treinou. E afrodite? Teve algum treino com ela?
Mais uma coisa: temos um pai ou mãe divina e um deus nos apadrinhando. Tomas era filho legítimo de Apolo, afilhado de Afrodite. Caroline era filha de Atena, afilhada de Zeus.
Esse apadrinhamento funcionava como uma bênção. Recebíamos alguns dos seus dons, um pouco de sua personalidade e em alguns casos, uns mascote enviada pelo o deus em questão para nos ajudar. Coral tem uma águia que duplica o tamanho caso ela precisa. E também te dá uns choques de vez em quando, mas é só de leve.
Eu achava a somatória daqueles deuses associados aos meus melhores amigos bem perigosos, mas... Bem, eu nem sei quem são os meus associados.
- Estou, umas duas vezes por semana ao menos.
Coral concordou com a cabeça, aquilo devia ser um bom sinal. Pelo menos na cabeça dela.
- Ótimo. Atenas aparece três vezes por semana para mim. Zeus, quatro. Parece que ele tem mais prática para me ensinar. E a minha mãe gosta de me torturar me jogando em vários campos de guerra, me deixando guiar uma batalha sangrenta sozinha.
Ela pareceu mais cansada do que o normal. Suas mãos cutucavam as cutículas roídas com exigência. Coloquei a minha mão encima da dela e lhe dei o meu melhor sorriso de "estou aqui". Tom parecia tão preocupado quanto eu em relação a Coral.
Normalmente, eu sempre era a mais burra do grupo em vários assuntos, mas nesse eu boiava por completo.
- Olha, eu só não entendi... Qual o intuito dessa guerra declarada?
Coral suspirou. Eu me lembrei de – Spoiler de Percy Jackson, livro 4! - quando a Annabeth carregou o céu nos ombros por uma semana inteira. Literalmente. Percy havia ficado em fragalhos ao ver seu cansaço. Era como eu estava me sentindo ao ver ela assim.
Sim, eu não sei me expressar sem usar citações de terceiros.
Tomas colocou a mão sobre a mão direita de Caroline, que começava a acumular sangue nos cantos das unhas. Olhando de fora, a gente parecia um grupo de adolescentes de mãos dadas prestes a invocar uma entidade profana no meio do Ragazzo.
- Vamos com calma, Valen. Sei que você está curiosa, mas falar sobre isso mata a nossa energia.
Me senti culpada por não ter pensado nisso. Eu não era a melhor pessoa para assimilar o que outras pessoas estavam sentindo a minha volta. Eu simplesmente ia seguindo em frente, indo e indo, sem me importar. Ou quase isso. Por isso que eu gostava tanto de computadores: você dá uma ordem atrás da outra e não se sente culpada por não reparar na exaustão do mandado.
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Exploda-se.
ParanormalAntes de tudo, eu vou te avisar. Mas preste bastante atenção. E não vem com essa ladainha de "quem avisa, amigo é". Não sou sua amiga. Nem sei quem você é. Só vou deixar avisado porque não quero minha orelha fervendo mais tarde. Se você foi uma daqu...