Savannah, Georgia, agosto de 2021.
2 a.m.
Juliette Fairmont
Já sentiu uma dor como se estivesse queimando sua garganta por dentro?
Se não, você tem sorte, é o que estou sentindo agora.O líquido que tô sobe por minha garganta fazendo ela arder como se pegasse fogo.
Meu corpo todo pesa, como se eu fosse cair a qualquer momento.
Debruço minha cabeça sobre a privada e deixo o líquido continuar a sair.
Quando finalmente paro de vomitar. Me sento apoiando as costas na parede gelada.
Minha cabeça gira excessivamente.
- Jules? Jules tá me ouvindo? Jules? - Escuto Oliver me chamar, mas não consigo responder, apenas olho pra ele.
- Leva ela pra cama mas deixa ela sentada. - Carmen fala.
Ele me pega no colo e me coloca em minha cama.
•••Quebra de tempo•••
9 a.m.
O resto da noite passou como um borrão, só sei que Oliver e Carmen cuidaram de mim e estou viva ainda.
- Podemos conversar? - Oli entra no quarto com um copo de sangue bem cheio.
- Tá...
Sei que a conversa não vai ser legal, mas infelizmente não tem como escapar dela.
- Jules... Tá tomando os remédios do jeito que é pra vc tomar? -
Pergunta diretamente.
- Sim.
- Por que eu sinto que está mentindo?
- Eu tô tomando os remédios Oli, eu juro. Foi só deslize, não sei porque aconteceu. -
- Ok... Acredito em você então. Talvez tenhamos que aumentar a dosagem... Vou falar com seus médicos depois... Mas por hoje, nem pensar sair de casa ok. -
- Como se eu quisesse muito sair daqui.- Falo bebendo o líquido do copo.
Termino e entrego o objeto de vidro pra ele.
- Eu amo vc tá. - Beija minha testa e sai fechando a porta.
Caso esteja se perguntando o que aconteceu...
Por motivos psicológicos minha alimentação se desregulou muito nos últimos meses. Isso me causou um tipo de doença vampira estranha.Chamam de "Astridgi", eu sei, o nome é ridículo.
Basicamente, as vezes meu corpo acaba rejeitando o sangue que eu tomo, então ele reage de várias formas. Algumas vezes da fraqueza, ou tontura, dores aleatórias, vômito e afins.O que também não ajuda é o fato de eu ter que tomar essas merdas de antidepressivos e ansiolíticos. Caso não saiba, são remédios que tratam depressão e ansiedade.
Os últimos meses foram complicados.
Me viro deitando na cama. Minha cabeça dói um pouco, talvez dormir ajude.
••Sonho••
Eu estava em um campo florido, era lindo. Tudo era perfeito.
Vi Calliope, seu belo rosto reluz com o brilho da lua. Seu sorriso aumentou quando me viu.
- Finalmente chegou meu amor. Estava te esperando. Vem cá. - Ela dizia.
Andei calmamente em sua direção.
Quando cheguei perto pude tocar seu rosto, sentir sua pele em minhas mãos. Isso era o máximo que eu poderia pedir.
De repente...
Sua feição de alegria se transformou em raiva e dor. Como no dia em que terminamos.
- Eu te odeio Juliette. Sai, some daqui!-
Ela gritava.
- Eu nunca vou te perdoar!-
Essas palavras são como adagas no peito.
- Eu não te amo. Espero que você morra com toda sua família infernal! -
Meu corpo então despencou como se não ou esse mais um chão sólido para pisar. Nada mais tinha sentido.
••Fora do sonho••
Abri os olhos sentindo um aperto no peito que me impedia de respirar com normalidade.
Minha respiração ofega e meu corpo treme.
Esse é um sonho recorrente.
Aos poucos meu coração volta ao ritmo normal. Me ajeita sentando na cama e pegando meu celular.
Tem uma nova mensagem.
Bom dia princesa imaculada
Bom dia Aggie
Dormiu bem?
Seu irmão me contou oq aconteceu.
Como vc tá?Agora melhorou um pouco, tentei dormir mas não ajudou muito.
Outro pesadelo.Com ela?
Sim
Queria que vc estivesse aquiAssim que o sol baixar, eu estarei aí ok.
Eu prometo.Sorri pro celular e desliguei ele, pois a claridade estava machucando meus olhos, completamente inundados por lágrimas.
Meu corpo tremia e novamente a vontade de chorar veio, juntamente com um nó enorme em minha garganta, que me impedia de gritar.
É como se algo pressionasse meu peito, e não me deixasse respirar direito. Minha visão esta turva e meu coração parece que está saltando pra fora.
Inferno de Ataque de Pânico.
Calliope Burns
Virei na cama a noite toda, sem conseguir dormir. Só conseguia pensar nela.
Quero estar com ela sempre, mas essa noite foi diferente. Era uma coisa ruim que me deixou angustiada, como se ela precisasse de mim.
Isso persiste até agora.
Se eu apenas pudesse saber se ela está bem. Isso já me deixaria aliviada.
Talvez tenha um jeito.
Eu sei onde fica o apê do Oliver. Se eu conseguir um jeito de ir espiona-la sem que ninguém veja, poderei ao menos saber como está.
Eu sei que parece loucura, e provavelmente é uma completa falta de sanidade. Mas eu preciso saber como ela tá.
Não sei lidar com tamanho aperto no peito.
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First Kill. Only Love Can Hurt Like This.
FanfictionJuliette e Calliope lutaram para ficarem juntas mesmo depois de tudo, mas tudo o que aconteceu se sobrepôs o amor que havia entre elas, fazendo com que o relacionamento acabasse em lágrimas. A família Burns se mudou para uma cidade vizinha de Savann...