Observo meus pais despedindo-se de nós e percebo o quanto eles parecem mais próximos e felizes agora. E isso me faz questionar sobre meu casamento com Beatrix.
Será que somos felizes?
Mas o que... Eu não deveria estar pensando nisso, deveria? Volto a realidade ao sentir alguém puxando a barra de minha blusa, olho para baixo me deparando com aquela pequena. Ela é a minha cara... E tem alguns traços dela.
— Oi, pequena.
A pego no colo e coloco-a sobre a mesa, e me sento na cadeira de frente a ela, a segurando firme. A mesa é de madeira aparentemente sólida então não corre riscos dela quebrar.
— Sente, mommy, eu estou cheirosa.— Estica as mãozinhas em direção ao meu rosto, seguro-as e as cheiro, estão com um cheiro realmente delicioso de... coco e aveia? Parece que sim. Vou subindo o nariz por seus braços e logo chego em seu pescoço, ela gargalha e tenta me parar. Eu rio, enfiando mais ainda meu nariz na curva entre seu ombro e o pescoço. O cheiro dela me lembra alguma coisa, parece o perfume que eu usava... Antigamente. Era o meu favorito.
— Mmmm, está cheirosa mesmo.
— Eu estou com seu cheiro, mamãe comprou aquele perfume que você amava.Levanto as sobrancelhas surpresa, como ela sabe disso?
Ah, claro... Nós somos casadas. Pelo menos ela parece me conhecer, até que Beatrix não é tão inútil assim quanto eu pensei que fosse.
— Boa escolha.
Olho para Beatrix que está de pé, um pouco distante. Ela sorri timidamente enquanto me observa interagir com Livy. É estranho pensar nela como minha filha, porque tecnicamente eu ainda me sinto como uma garota de dezessete anos. Isso é tão...Desvio meu olhar dela e volto a dar atenção a Livy. Ela está animada e não para de falar sobre seu dia na escola. Disse também que está muito animada para o Natal. Presto atenção em tudo o que ela diz, com meu coração disparado. Essa sensação de amá-la é muito boa, e acho que não mudou mesmo com a falta de memória. Seguirei o conselho do Dr. Charlie e tentarei viver minha vida da forma mais normal possível. Quem sabe, assim, minha memória resolve voltar?
O resto da noite passa de forma tão natural, nada parece fora do lugar, e perceber isso é tão estranho quanto foi acordar nua ao lado da idiota. Quem olhasse de fora até confirmaria que somos uma família feliz.
Mas eu não me sinto ligada a elas, digo... a ela. Assim que ela tira os pratos da mesa reviro os olhos lembrando dos elogios que meus pais teceram a comida dela e do quão boa mãe ela é. Parece que eles são os fãs número um da maluca e isso me deixou ainda mais curiosa para conhecê-la. Meus pais parecem mesmo amá-la demais.
Só quero me lembrar de como tudo aconteceu para chegarmos até aqui, como as coisas se encaixaram dessa forma. Só quero saber como nós chegamos a esse ponto da nossa vida, como tudo começou entre a gente, quando surgiram os sentimentos. Cada detalhe. Quero saber de tudo, para que eu possa entender o que me fez amar Beatrix Daniels. Infelizmente.Quando dou por mim, percebo que Livy não está mais na cadeira ao lado da minha. Saio da mesa e vou atrás da pequena, até que ouço o barulho de televisão na sala e vou até lá.
Minha primeira impressão daquele espaço é de admiração: tudo muito bem decorado, espaçoso e de ótimo gosto. Livy é quem está na sala, deitada em uma posição nada convencional: de bruços, com o quadril erguido e os joelhos dobrados, com seus olhos fixos na televisão.
Será que ela sempre fica assim? Essa não parece uma boa posição para se assistir televisão. Mesmo com vontade de questioná-lá sobre aquela posição, o barulho de pratos na cozinha chama a minha atenção e, com uma dose extra de coragem, caminho naquela direção.
Sei que preciso conversar com ela, conversar sobre a nossa vida e entender melhor como tudo isso aconteceu e como tudo funciona.
— Oi... — minha voz não sai tão alta quanto eu gostaria, estou sem jeito e com receio. Beatrix ouviu tanta coisa de mim hoje, sendo praticamente humilhada e esnobada o dia todo.
Estou realmente envergonhada por ter que enfrentá-la cara a cara agora, sem a presença de outras pessoas. Ela para de esfregar o prato em suas mãos ao ouvir minha voz, erguendo um pouco sua postura. Me olha por cima do ombro, e eu espero que seu olhar seja duro, mas muito diferente disso, ela parece surpresa e abre um pequeno sorriso. Suas bochechas cheias deixam-na adorável, e o cabelo preso em forma de rabo de cavalo lhe dá uma aparência mais ainda jovial. Beatrix não está muito mais velha,mas claramente está diferente do que eu me lembrava. Afinal, só me lembro dela adolescente e prepotente.
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Stupid Wife - Stellatrix
FanfictionBaseada na obra de Natália Sodré de mesmo nome. Porém, irei reescrever a história para que se encaixe perfeitamente no mundo Winx.