If The world ending

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Callioppe Burns.
Savannah, Georgia. 9 p.m.

Jules ainda está chorando um pouco, mas não tão compulsivamente.

As lágrimas estão escorrendo por seu rosto sem parar, enquanto ela olha fixamente pra frente.

- Cal... Podemos conversar?...

- Claro... Sobre o que você quer falar?...

- Sobre nós...

Por alguns segundos minha respiração era inexistente.

- Ok...  Então vamos conversar. Sobre qual parte exata do "nós" vamos falar?

- O que exatamente você quer pra nós? 

Não entendi exatamente o que ela quis dizer com essa pergunta.

- Tipo... Você espera que sejamos amigas, que a gente volte ou o que?

Ela especificou a pergunta me fazendo compreender.

Formulei uma resposta na minha cabeça antes de falar.

Tenho costume de não pensar muito antes de falar algo, mas nesse momento isso parece extremamente decisivo, uma frase mal expressa e tudo acaba.

- Sendo sincera... Eu realmente gostaria que nós voltássemos. Mas, eu entendo se não quiser, eu tenho noção de que o que eu fiz foi... Muito ruim pra você... Então, se não quiser, pelo menos me deixa ser sua amiga, eu só quero estar por perto. Por favor...

Ela seguiu olhando pra frente, ficou em silêncio por alguns segundos, o que me deixou ansiosa.

- Acho... Que tem muitas coisas que nos impedem de voltar...

Desviou o olhar pra suas mãos, que estavam sobre seus joelhos escolhidos no banco.

- Como o fato de sua família me odiar. Eu ter transformado seu irmão. Você ser uma caçadora...

Jogou a cabeça pra trás encarando o céu.

- A única pessoa da minha família a qual eu me importo com a opinião, é o Apolo, e tenho certeza que ele não se opõe a isso. Você fez o que achou que seria melhor parar o Theo... E... Eu não sou só uma caçadora, minha vida não depende disso, não é como se fosse algo imudavel.

Ajeitei seu cabelo esperando uma resposta.

- Sabe que estaria indo contra seus pais, né?

Sorri pra mim mesma, já que ela não estava vendo.

- Meu pai tá morto pra mim desde o dia que ele descidiu tentar matar meu irmão... E minha mãe... ela ficou com um cara que tentou matar um dos filhos dela,  que tipo de pessoa faz isso?

Vi ela fechando os olhos e logo depois um período de silêncio se instalou no local.

- Jules... Eu te amo, e eu faria tudo por você, tudo que não fiz antes por covardia. Você já provou diversas vezes que me ama e que iria contra o mundo inteiro por mim. Me deixa te provar que eu mereço você...

Ela virou o rosto e abriu os olhos, ainda estavam vermelhos e inchados.

Não disse uma palavra, apenas me olhou, o que eu entendi como aceitação.

Continuamos lado a lado, em total silêncio, cada uma presa em seus próprios pensamentos.

- Cal...

Chamou minha atenção, me fazendo voltar meu olhar pra ela.

- Agnes e eu... Nós... Nós ficamos juntas essa manhã...

Pisquei sem conseguir conectar suas palavras.

- Ficaram juntas tipo...?

Espero mesmo ter entendido errado.

- Nós transamos...

Meu mundo desabou por um minuto...
Eu já imaginava que elas teriam feito, mas ter essa confirmação da boca dela é completamente diferente.

- Eu entendo se isso mudar as coisas.

Ela disse, provavelmente notando meu desgosto ao ter essa informação.

- Não, não muda... A menos que sinta algo por ela...

Ela se manteve em silêncio completo, não ouvia nem mesmo sua respiração.

- Jules... Eu vou continuar lutando por você, até que você me diga pra parar. Não importa o que aconteça, enquanto você ainda me quiser por perto, eu estarei aqui.

Segurei sua mão enquanto falava. Ela não se esquivou nem me afastou, o que eu acho realmente que é um avanço grande.

Juliette Fairmont. Savannah, Georgia. 11 p.m.

Estou em um banco de praça com Callioppe desde as oito e pouco da noite.
Agora são onze horas e sei que tenho que ir pra casa.
Só não sei como dizer isso à ela.

- Sua mãe não vai te matar por não estar em casa à essa hora?

Perguntei lembrando o quanto a mãe dela é regrada quando o assunto são horários.

- Não, quase não vejo ela na verdade. Tenho passado muito tempo fora de casa. É ruim ter que viver naquele ambiente.

A olhei tentando passar um pouco de conforto.

- Então... Não vai pra casa hoje?...

Ela ficou quieta por poucos segundos, devia estar pensando em como responder.

- É, provavelmente vou ficar andando por aí até de manhã. Quando meu pai sai pra trabalhar eu posso entrar e dormir tranquila.

Meu peito apertou, não podia deixar ela sozinha ali.
Tá certo que ela é forte, e perfeitamente capaz de se defender. Mas minha consciência não me deixaria em paz se fizesse isso.

- Quer ir pra minha casa?

Ela me olhou rapidamente sem entender.

- Meus pais estão em Atlanta, e só voltam em três dias, coisas do mandato do meu pai. Não quero que fique na rua sozinha, é perigoso...

Ela sorriu levemente pra mim e me abraçou em seguida, concordando com a cabeça.

Logo eu levantei e fomos pro carro.

O caminho até minha casa foi silencioso.

Ao chegar, levei ela pro quarto que era do Oliver. Tinha sido limpo há dois dias, e ninguém nunca entrava ali, só uma arrumadeira que limpava ali uma vez por semana.

Deixei ela ali e fui em meu quarto, peguei o maior pijama que achei, já que Cal é bem mais alta que eu.

- Aqui, toma um banho e veste isso. Vou trazer alguma coisa pra você comer...

Entreguei as roupas pra ela e apontei o banheiro da suíte.

Desci para a cozinha procurando comida humana.

Tem sempre algumas coisas aqui, de quando papai precisa fazer alguma foto pra campanha eleitoral, geralmente são de cafés da manhã ou jantares.

Achei alguma coisas prontas como bolinhos, sucos de caixinha e biscoitos.

Quando voltei ela ainda estava no banho.

Poucos minutos depois ela saiu.

Linda, como sempre...

Conversamos um pouco enquanto ela comia e depois, já era hora de ela dormir.

- Pode ficar aqui um pouco? Só até eu pegar no sono, por favor....

Ela pediu um um bico fofo, o qual eu não via ha muito tempo.

- Ainda tem medo de dormir sozinha?

Ri um pouco da cena.

- Em lugares que não conheço sim.

Sorri e me sentei ao seu lado.

- Olha... Um segredo. No closet, atrás de um urso de pelúcia enorme, tem uma passagem que leva pro closet do meu quarto. Se ficar com medo, pode me chamar...

Ela concordou com a cabeça e segurou minha mão até dormir.

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⏰ Última atualização: Dec 09, 2023 ⏰

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